Depoimento de Timor Steffens (01)


Timor Steffens foi o único dançarino da equipe européia de Jackson para a tour This Is It. Ele fala sobre seu trabalho com o Michael e porque o filme o fez sorrir. Eles ensaiaram juntos por quase três meses, todos os dias, no Staples Center em Los Angeles, até o 25/06/2009. 
Focus Online: Sr. Steffens, como você conseguiu sair da Holanda para começar a trabalhar com Michael no palco?
Steffens: Eu tinha estava no programa de televisão holandesa So You Think You Can Dance, naquele momento .Para Michael Jackson, não havia ainda nenhum elenco. Então eu recebi um telefonema, avisando que tinha sido selecionado para a audição. Naquela noite, eu estava sentado, sozinho, em um avião para Los Angeles. Deixei tudo e nem tive tempo para dizer adeus.

Focus Online: Com apenas três anos de experiência de dança, acreditava ser inexperiente?
Steffens: Foi o meu primeiro teste nas Américas. Eu estava ao lado de todos os grandes dançarinos e coreógrafos que eu admirava. Eu disse a mim mesmo: 'Concentre-se em si mesmo, desfrute o momento, tudo que você pode dar e mostrar a Michael o que você pode fazer!' Só de ter tido esta sorte e oportunidade, estou muito honrado. Assim, quando meu nome foi anunciado e Michael tinha me escolhido, eu estava como num transe. Mesmo quando estava ao lado de Michael nos ensaios, mais tarde, mas ainda sentia que era demasiadamente irreal. Só depois do filme This Is It eu assimilei o que realmente aconteceu.
Focus Online: Como você aborda uma estrela como Michael Jackson?
Steffens: No começo todos nós tentávamos ser simpáticos, com uma certa distância, porque você nunca sabe como deve se comportar. Nós apertamos as mãos numa saudação. Ele tinha mãos grandes e garras de um leão! Mas ele disse: “Não, nós não apenas apertamos as mãos, nós nos abraçamos” Isso é algo que não esperávamos de uma mega estrela. E todos nós pensamos: Uau, o abraço é melhor do que dar-lhe as mãos!
Focus Online: Como é trabalhar com o Rei do Pop?
Steffens: Michael não era uma *** de celebridade de Hollywood, que não fala com você. Sempre se manteve próximo e estava interessado em saber a nossa origem, a razão pela qual dançamos, a nossa identidade. Ele cuidou de tudo e todos. Ele sempre disse: “Cuidem um dos outros, seja amável com os demais, se preocupe com o mundo, com as crianças e com a natureza Seja grato pelo que você tem.” Ele queria dar-nos um bom exemplo. E inspirou a todos para se tornarem pessoas melhores.
Focus Online: O que você aprendeu com ele?
Steffens: Ele não era só um artista, mas também o diretor, coreógrafo e diretor musical do seu show. Trabalhar com Michael significa reconhecer o real significado da dança. Descobrir o verdadeiro sentimento por trás de cada movimento. Michael chegava e mostrava como tinha que realmente ser. E essa forma amigável que tinha conosco, a sua energia positiva e a atmosfera criada por ele, nos dava segurança. Éramos como uma grande família.
Focus Online: Você pode dar um exemplo?
Steffens: Uma vez ele disse aos coreógrafos: “Eu escolhi estes bailarinos porque todos eles são tão bons! Eles não devem simplesmente copiar a minha dança, mas serem criativos.” Eu não podia acreditar no que eu escutava: Você está de pé, no palco com Michael, e ele pede que façamos nossas próprias coisas, e para sermos nós mesmos! Em uma parte do show tivemos que improvisar. Então ele veio até mim e meu colega Daniel, e disse com entusiasmo. “Eu só queria dizer que vocês são incríveis dançarinos”. Nós nos olhamos perplexos, não podiamos acreditar na nossa sorte. Acho que naquele momento fiquei vermelho
Focus Online: Como você ficou sabendo da terrível notícia?

