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10 abril 2013

Entrevista com Michael Jackson na revista ''Hitkrant''


Parte 01

''Várias semanas após Michael Jackson sofrer o acidente durante a gravação do comercial da Pepsi, o correspondente americano da revista holandesa Hitkrant conseguiu encontrar com Michael em sua casa em Encino. Ele foi o primeiro jornalista a fazê-lo.

Depois de muitos contatos, o correspondente recebeu um telefonema informando que ele tinha que ir a um determinado lugar, onde uma certa pessoa que conhecia Michael muito bem, iria encontrá-lo e ele poderia, eventualmente, chegar a encontrar com Michael. No local combinado se descobriu que a pessoa em questão era Joe Jackson, que também era empresário de Michael, na época.

Joseph convidou o correspondente para entrar em seu carro com motorista. O carro tinha um vídeo player, um telefone e um bar. Joe lhe disse que eles poderiam falar, mas que ele não estava indo se encontrar com Michael. Mais tarde, se descobriu que era um teste. Joe queria ver se o correspondente era confiável.

Não deixando transparecer o seu desapontamento, ele se envolveu em uma conversa com Joe. No final, Joe aparentemente decidiu que o repórter tinha se saído bem. Ele sussurrou algo ao seu motorista e o carro seguiu para Hayvenhurst.

Era o entardecer. Os portões de ferro se abriram silenciosamente. Uma grande casa se mostrou à distância. Eles pararam quando dois funcionários da seguranças piscaram as lanternas do carro. Joe acenou para eles e seguiram em frente.

Não havia luzes em qualquer lugar e o correspondente não conseguia ver muito bem para onde estavam indo. Eles cruzaram por uma porta lateral e entraram em uma sala onde havia um boneco do Mickey Mouse. Joe tomou seu braço e o guiou, passaram por uma fonte e entraram em outra sala. Havia trinta e cinco cadeiras. Era um cinema.

"Michael assiste a mais do que todos nós. Mas então, ele é o único de nós que nunca pode ir a um cinema de verdade'', disse Joe.

Eles seguiram percorrendo um longo corredor com, pelo menos, doze portas. Pararam na frente de uma delas. De trás da porta, podia ser ouvido o que parecia ser o som de uma televisão. Joe bateu. "Sim'', disse uma voz. Eles entraram. Michael apertou a mão do correspondente. A mão de Michael era suave.

"Que bom que meu pai trouxe você", disse Michael. "Ele não faz isso muito frequentemente. A maioria das pessoas são apenas curiosos."

"Então, eu também sou'', disse o correspondente.

"Não, ou ele não teria trazido você", disse Michael. "É um incômodo, é claro, porque isso significa que eu vejo muito poucas pessoas. Confie em mim, esta casa onde eu vivo é uma fortaleza intransponível. Temos um exército de segurança por aqui. Ninguém pode tocar a campainha despercebido."

"Eu não estou atrapalhando? Você estava assistindo televisão", disse o correspondente.

''Sim, eu me dei uma pequena pausa", disse Michael. "Esta é realmente a sala onde eu tento compor. Algumas noites eu tenho sucesso e algumas noites, não. Recentemente eu escrevi Buffalo Bill aqui para o mais recente LP dos Jacksons, State of Shock. Eu escrevo todas as minhas canções neste pequeno aparelho."

Michael mostrou ao correspondente um teclado muito pequeno. O correspondente perguntou: "Mick Jagger também canta neste disco?"

"Vocês sabem tudo, não é?" Michael disse. "Você se importaria se eu continuasse? Talvez  a gente faça uma entrevista em breve, ok?"

O correspondente concordou, Joe também. Eles saíram.''

Parte 02

Joe Jackson recepcionou o entrevistador enquanto esperavam pela chegada de Michael. Eles olhavam seus discos gravados enquanto Joe lhe contava sobre os projetos nos quais Michael estava trabalhando naquele momento.

Ele cantou em um LP de Donna Summer, gravou uma música com Joe "King" Carrasco, escreveu e produziu Muscles para Diana Ross, escreveu e cantou The Girl is Mine com Paul McCartney, gravaram o ET Storybook, passava algum tempo com seus animais de estimação - a lhama, a cobra e os papagaios - e gravou Thriller.

