My Friend Michael (23)


'Quando a minha amizade com Michael estava evoluindo, Michael estava passando por suas mudanças, ele estava se preparando para ser pai, um papel que ele levava muito a sério. Michael como um pai fazia muito mais sentido para mim do que Michael como um marido.

Talvez estar com Lisa, amando seus filhos e querendo ter um filho com ela, lhe fez ver que ele estava pronto para ter seus próprios filhos. Assim como Michael agia como uma criança, às vezes, a verdade é que ele era um homem adulto, e ele sempre cuidou das crianças em sua vida do jeito que um pai responsável o faria.

Durante anos ele teve essa experiência comigo, meus irmãos e minha irmã, e ao longo da nossa longa amizade, eu o vi em tempo parcial sendo pai de todos os meus irmãos mais novos. Seus instintos eram excelentes: ele sabia como ouvir as crianças e sua paciência com elas era infinita. Além disso, ele pesquisava os pais do jeito que ele fazia com suas paixões através de outros livros.

Em nossas muitas idas às livrarias, Michael sempre se enchia de livros sobre paternidade e educação de filhos. Ele estava determinado a ser o melhor pai que poderia ser, procurava compreender a psicologia das crianças e o significado de suas interações com seus pais.

Os cuidados de Michael com todos os elementos de sua experiência começaram no momento em que seu filho foi concebido. Ele sabia, antes do bebê nascer, que iria chamá-lo de Prince. Ele disse que o nome tinha corrido em sua família há gerações. 

Michael gravou a si mesmo dizendo:

'Prince, eu sou seu pai. Eu te amo, Prince. Eu te amo, Prince. Você é maravilhoso. Eu te amo.'

Ele também gravava a leitura de livros infantis e romances clássicos, como Moby Dick e A Tale of Two Cities. À noite, Debbie colocava fones de ouvido sobre a barriga ou as rodava em volume alto para que quando o bebê nascesse, a voz de Michael lhe fosse familiar.

Eu estava empolgado por Michael, em grande parte, porque eu tinha toda a confiança de que a paternidade só iria fortalecer nossa amizade. No passado, eu estava preocupado sobre como a nossa relação mudaria se Michael realizasse o seu sonho de ter sua própria família. Uma vez, ele chegou perto da adoção. Na época, eu perguntei-lhe: 'Se você tiver uma família, você vai se esquecer de nós?'

'Vocês são minha família' ele me disse. 'Você nunca precisa se preocupar com isso.'

Mas ele também aproveitou o momento para me lembrar quão sortudo eu era por ser saudável, ter uma mãe maravilhosa, pai e irmãos, e ter o tipo de infância amorosa que eu tinha. Quando ele disse isso, eu percebi o quanto Michael era uma parte de todas as coisas que eu deveria apreciar e sentir-me afortunado por tê-lo.

Ele havia sido um terceiro pai para mim. Quando fiquei mais velho e passei a tomar mais e mais as minhas próprias decisões, as suas palavras de conselho ficaram comigo tanto quanto ou mais do que os dos meus pais. É por isso que eu digo com confiança que Michael Jackson deveria ser um pai. 

Depois daquela conversa, minhas inseguranças sobre o impacto de Michael estar começando sua própria família desapareceram. O fato dele ter um bebê me parecia a coisa mais natural do mundo. Mas eu ainda estava um pouco chocado em Novembro de 1996, poucos meses antes de Prince nascer, quando Debbie e Michael se casaram.

'Por que casar?' Eu perguntei a Michael. Depois de toda a experiência com Lisa Marie, era difícil entender por que Michael iria querer dar esse passo novamente.

Mais uma vez ele me disse que o poderoso príncipe saudita Al-Waleed bin Talal havia influenciado sua decisão. Quando o príncipe descobriu que Michael teria um filho, ele gostaria que ele fosse casado. Michael não queria comprometer a sua relação de trabalho com bin Talal, então ele se casou com Debbie.

Ou então essa foi a sua história. E assim como tinha feito com Lisa, Michael minimizou a importância do casamento, insistindo que era apenas uma formalidade.

'Debbie não quer nada de mim', insistiu. 'Tudo com o que ela se preocupa são com seus cavalos. Além disso, ela é a mãe do Prince.'

Eu acho que fazia sentido pela sua lógica. Era agradável estar ao redor de Debbie, a sua dinâmica era amigável, ela parecia ter seus melhores interesses no coração, e talvez a aparência de uma estrutura familiar tradicional fosse bom para o bebê.

Prince nasceu em 13 de fevereiro de 1997. Eu estava em Nova Jersey, quando o telefone tocou. Michael estava ligando do carro, ele trouxe Prince do hospital para Neverland. Ele falou com minha mãe em primeiro lugar; então ela passou o telefone ao redor, e o parabenizaram de volta.

