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09 setembro 2011

Entrevista com Michael Jackson na ''Hola Magazine em 1984


“Quero aos meus fãs, mas os temo.” Esta é a assombrosa afirmação que sobressai na mais franca conversa de Michael comigo. É adorado por milhões de pessoas e ele na realidade os teme. “Alguns deles fariam qualquer coisa para chegar a você - comentou. Não se dão conta de que o que estão fazendo pode chegar a ferir.”

“O único lugar do mundo onde me sinto completamente seguro, e em paz comigo mesmo, é sobre o palco. No palco me sinto vivo. Posso ser eu mesmo, expressar meus sentmentos e saber que ninguém vai me tocar e me arrancar nada.”

“Eu quero aos meus fãs e desejo que eles saibam disso. As pessoas necessitam de amor. É a emoção mais poderosa no mundo. Pode te fazer forte, pode te curar e pode te amparar.”

Enquanto falava, a jovem super estrela permanecia de pé, fora da sua mansão estilo Tudor, casa onde vive com sua mãe, Katherine, seu pai, Joseph e suas duas irmãs Janet e Latoya.

Vestia calça jeans descolorida, um suéter de Mickey Mouse e seu chapéu favorito, um de feltro preto com uma aba estreita, e, claro, óculos escuros que são sua proteção frente ao mundo.

Estava muito sério. Tinha concendido essa entrevista porque queria que seus fãs soubessem de seus sentimentos e como está tentando levar seu enorme sucesso. Pensa que é importante que seus fãs saibam que tipo de pessoa ele é realmente.

Enquanto conversávamos, seu guarda costa, Bill Bray, se encontrava junto dele a todo momento. Bray pertenceu a Policía de Los Angeles e trabalha para Michael há muitos anos. Ele é seu pai, seu amigo, seu irmão e sua companhia constante. É óbvio que mantem uma amizade muito forte. O papel de Bray junto a Michael parece ser algo mais que o de um guarda-costa. Por ser de uma personalidade muito forte e Michael raramente fala ou responde a alguma pergunta sem antes olhar para Bray.

Michael me disse que se vem se sentindo profundamente ferido com o que os meios de comunicação falam sobre ele. “Cada vez que digo algo, alguém muda pelo avesso para vender alguns jornais ou revistas a mais”, me explicou. “Este é o porquê não digo mais nada para a imprensa. Se não digo nada, não posso ser mal interpretado, não é? Espero que possa confiar em você.”

Michael me disse: “Sou mais que a pessoa que vem no palco, onde posso me expressar musicalmente, e abertamente, mas há mais de um único aspecto na minha personalidade. Sou uma pessoa sensível, uma pessoa com os sentimentos muito vulneráveis. Meus melhores amigos no mundo inteiro são as crianças e os animais. Eles são os únicos que lhe dizem a verdade e lhe querem francamente e sem nenhum tipo de reserva.”

“Os adultos aprenderam como esconder seus sentimentos e suas emoções.” Michael continua: “Podem mentir. Sorriem na sua frente e por detrás estão fazendo-lhe o mal. Quem dera que as pessoas não mentissem tanto e que dissessem o que verdadeiramente quem dizer. As crianças e os animais não aprenderam tais coisas e não podem lhe ferir muito.”

Michael minimizou sua queimadura, mas revelou algo de sua permanência no Centro de Queimados: “Quando estava ali, visitava as crianças doentes e feridas, já que sabia que eu podia mostrar-lhes amor. Me senti especialmente carinhoso com as crianças no hospital e, portanto, com todas as crianças. Se não gosta de uma criança, ela lhe diz. Acredito que é porque posso falar com as crianças mais facilmente. Sabia que poderia fazer com que sentissem melhor. As pessoas que estão no hospital necessitam de muito amor e esperança. Quem sabe estando ali eu poderia fazer algo de bom.”

“Quando estive ali pela primeira vez, visitei um rapaz que se chamava Keith Perry. Tinha queimaduras de terceiro grau sobre 95 por cento de seu corpo. Tinha sofrido um acidente de carro e não se acreditava que fosse viver. Depois de cinco meses internado no hospital, Keith não recebera nenhuma visita dos seus amigos, porque eles tinham medo de ver as terríveis cicatrizes de Keith.”

Michael e Keith Perry
Quando fui ao seu quarto, comentou comigo que estava com baixa estima e que não tinha mais vontade de continuar. Tentei mostrar a ele que tinha muita gente que o amava e que merece a pena viver a vida. Se ele acreditou em mim... tentei mostrar-lhe amor e o que o amor poderia fazer. Acredito que minhas palavras o animaram e lhe dei esperança para lutar e ganhar. Também dei a ele uma fotografia autografada minha, que foi colocada na sua mesinha.”