Michael tinha acabado de voltar da Inglaterra, onde ele havia gravado várias faixas com Paul McCartney. Michael conheceu Paul numa festa em Hollywood, na casa de Harold Lloyd, o comediante da era do cinema mudo. Eles trocaram números de telefone.

"Eu amo Paul, Linda e toda a família. Pessoas incrivelmente agradáveis", disse Michael.

Joe disse que Michael devia seu sucesso ao talento natural, o qual ele desenvolveu através de um trabalho muito duro. Mais tarde, Michael chamou seu sucesso de um mistério e disse: "Minhas músicas, minhas ideias, a energia. Eu recebo tudo de Deus.''

A coleção de discos de Michael contém heróis pop do passado, funk contemporâneo, new wave e música clássica. Em seguida, Michael entrou na sala. "Esse é o primeiro disco que eu comprei", disse ele, apontando para o single Mickey's Monkey de Smokey Robinson & The Miracles.

"Smokey é um dos meus heróis, além dos grandes nomes dos anos cinquenta: James Brown, Ray Charles, Jacky Wilson, Chuck Berry e Little Richard. Eles influenciaram todo mundo, eles tornaram possível o Rock 'n Roll. Eu quero começar do início, porque é muito interessante ver de onde tudo vêm."

Michael falava com uma voz suave. Ele constantemente desviava os olhos para suas mãos, seus sapatos e as outras pessoas na sala.

"Eu sinto o mesmo sobre a arte", continuou ele. "Eu amo a arte. Quando vamos a uma cidade como Paris, eu corro direto para o (Museu) Louvre. Eu nunca me canso dele. Eu vou a todos os museus do mundo. Eu gosto muito da arte, porque eu compro quase tudo e posso me viciar, se eu não tenho cuidado. Eu vejo algo que eu gosto e penso... 'Deus, eu tenho que ter isso.''

''Eu amo a música clássica. No jardim de infância eu ouvi pela primeira vez Peter and the Wolf e eu ainda sou louco por ela. Debussy, Mozart, eu compro todas os discos. Em casa fomos influenciados por tudo, funk, rhythm & blues, folk, funk.''

''Todas essas coisas juntas são a música que faço agora. Eu seria muito infeliz se eu pudesse fazer apenas um tipo de música. Eu quero fazer algo para todos. Não coloque um rótulo na minha música. Rótulos são uma espécie de racismo."

Como é que você decide com quem quer trabalhar?

"Instinto, sentimento. Se eu sentir que não há magia no ar, eu tomar a mergulhar. Minha carreira é a única coisa para qual eu vivo. Ela vem com tanta responsabilidade. Meu trabalho me faz feliz, é para o qual eu fui colocado neste mundo. Deus quis assim, como ele fez com Michelangelo ou Leonardo da Vinci. Hoje podemos ver o seu trabalho e ser inspirado por ele. Eu não quero me comparar com eles, mas se Deus me deu o meu talento, então eu tenho que usá-lo."

Quão importante é a fé em sua vida?

"Eu acredito em Deus, todos nós acreditamos,  mesmo que a gente não queria admitir. Eu tento agir corretamente e não fazer coisas malucas. Quando você começa a agir como louco, você perde a perspectiva sobre a vida, sobre o que e quem você é.''

''Muitos artistas neste negócio ganham um monte de dinheiro. Eles passam a vida celebrando a meta que alcançaram. Nas festas, consomem drogas e álcool. Então um dia eles chegam a uma encruzilhada. "Quem sou eu? O que estou fazendo aqui? O que aconteceu?" Mas ao longo do caminho, eles se perderam e estão quebrados para o resto de suas vidas. Você tem que ter cuidado e ser disciplinado."

Michael é uma pessoa disciplinada?

"Eu não sou nenhum anjo, eu sei disso. Eu não sou um mórmon, como The Osmonds, algo em que todos seguem as mesmas regras. E podem ir muito longe, às vezes torna-se ridículo. Mas tenho disciplina, sim. Deve ser difícil para retratar um anjo, quando você é visto como um cantor sexy, alguém cujas fãs (garotas) acampam no quintal, como, de fato, acontece.''

''Eu não me atreveria a falar de mim mesmo como sexy, mas se as outras pessoas pensam isso, então está tudo bem,  por mim. Especialmente no palco eu acho que está OK. É divertido.''

Então, o que não é divertido?