Michael dizia que segurar o bebê era o sentimento mais incrível do mundo, disso é que a vida era feita. Eu me lembro de todas as imagens de bebês que Michael tinha colocado nas paredes de quartos de hotel ao redor do mundo.

Por todo o seu talento, tudo o que tinha para dar ao mundo, ele ansiava por isso mais do que qualquer outra coisa: um bebê para cuidar e amar. Sua alegria era quase palpável. Conforme conversávamos, eu lhe contei que a TV que estava na sala estava mostrando as câmeras de televisão que seguiam a van de Michael todo o caminho até o rancho.

'Eu posso ver você na TV' disse a ele. Era engraçado saber que a imagem que eu estava vendo na tela da TV estava sincronizada com as palavras que estávamos falando ao telefone, como uma espécie de bate-papo de vídeo primitivo.

Para a maior parte do primeiro ano de vida de Prince, Michael ainda estava no concerto de número 82, na cidade de número 58, na HIStory Tour. Mas o bebê teve um nome apropriado: ele era o pequeno príncipe de Michael.

Todos os planos de Michael neste momento giravam em torno de seu filho: ele não acreditava que um bebê deveria ser arrastado de cidade em cidade, então deixou Prince em Paris, era uma localização central em termos de itinerário da turnê, com duas babás para cuidá-lo, dia e noite.

Cada noite, depois de ter terminado o seu concerto, Michael voava de volta para seu apartamento na Champs-Élysées em um jato particular. Sempre que ele não estivesse se apresentando, ele estava com Prince. Era um calendário difícil, mas Michael estava tentando ser um pai e uma mãe para seu filho.

Minha mãe, meus irmãos Aldo e Dominic, e minha irmã, Nicole Marie, acompanharam Michael na maior parte da HIStory Tour, juntamente com Prince e as babás. Eddie e eu não podíamos nos afastar do ensino médio, mas escapamos pelo tempo suficiente para encontrar com o bebê na Disneyland de Paris.

No hotel, como ele fazia sempre que viajava, Michael fazia questão de criar um ambiente livre de estresse e que fosse estimulante para o bebê. Minha mãe lembra que sempre havia bela música de harpa tocando e que ela, Michael e as babás liam para Prince desde o dia em que nasceu. Fiquei feliz em segurá-lo. Ele dormiu em meus braços, como os bebês sempre o fazem.

As babás se chamavam Pia e Grace, e eu viria a conhecer bem, as duas. Pia, que era a babá inicial, passou a ser a 'mãe' de Omer Bhatti, o 'filho' de Michael.

Não muito tempo depois de Michael ter me apresentado a Omer, ele me disse que Omer, verdade, não era realmente seu filho. Seus pais eram Pia e Riz - o casal que, na história original de Michael, eram seus pais adotivos.

Eu nem mesmo fiquei surpreendido. Omer se parecia com Pia e Riz. Por meio de uma explicação, Michael me deu a mesma razão que ele havia dado para seus casamentos com Lisa Marie e Debbie Rowe. Ele precisava mostrar ao príncipe saudita e ao resto do mundo empresarial árabe que ele tinha uma família.

Eu não tinha certeza de como descobrir um filho há muito perdido, ilegítimo, para impulsionar a imagem de Michael com bin Talal, mas era a sua história. Questionável como era, eu comprei (as histórias) de Lisa Marie e Debbie, e agora eu estava comprando a de Omer.

Pelo menos ele foi coerente em suas explicações.

Omer e sua família começaram a comemorar os feriados com a gente, o que fazia sentido, dado que Pia estava trabalhando como babá de Prince. Riz, o pai de Omer, publicava notas e tomava conta dos carros na Califórnia. Omer foi a primeira criança a gastar muito tempo com Michael desde as alegações de 1993, mas Michael tinha tomado gosto por toda a toda a família, e ele orientou a Omer e o tratou como a um filho.

Eu gostava de estar em torno de Omer. Ele era um garoto legal: a minha única queixa era de que ele ainda falava tão rápido que eu estava constantemente pedindo-lhe para abrandar. Meu apelido para ele era 'pequeno macaco'.

Enquanto isso, Michael e Debbie pareciam estar se dando muito bem. Eles falavam ao telefone de vez em quando. Não havia nenhum romance ou intimidade entre eles, mas Michael amou verdadeiramente Debbie como a uma amiga. Ele era infinitamente grato a ela por lhe fazer um pai. E ela acreditou nele como um pai.

Como eu havia descoberto aos cinco anos de idade, Michael não teve problemas para se conectar com as crianças. Ele tinha uma capacidade inata de ver o mundo através dos olhos de uma criança, e ele não teve que mudar em tudo para se tornar o tipo de pai que queria ser.

Seu coração e mente há muito tempo estavam comprometidos com o desafio. Uma vez que Prince havia nascido, Michael quis outra criança quase que imediatamente, assim que os dois poderiam crescer juntos. Cinco meses após Prince nascer, ele e Debbie arranjaram uma outra gravidez.'