Michael fala com Shmuley (05)

Esses diálogos entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach 
foram gravados entre agosto de 2000 e Abril de 2001.

Parte 05 - Michael, as crianças e Elisabeth

SB: Você acha que as crianças podem nos ensinar o amor?

MJ: Sim, de um jeito diferente, pois são muito cheias de afeições. Elas podem nos ensinar afeição e é afeição quintessencial e pura inocência. É por isso que eu as amo tanto. Eu estava dizendo para o Frank outro dia, "Frank, eu sou apaixonado pela inocência. É por isso que amo tanto crianças." Inocência é Deus. Ser inocente assim e alcançar coisas com um olhar doce da vida... Onde uma criança vai pela casa você diz "O quê está fazendo?" ela responde " ei lá, brincando."

É doce. Eu adoro isso. É por isso que eu estou na pintura [na parede da casa de Michael há uma pintura mostrando centenas de crianças brincando em Neverland]... Uma criança está gritando ao vento, porque está se sentindo muito bem. Está gritando porque está gritando. Eu adoro isso. Romance. Romance.

SB: Quase como se eles acreditassem no amor, eles não têm medo de se machucarem. As pessoas têm medo do amor, hoje em dia.

MJ: São o amor e o romance duas coisas diferentes? É por isso que eu fico confuso. Eu vejo o romance como uma coisa que se anseia. Anseia-se, por isso além de um estágio.

SB: Você vê o romance como que inventado pelos filmes de Hollywood?

MJ: Sim, bastante.

SB: Crianças são bastante românticas. Elas têm romances no jardim da infância.

MJ: Quer dizer, quedinhas por outras crianças?

SB: Sim.

MJ: Sim, elas têm. Elas te ensinam a ser amoroso e doce e nos ensinam de uma forma que provavelmente... Elas dão chance à todo mundo e eu ensino Prince e Paris à amar todo mundo.

Elizabeth Taylor é bem como uma criança. Não há o que você possa fazer quando ela diz "Eu não quero fazer isso." Quando saiu Vida de Inseto, ela me perseguiu até conseguir ajustar minha agenda para podermos assistir esse desenho. Então, tivemos que ir a um cinema público às 1:00 h, mais ou menos. Ela me fazia sair toda quinta-feira, pois ela dizia que eu era muito recluso.

Todo mundo estava no trabalho, então não havia ninguém lá e nunca pagamos... Nós chegamos sem nada e eles diziam sempre "Oh meu Deus. Elizabeth Taylor e Michael Jackson." Nós tínhamos pipoca grátis, tudo. Ela adorava Vida de Inseto e ama Neverland. Ela vai ao carrossel e na roda gigante, mas não nos carrinhos de bate-bate. Há outra qualidade de criança em Elizabeth Taylor. Em Jane Eyre, quando ela tinha 8 ou 9 anos. Nossos pais eram muito parecidos, duros, difíceis e brutais. Ela é brincalhona, jovial e feliz, e acha uma forma de rir, mesmo quando está sofrendo.

Está sempre pronta para brincar qualquer jogo, ir nadar. Ela é muito boa com crianças. Ela adora brinquedos e desenhos animados. Eu aprendi muito com ela. Ela me conta sobre James Dean, Clark Gable, Spencer Tracey e Montgomery Clift, porque ela filmou com eles.

Ela me conta como eles realmente eram, os que eram pessoas legais e os que não eram. Estávamos em Cingapura - ela esteve na maior parte da turnê Dangerous comigo - e decidimos que iríamos ao zoológico. E saíamos, tivemos nossa turnê particular e nos divertimos. Ela é madrinha de Prince e Paris e Macaulay é o padrinho. Ela reteve aquelas qualidades de menininha. A meninina que você vê em Jane Eyre e em Lassie Come Home, ainda está lá. Está nos olhos dela. Ela tem esse brilho como uma criança. Ela é tão doce.

Mas Shirley [Temple Black], também. Ela diz "Você entende, não é? Você é um de nós!" [Elizabeth Taylor e eu] nós somos como irmão e irmã, mãe e filho, amantes... é um potpourri... É algo especial. Nós ficamos choramingando ao telefone... "Eu preciso de você... Oh, eu preciso de você, também."

Podemos conversar sobre qualquer coisa. Ela tem sido minha mais leal amiga. Ela diz que me adora e que faria qualquer coisa por mim. Ela diz que Hollywood teria que escrever um livro sobre nós dois. Nós temos que fazer alguma coisa juntos.

SB: Você fica com ciúmes quando ela namora outros homens? Ela se casou no seu quintal.

MJ: Se eu fico com ciúmes? Sim e não. Eu sei que se fizéssemos alguma coisa no sentido romântico, a imprensa seria tão má e repugnante e nos chamaria de O Casal Estranho. Transformaria tudo num circo e isso é a dor de tudo. Sabe, eu a empurro na cadeira de rodas, às vezes, quando ela não consegue andar. Não é da conta de ninguém o que temos. Eu tenho que estar com pessoas como eu. Alguns rappers dizem para mim "Vamos sair. Vamos a um clube." E eu digo " O quê? Sair? Eu acho que não!" Esse tipo de coisas não é parte de mim.

Naquela turnê [Dangerous], ela me alimentou, pois eu não queria comer. Quando eu fico chateado, eu paro de comer, às vezes até eu cair inconsciente. [As acusações de abuso sexual foram feitas contra Michael quando ele estava em turnê em 1993]. Ela pegava a colher, abria minha boca e me fazia comer. Ela dizia que não me deixaria ir sem ela, e os médicos dela a aconselhavam a não fazer isso.

Ela foi a Tailândia e seguiu com a turnê até Londres. Eu terminei na casa de Elton John e ele foi muito gentil em me acolher. Ele foi uma das pessoas mais gentis que eu pude conhecer nesse planeta. Ele e eu tomamos conta de Ryan White, e todas as despesas médicas dele. Então, eles começaram a fazer por via intravenosa. Eu passei por essa séria de crise alimentar quando fiquei semanas sem comer. Tomei coisas para ganhar peso.

O que me desmotiva é que eu não gosto de comer nada que uma vez estivesse vivo e que agora está morto, no meu prato. Eu quero ser um vegetariano rígido, mas meus médicos sempre tentam colocar frango e peixe.

Fonte: The Michael Jackson Tapes by Rabbi S. Boteach