"Ser assediado por um grupo de meninas, algo que ainda acontece muito comigo. Eu saio dirigindo e essas meninas estão todas aguardando na esquina. Quando eles se soltam, é pior do que uma debandada. Elas cercam o carro, com gritos ensurdecedores, tentando me fazer parar. Então eu afundo no meu lugar tão baixo como eu posso e rezo para que não ocorra nenhum incidente.''

''Agora vivemos aqui em San Fernando Valley, enquanto a casa da nossa família está em reformas. É um pouco melhor aqui, mas no passado foi terrível. Todo mundo sabia onde morávamos, nossa casa estava no mapa com as casas das estrelas de Hollywood.''

''Eles realmente nos sitiavam, com câmeras e sacos de dormir. Eles pularam o muro, dormia no jardim, às vezes, simplesmente entravam na casa. Descobríamos as pessoas em todos os lugares. Mesmo com guarda-costas trabalhando todo o dia, os fãs sabiam o que fazer. Certa manhã, um dos meus irmãos acordou e havia uma garota ao lado de sua cama.''

''Eu mesmo já fui atacado por uma mulher de 30 anos de idade. Ela era louca, ela disse que Jesus a tinha enviado. Loucura. As pessoas vêm do outro lado da América, pedindo carona e depois querem passar a noite em nossa casa. Geralmente terminam como hóspedes de algum vizinho. Nós não os deixamos entrar. Se fizéssemos isso, a loucura nunca iria acabar.''

Michael disse ao entrevistador que um fã o perseguiu gritando através de um armazém.

É solitário no topo?

"Nós conhecemos um monte de gente porque somos uma família grande. Mas realmente eu só tenho dois ou três amigos de verdade. Eu nunca tive mais, mesmo quando eu ainda era uma criança desconhecida em Gary, em Indiana.''

''Atrás da casa onde morávamos havia um grande campo de beisebol. As outras crianças jogavam lá e comiam pipoca. Mas os nossos pais não nos permitiam ir lá. Ainda assim, eu realmente não me sentia excluído. Eu realmente não sentia uma necessidade para isso. O pai nos protegia de forma rígida. Embora não fôssemos autorizados a jogar beisebol, tínhamos outras coisas em troca.''

"Mesmo na escola, nós, os Jacksons, já éramos diferentes dos outros. Ganhávamos todos os show de talentos e a casa estava cheia de troféus. Nós sempre tínhamos dinheiro e podíamos comprar coisas para as outras crianças que não podiam pagar. Nossos bolsos estavam cheios de doces e gomas de mascar, que nos distribuíamos a todos.''

''Cara, nós éramos populares. Mas passamos a maior parte de nossa juventude com aulas particulares. Na minha vida eu fui para uma escola pública apenas uma vez. Tentei de novo aqui na Califórnia, mas não deu certo. Estávamos na sala de aula e de repente uma horda de fãs invadia a sala. Ou nós saíamos e encontrávamos um paredão de fotógrafos.''

''Eu fiquei naquela escola por uma semana, uma semana inteira. Depois disso fomos para pequenas escolas particulares, onde as crianças de outros artistas e estrelas também estudavam. Pelo menos, não éramos importunados lá.''

Você tem passado quase toda sua vida apenas na companhia de seus cinco irmãos e três irmãs. Não lhe dá nos nervos? 

"Honestamente, de forma alguma. Eu não estou dizendo isso para ser polido ou por causa de alguém. Eu agradeço a Deus não precisar disso. Também não é incômodo quando estamos em turnê. Então nós somos como crianças em liberdade. Nós jogamos games, jogamos coisas uns nos outros.''

''Quando estamos sob pressão, como em turnês, nós canalizamos dessa maneira. E há uma pressão: a apresentação, as entrevistas, os fãs que estão tentando te tocar, todos querem um pedaço de você, você nunca tem qualquer descanso, o telefone toca a noite inteira. Os fãs continuam te chamando.''

''Se você coloca o telefone debaixo do travesseiro para não ouvi-lo, eles vêm e batem na porta do seu quarto de hotel. Eles acordam todo o hotel com os seus gritos. Você não pode andar pelo corredor sem ser perseguido. É como se você fosse um peixinho dourado em uma bacia. Todo mundo está vendo você o tempo todo.''

Como você escapa de tal cerco?

