Páginas Extras

Livros Traduzidos

Sobre este blog

28 outubro 2011

Michael fala com Shmuley (42)

Esses diálogos entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach 
foram gravados entre agosto de 2000 e Abril de 2001.

Parte 42 - Sobre optar entre a infância e a carreira 

MJ: (inicia falando sobre o pai...) Ele fez um trabalho brilhante em me treinar para os palcos para ser um artista, mas como pai ele foi muito, muito rígido. Eu odeio julgá-lo, mas eu teria feito as coisas bem diferentes como pai. Eu nunca senti amor por ele. Eu me lembro de estarmos num avião e ele costumava me carregar para dentro,  porque eu odiava a turbulência e eu ficava gritando e chutando, porque iríamos viajar com tempestades. Eu me lembro disso claramente. Ele nunca me abraçou ou me tocou e a comissária de bordo tinha que vir e segurar a minha mão e me acalmar.

SB: Ele era um homem bravo?

MJ: Eu acho que ele era amargo. Não sei o porquê. Cara, ele não é mais assim, mas ele era durão. A pessoa mais durona que eu já havia conhecido.

SB: E se alguém tivesse dito a você: "Olha Michael, você pode ter os dois jeitos. Ele era um grande empresário, mas não um caloroso e afetuoso pai. Ele te ensinou a caminhar e te disciplinou." Você vai dizer que estaria preparado para desistir de ser o artista que mais vende só para ter uma infância cheia de amor? Ou você sente que a escolha não é necessária, e que você poderia ter sido quem é sem isso?

MJ: Ele poderia ter feito todas as outras coisas comigo e ter tido tempo para ser pai, jogar bola e brincar, às vezes. Eu me lembro que te disse uma vez que ele me pôs em cima de um pônei. Eu não acho que ele perceba o quanto isso ficou marcado o meu cérebro para sempre.

SB: Essa é a história mais comovente sobre paternidade que eu ouvi. Que um gesto tão pequeno por parte de um pai para com o filho pode ser uma marca tão indelével que possa ser tão espantosa e tocante.

MJ: Eu penso nisso hoje dia e desejo que tivesse feito um pouquinho mais, só um pouquinho mais. Para que, hoje em dia, eu pudesse me sentir completamente diferente com relação à isso.

SB: E talvez você não teria sido tão ávido para provar para você mesmo. Se tivesse mostrado mais amor a você quando criança, talvez você não precisasse tanto da palavra amor e você não teria sido um superstar. Você estaria preparado para desistir disso, só para ser mais amado como criança?

MJ: Não. Eu nunca desistiria. Esse é o meu trabalho. Isso foi me dado por uma razão. Eu acredito mesmo nisso e sinto isso...

SB: ... Que Deus escolheu você, te dando esse especial...

MJ: Eu acredito mesmo nisso. Se você pudesse ver alguns dos rostos pelo mundo e pessoas dizendo: "Obrigado, obrigado por ter salvado minha vida e de meus filhos. Posso tocar em você?" E eles começam a chorar. É como uma cura. Isso dado a nós por uma razão... para ajudar pessoas.

SB: Então o que Shirley Temple fez por você com aqueles pôsteres [que você colocava nos quartos de hotel para se sentir mais seguro], você está fazendo para as pessoas no mundo e numa extensão maior.

MJ: O,siiiiiiiim. Oh, siiiiim. É isso mesmo e eu só queria dizer: "Obrigado" para Shirley Temple Black por ter inspirado Michael em suas baixas] e comecei a chorar tanto que não conseguia encontrar as palavras, e ela tocou minha mão e a acariciou assim.

SB: Michael, quando você diz que não conseguiria continuar, e então olhava para os pôsteres dos filmes dela quando era criança, o que iria frustrar você? O que era isso? Esse espírito que as pessoas mostravam? O fato de que você sempre teve de trabalhar para continuar sendo o melhor? Tudo isso?

MJ: Trabalhar duro, não ter a chance de parar para brincar e se divertir. Tínhamos um pouco disso nos quartos de hotel, fazendo guerra de travesseiros entre meus irmãos e eu e coisas como atirar coisas pela janela. Mas nós realmente ficamos bastante magoados..

Eu me lembro de estarmos a caminho da América do Sul e eu estava em casa e quando era hora de ir... eu comecei a chorar tanto que me escondi. Eu não queria ir e disse: "Eu quero ser como todo mundo. Eu quero ser normal." E o meu pai me encontrou e me fez entrar no carro e ir, pois tínhamos um show para fazer. 

Então você encontra pessoas na estrada, alguém no seu andar, poderia ser da família, e você sabe que tem que ter toda diversão que pode ter nesse pouco tempo, porque você não vai vê-las de novo e isso dói. Você sabe que a amizade não vai durar. Esse tipo de coisa machuca muito, especialmente quando se é uma criança.

SB: Toda a sua vida você teve que pôr sua carreira antes de criar relacionamentos. E então, você está criando alguma coisa em sua vida, hoje em dia? Um carro não pode andar sem gasolina, e você continua sem que amor seja dado à você. Você não consegue dar amor e sem nunca receber. E você diz que o que consegue dos fãs não é o suficiente, Michael, por que eles te amam pelo o que você faz e não por quem você é. Eles te amam pela eletricidade e excitação que você leva para a vida deles.

MJ: Eu tenho retorno pela felicidade e alegria que eu vejo nos olhos das crianças. Elas salvaram minha vida então eu quero... dar de volta [Michael começa a chorar]. Elas me salvaram. Não estou brincando. Só por estar com elas, vê-las. Isso me salvou.

SB: Quando você cresceu, você sentiu que promessas foram quebradas para você?


MJ: Meu pai quebrou uma grande, que faz ter raiva até hoje. Ele me engabelou para assinar um contrato com a Columbia quando eu tinha 18 anos, com a promessa de que eu iria jantar com Fred Astaire. Meu pai sabia que eu adorava Fred com todo o meu coração. Ele sabia que eu assinaria sem ler o contrato, e ele saiu andando feliz e nunca cumpriu a promessa. Ele disse que sentia muito e o que fosse. Isso o que ele fez partiu meu coração. Ele me enganou.

SB: Você já contou para ele o quão chateado ficou?

MJ: Não. Até hoje ele não sabe o quanto me magoou. É por isso que não faço promessas que não posso cumprir.

Fonte: The Michael Jackson Tapes by Rabbi S. Boteach