Pude mostrar a Michael umas fotos de Keith, vestido e sentado em uma cadeira de rodas em uma reunião de grupo de recuperação de queimados. Quando Michael as viu, um grande sorriso marcou seu rosto e lágrimas apareceram em seus olhos.

“Estou tão feliz – disse - Sabe o que recuperou Keith? Foi o amor. O amor pode conseguir qualquer coisa, na realidade pode curar. Me sinto muito feliz ao pensar que fiz parte do processo da recuperação de Keith”.

O Centro Médico Brotman está pensando em chamar a ala de queimados Ala de Queimados Michael Jackson. Quando lhe disse isso Michael, comentou: “Se fazem isso, irei ali e farei de tudo no que puder para ajudar essas pessoas. Até mesmo se não me nomearem, ainda assim, eu irei. Quando se está doente, se necessita de calor, alguém que cuide de você. Sei que as pessoas me querem e quero poder devolver todo esse amor.”

Insistiu em mostrar a casa e os jardins, e enquanto ia me mostrando, ia quase dançando. Em um momento parou e declarou: “Quero que veja o que estou construindo ao lado da minha casa.” Parecia uma Disneylândia em miniatura, que quando estiver pronta terá figuras animadas de animais, piratas e Abraham Lincoln. “Será como gente real, com a exceção de que eles não tentarão lhe pegar ou pedir favores. Esta será minha pequena Disneylândia. Me sinto cômodo entre esses bonecos. São meus amigos pessoais.”

Também me mostrou quatro cisnes (dois brancos e dois negros), além de um pavão real, que é seu pássaro favorito, segundo disse; também me mostrou sua llama e sua serpente.

Então entramos na casa de hóspedes a fim de conhecer um pouco mais de seus animais, que estão bem guardados em amplas gaiolas na mesa da cozinha. Havia coelhos e pássaros. Seus pequenos animais estão por todos os lugares e obviamente ele quer bem a todos eles. A cada passo parava e conversava com os coelhos e os pássaros nas gaiolas.

Conversamos sobre a fé fervorosa que tem nas Testemunhas de Jeová, mas estava desejando me fazer entender que o fato dele ser vegetariano não tem nada a ver com sua religião. Esta é minha forma de vida particular. Não tem nada a ver com a minha religião – me explicava. Sou muito religioso. Tento levar minha vida no melhor caminho que conheço. O que as outras pessoas pensam do meu modo de vida é problema deles.”

Michael revelou que agora mesmo seu amigo especial adulto é Paul McCartney. “Vem sempre falar comigo quando tem tempo e assistimos filmes e desenhos animados juntos. É uma pessoa muito especial.”

Para os próximos meses, Michael Jackson tem um horário muito apertado. Me disse que seus irmãos e ele estão terminando um novo álbum intitulado Victory e que estão trabalhando em uma próxima turnê, ainda que tenha algumas dúvidas sobre o projeto.

“Realmente não estava seguro se queria fazê-lo, mas meus irmãos estão tão contentes com a idéia, que não pude dizer a eles que não”, me confessou.

Surpreendentemente, sai da entrevista com a idéia de que Michael está pensando em descansar depois da turnê. Ele afirma não ter tomado uma decisão, mas admitiu: ¨Depois de acabar, tirarei um descanso. Não estou dizendo que vou me aposentar, ainda não sei responder sobre isso. Mas acredito que mereça um descanso, tenho que fazer o que Michael quer, não o que os outros querem que eu faça.”

Michael é uma pessoa frágil e seu peso oscila entre os 60 kilos. Vem trabalhando muito durante esse ano e não posso evitar de me peguntar se ele é o suficientemente forte para agüentar a tensão da turnê. Pessoalmente, espero que se faça um reconhecimento antes.

Michael utiliza suas mãos suave e pausadamente enquanto conversa. Raramente olha nos olhos, ainda que estivesse de óculos escuros. Se expressa timidamente, até mesmo quando está alegre ou excitado com qualquer projeto. Caminha com o mesmo balançar de seus pés que usa quando se encontra no palco, dançando. É um passo de alegria, de energia e de ritmo.

Sua voz é doce e seus dedos são finos e expressivos. Mas atrás de tudo isso se encontra a timidez que mostra um homem que necessita de amor. Mais que nenhuma outra coisa, o que Michael necessita é amar, é a pedra angular de seu êxito.

Enquanto a visita chegava ao seu fim, perguntei a Michael se ele gostaria de sair para comer alguma coisa. Rapidamente me respondeu: “Não posso sair daqui, seguramente me agarrariam.” Lhe perguntei o que ele queria dizer com isso. Respondeu: “Meus fãs estão me esperando fora da casa. Estão na esquina e desejam chegar a me tocar. Sei que não querem me ferir, mas o farão sem saber”.

O terror em seus olhos era autêntico, enquanto acrescentava: “Simplesmente, não posso sair daqui.¨

Fonte: togetherformichaeljackson.blogspot.com