"Eu vou a museus, eu aprendo e estudo. Infelizmente eu não posso praticar esportes, é muito perigoso. Há muito dinheiro em jogo e não podemos arriscar nada. Certa vez, um dos meus irmãos machucou a perna durante uma partida de basquete.''

''Por causa disso, tivemos que cancelar um show. Por causa de uma hora de diversão milhares de pessoas perderam o show. Fomos atingidos com uma massa de ações judiciais, tudo por causa de uma hora de esporte. Eu não acho que vale a pena. Eu tento ter muito cuidado.''

Cuidado é a mãe da loja de porcelana e o anjo da guarda de Michael Jackson nas entrevistas. Será que ele nunca se atreve a fazer uma declaração ousada?

"Eu odeio entrevistas e elas me assustam. Algumas revistas podem ser tão estúpidas que eu engasgo de raiva quando eu as leio. Posso dizer uma coisa e eles a transformam completamente. Às vezes, eu gostaria de matar o jornalista.''

''Uma vez, em uma entrevista, falei sobre a fome no mundo. Eu adoro crianças e quero fazer algo pelo seu futuro. Eu disse que gostaria de ir para a Índia para ver as crianças que morrem de fome, para sentir como realmente elas vivem. A jornalista, que era uma mulher, escreveu que ''Michael Jackson gosta de ver as crianças morrendo''.

''Deus, eu não posso descrever o que senti quando li isso. Certa vez, Ryan O'Neil se referiu a esta mesma mulher como uma aranha tarântula. Eu sou um bom rapaz, mas eu pensei então que ele estava certo.''

Esta deve ser a mais ousada declaração que Michael já fez em uma entrevista. Como pode um cara tão doce se transformar tanto em um palco?

"Eu só faço isso. Toda aquela coisa sexy é espontânea. Ela se cria. Eu não pratico na frente do espelho para me tornar sexy. Quando a música começa, apenas toma posse de mim. Os instrumentos me levam, eles me controlam. Eu não posso fazer nada sobre isso. Vêm do interior. Boom boom boom.''

"Eu nunca estou satisfeito com o que eu faço. Eu sempre acho que poderia ser feito muito melhor. Eu acho que há uma vantagem em ser desta forma. É por isso que eu espero muito do que o filme de Spielberg, se ele acontecer. Steven é assim, também. Nós dois queremos fazer esse filme, mas temos que ter um bom cenário.''

Sobre ser considerado como uma criança.

"Eu realmente não me importo. Eu ainda me sinto como uma criança, mas também como Matusalém ou Peter Pan. Além disso, Francis Ford Coppola me pediu para fazer o papel principal de seu filme Peter Pan. Eu ainda não sei se eu vou fazer isso. Mas de qualquer maneira, eu amo as crianças. Agradeço a Deus pelas crianças, elas me salvaram muitas vezes.''

O que ele acha de um filme sobre sua própria vida? Será que algum dia poderemos ver um filme sobre a magia de Michael Jackson?

''Não.. eu odiaria filmar minha própria história. Eu não vivi minha própria vida, ainda. Eu vou deixar alguém fazer isso. (filmar)''

Parte 03

Mick Boskamp: Se você não quer fazer uma entrevista, é só dizer. Uma perda de tempo, um desperdício do nosso tempo.

Michael: Eu não gosto de entrevistas pela simples razão de que os jornalistas sempre nos interpretam mal, para sua vantagem. Eu posso entender isso, porque um grupo que está sempre fazendo sucesso não é interessante. As pessoas querem ler sobre assassinatos e infidelidade, falhas e aflição. E por quê? Porque lhes dá uma sensação boa. O leitor é feliz, porque a pessoa a quem ele olha para cima, é infeliz.

''Os Jacksons não vão junto com isso. Quando falamos com a imprensa, o fazemos para os nossos fãs. Para mantê-los informados sobre o que estamos fazendo. Então, não é uma questão de não querer fazê-lo. Através dos anos, acabamos nos tornando um pouco desconfiados, isso é tudo. Mas não deixe que isso o impeça.''

MB: A fidelidade e a infidelidade, você mesmo disse. O que é verdade sobre todas aquelas histórias que você está em um relacionamento com Diana Ross, com Tatum O'Neal e outras grandes damas?

MJ: Ao mesmo tempo? Isso realmente me deixou para baixo! Sinto muito, mas eu não posso dar uma resposta séria sobre isso. Tente novamente.

