The King of Style: Dressing Michael Jackson (09)


Criando um estilo

''O aspecto de se ajustar à função no vestuário de Michael já tínhamos, mas como faríamos para que Michael tivesse um estilo e não se tornasse rotulado?

Quando você começa a criar roupas para o cenário de uma pessoa, você começa a se perguntar, ''Qual é a sua época favorita, o século XIX, o século XX? Será o Renascimento, a Idade Moderna, os anos 70 ou 60? 

As respostas dão a você um perfil básico com o qual iniciar. Sair em turnê com Michael por cidades europeias e o fato de que saía correndo para visitar o castelo mais próximo ou um museu militar e a realeza britânica respondeu instantaneamente milhares de perguntas sobre o que queria utilizar.

Pelo menos, no que se refere ao vestuário artístico, este homem tão misterioso não era tão misterioso para Dennis e eu. Preferia os materiais como a seda chinesa e a seda acetinada. Se o tecido fosse elástico, era ainda melhor. A lycra fazia Michael se sentir mais seguro e elegante Michael e funcionava em seu estilo de dança.

Geralmente evitávamos desenhos que chamassem a atenção para a sua doença de pele - o vitíligo - uma condição da pele que provoca a despigmentação em algumas áreas da pele. Nós nos mantivemos fiéis aos tons saturados como vermelho rubi, safira azul ou tons de verde-esmeralda.

Cada item deveria ter uma influência britânica. Nosso ponto de partida sempre eram os cavaleiros de armadura brilhante. Mas a chave para manter um visual arejado é ter o apoio do artista. Se não for um cavaleiro ou um rei, qual é a sua próxima escolha? A de Michael eram os piratas.

Michael amava as coisas que brilhavam e, em sua imaginação, nada brilhava mais do que um baú de tesouro descoberto em seu esconderijo. Por esta razão, seu personagem favorito era Tinker Bell [a Fada Sininho - nota do blog] que, com um movimento de sua varinha, deixava um rastro de pó de pirlimpimpim suspenso no ar.

"Bush, vamos ter que jogar um pouco de pó", dizia Michael, muitas vezes, apontando para uma peça que eu pensava que estava terminada. Em outras ocasiões [e foram muitas] Michael me ligava, ''Bush, onde está você? Eu preciso de você para me trazer um pouco de pó".

O que significava que ele queria ver pedras de strass.

Às vezes, levava três horas para pegar algumas pedras diretamente da fábrica, só porque ele queria olhar para elas, desta forma, soltas, Michael gostava infinitamente.

Toda vez que ele abria o tecido de feltro branco que cobris o strass, lançava um suspiro. A apresentação literalmente o deixava perplexo. Em seguida, pegava e manuseava suavemente com os dedos, sussurrando, "Bush, olhe, olhe como elas brilham..."

Era como uma criança espantada, e não pude deixar de notar que, embora eu tivesse estado trabalhando toda a minha vida com strass, nunca tinha apreciado da forma como ele fazia naquela época.

Sussurrando, ainda continuava, "Você pode imaginar ser um pirata abrindo um baú do tesouro e ver que esse brilho? Que vida fascinante, ser um pirata como esse."

Para Michael, jogar ''pó de fada'' nunca foi algo desatualizado. Essa valorização para o detalhe e as coisas da vida que muitas vezes tomamos como certo, era parte de sua magia. Ele tinha magia porque realmente acreditava nela... em pó de fadas e tudo isso.

A roupa de Michael era como telas em branco que imploravam para serem adornadas. O amor de Michael pelos ornamentos que prendiam a atenção visual das pessoas nos deu a liberdade de tentar qualquer coisa possível, como parte da ornamentação.

Este processo, particularmente em suas jaquetas, tornou-se o maior desafio do nosso trabalho, bem como a pedra angular do desenvolvimento e evolução do estilo de Michael, sempre dentro dos parâmetros de sua silhueta reconhecível.

Considerar o que tinha sido feito, o que nunca foi feito e a necessidade de sinergia e equilíbrio entre os diferentes elementos, era o principal desafio.''

Por Michael Bush
*Estilista de Michael Jackson, em seu livro The King of Style: Dressing Michael Jackson

Fonte: MJHideout