Steffens: Estávamos no Staples Center e nós estávamos esperando por Michael para o ensaio. Então, o nosso diretor Kenny Ortega subiu ao palco e disse-nos que Michael tinha sido internado em um hospital. Eu pensei: 'como, Michael no hospital? Mas ontem ainda estava tão bem?' Ortega disse que agora deveríamos  ter um momento nosso. Nós não sabíamos o que tinha acontecido e o quanto grave a situação era. Alguns estavam assistindo a TV, porque a notícia de que ele estava no hospital passava em todos os canais. Outros oravam para que fosse por apenas uma coisa pequena. Alguns choraram e chamaram suas famílias.

Focus Online: Então, veio a triste verdade …

Steffens: Quando Kenny Ortega nos trouxe a notícia, eu não podia acreditar! Ninguém esperava isso. Porque eu sentia que Michael poderia vir a qualquer momento pela porta. Costumávamos trabalhar com ele todos os dias e se divertir com ele. Todos os presentes choraram, abraçados. Meu mundo virou de cabeça para baixo.

Focus Online: Você já o tinha visto em um momento de fraqueza?

Steffens: Não, nunca! Se você visse Michael atuar, não poderia acreditar que tinha 50 anos. Às vezes eu dizia: ‘Meu Deus, como podemos aguentar teu ritmo?” Ele realmente nos esgotava! Quando ele dançava ao seu lado, eu só queria estar ali, o admirando.

Focus Online: Os bailarinos foram o seu único público nos ensaios?

Steffens: Isso foi maravilhoso. Quando estávamos no palco com ele, nos concentrávamos na coreografia. Mas muitas vezes o deixávamos sozinho, lá em cima. Então nos sentávamos, de lado, e praticamente nos dava um concerto particular. Antes eu nunca tive a chance de vê-lo, ao vivo. Todas as imagens dos concerto em DVD, de repente, se tornou realidade. Normalmente, teria havido uma enorme multidão na frente do palco, mas tinha apenas uma dúzia de dançarinos gritando seu nome e o aplaudindo, feliz: ' Michael Michael !!!!!!!'

Focus Online: Essas cenas também são vistas em This Is It. Isso é o que é mais prevalece em vocês, a alegria ou tragédia, vendo o filme na tela do cinema?

Timor Steffens
Steffens: O filme me faz sorrir. É uma bela lembrança do tempo maravilhoso que tivemos com Michael. Nós apreciamos cada momento com ele. Você nos vê dançar e rir. É claro, também é triste, os três meses foram tão impressionantes e nos perguntamos constantemente como nos sentiríamos se fizéssemos os concertos em Londres. Todos nós queríamos aprender muito mais com Michael! E ver como ele inspira mais e mais pessoas.

Focus Online: Há momentos que correspondem emocionalmente?

Steffens: Você não pode mudar o que aconteceu. Mas eu tento não ver de forma dramática e enfatizar o positivo – como Michael fez com todos. É uma coisa linda que aconteceu na minha vida. Ele mudou a minha vida. E, se Michael ainda estivesse aqui, eu diria a você o quão feliz eu era e como sou grato por tê-lo conhecido e ter trabalhado algumas semanas com ele .. Mas é o que é. Por isso eu quero dar aos outros o que aprendi com Michael e inspirar as pessoas com a minha própria coreografia. Como Michael me inspirou.

* "Michael é muito modesto, tímido e um homem puro. Quando você o vê no palco, acertando os passos e fazendo seu trabaho, você pensa: 'Uau!' Isso é tudo muito espetacular. Mas, cara a cara, ele é um homem doce e suave. Muito fácil de falar, mas também uma pessoa muito, muito tímida. Eu aprendi muito com ele. Sobre a dança, sobre as experiências de vida .... tudo. Meu objetivo é tentar inspirar outras pessoas, como Michael fez comigo. Ele é muito bem humorado. Ele gosta de rir e goza a vida."

* Registro de uma declaração de Timor Steffens, ainda antes do dia 25.06.2009

Fonte: Forum Neverland