MB: Ok. Voltamos ao passado; Quando você tinha dez anos de idade, fazia sete shows por semana. Como você conciliava isso com a escola?

MJ: Acredite ou não, mas eu era um aluno exemplar. Eu quase nunca estava lá, mas felizmente meu pai cuidava disso. Quando estávamos em turnê, ele nos ensinava na estrada. Era uma mudança bem-vinda nos desempenhos que estávamos fazendo, então, porque era algo bastante normal.

Com todo o respeito a Berry Gordy Jr. que nos lançou em 69, porque como presidente da gravadora tinha investido muito dinheiro em nós, eu ainda quero dizer que naquela época eu não tinha a ideia de que eu tinha uma vida.

Se apresentando todos os dias, dando autógrafos todos os dias, ouvindo os comentários de que você está um garoto bonito, todos os dias, tentando ser um homem adulto todos os dias, quando você ainda deveria estar brincando com bolinhas de gude... não, minha infância não foi brilhante.

MB: É também a razão pela qual você finalmente deixou a Motown?

MJ: Sim e não. Porque havia diferentes causas. Mais uma vez, Gordy Jr. nos fez grandes. Ou melhor, junto com nosso pai. Mas, eventualmente, nós crescemos separados. Gordy Jr. é um homem poderoso. Ele sabe disso, então ele sempre lhe dá a sensação de que você não pode tomar suas próprias decisões.

Se algo é feito, ele é o homem que toma as decisões. Ele ouve você com muito cuidado, muitas vezes diz que você está certo, mas no fim, acontece do jeito que ele tem na sua cabeça. Ele pegou os produtores quando ele decidiu que era hora de um novo LP e lentamente fomos ficando malucos.

Depois de passar por isso por dez anos, fomos capazes de escrever nossas próprias canções, de produzir nosso próprios LPs. Em nossos últimos anos na Motown gravamos mais de vinte e cinco demos, cada um dos quais parecia fantástico. Mas Gordy Jr. permaneceu obstinado, não queria saber sobre isso. E, assim, acabamos saindo.

MB: Eu ainda não vejo a diferença entre antes e agora. Por que você está feliz agora? Alguém que é tão bem sucedido como vocês, ainda não podem viver uma vida livre, podem?

MJ: Você está errado sobre isso. Se eu não quiser fazer alguma coisa, eu não a faço. Isso vale para entrevistas, para as gravações e para as turnês. Claro que eu não posso simplesmente sair na rua, mas eu não me importo com isso.

Eu sou muito tímido, provavelmente o artista mais tímido do mundo. Quando vejo as pessoas ao meu redor, fico nervoso. Então, o problema se resolve, eu não posso sair na rua e eu adoro isso, porque eu gosto de estar em casa.

Ok, então esta é a diferença entre os desempenhos antigos e os atuais. Hoje em dia, as pessoas vêm para me ouvir cantar e dançar. No passado, elas só gostavam de mim porque eu era um garotinho encantador. Me ouvir cantar vinha por último. Não, como um grupo melhoramos aos trancos e barrancos. O que é lógico, porque a música é a nossa vida.

MB: Seu irmão Jermaine. Por que deixou a família? Por que ele é um ex-Jackson?

MJ: Você tem que perguntar a Jermaine. Eu não falo sobre isso. Não quero ser chato, mas esse assunto... bem, ele me dói.

MB: Um outro nome: Quincy Jones. Se fala que o homem que produziu seu LP solo não permite que você tenha uma palavra em nada.

MJ: Se fala, se fala... Uma coisa boa de eu estar aqui é sobre esclarecer todos esses mal-entendidos, não é? Quincy e eu somos como irmãos. O conhecimento que ele possui é tão fenomenal que eu não posso possivelmente competir, por isso deixo a maioria das decisões em relação à produção com ele. Isso é lógico, não é? Mas escolher o material e as músicas adequadas é o meu trabalho.

MB: Você acha que os fãs ficarão felizes com esta entrevista?

MJ: Isso depende do que você vai escrever. Se você não distorcer as minhas palavras.

Nota do blog: As partes 01, 02 e 03 dessa matéria aconteceram em momentos distintos na década de 80, quando a  revista holandesa Hitkrant pôde se aproximar de Michael Jackson.

Fonte: http://michaelinmemory.wordpress.com