Artigo de Anna Kisselgoff para o New York Times
''Não há maneira de separar o Michael Jackson cantor do Michael Jackson dançarino, como ele demonstrou em seu novo show outra vez. Sr. Jackson usa a sua dança em cada canção, seja para mostrar que é ''mau'' ou para exortar a todos que se olhem no espelho e corrijam a sua maneira de ser.
Visto especialmente como um dançarino ele é o máximo, e suas variadas mensagens são apresentadas lindamente por um estilo único de dança que vai no sentido emocional que ele quiser.
Deixando de lado a aparência de dança de rua em sua performance da quinta-feira no Madison Square Garden, passando por alto pelos gestos sugestivos ocasionais e girando a pelve, surpreendida pelo deslizamento para trás do moonwalk e as partes isoladas do corpo que parecem se colocar em movimento por si mesmas, você vê um dançarino virtuoso que usa o movimento em seu próprio benefício.
Sim, Michael Jackson é um dançarino de vanguarda e suas danças poderiam ser denominadas como abstratas. Como Merce Cunningham, isso mostra que o movimento tem valor em si mesmo e que interpretá-lo é uma consequência do contexto dramático que o rodeia.
Ao contrário de estrelas pop do passado, Sr. Jackson não depende de linguagem corporal prosaica. Ele fala ao seu público principalmente com danças não-específicas. Para expressar aprovação, o público responde com "uau, uau!''
Observem quantas vezes Sr. Jackson deixa você sem fôlego com suas reviravoltas emocionantes, gestos cortantes, sua explosão de movimento de qualquer parte do seu corpo e verão que os passos e as frequências são repetidas muitas vezes. Mas o ritmo e a expressão mudam ao mesmo tempo que se trocam as jaquetas cravejadas. As palavras fazem a mesma dança com uma torrente de emoções variadas como os raios de luz a laser projetados em um céu imaginário.
Um dançarino observador profissional não poderia deixar de relacionar a integração da tecnologia da Bad Tour do Sr. Jackson com alguns experimentos semelhantes que envolveram a dança de vanguarda dos anos 60. Aqui, como em seguida, o show foi um exercício de percepção. Aqui e ali, você pode ver os cantores e músicos ao vivo em telas gigantes de vídeo enquanto a câmera se move ao longo do palco por trás dos artistas.
Sr. Jackson como um dançarino é do tipo ar. Não é para ele o amor cerimonial da terra que atraiu os modernos dançarinos pioneiros. O moonwalk que ele tornou famoso é uma metáfora adequada para o seu estilo de música. Como o faz? Como técnico, ele é um grande ilusionista, um verdadeiro mímico. Sua capacidade de manter uma perna reta quando desliza enquanto a outra se curva e parece caminhar exige um ritmo perfeito.
A precisão é o cerne da questão nos diferentes números que interpreta com um pequeno grupo de quatro homens, começando com a abertura de Starting Something. Seus penteados vão desde o minimalismo [derivado do Punk] ao maximalista [cabelo emaranhado] mas não há nada señão um acordo completo em seus finais bem ensaiados e precisos.
Quando uma fã se materializa de repente no palco e salta para o Sr. Jackson, a resposta da estrela parece tão coreografada que se parece como parte do show.
Pode então alguém dançar como Michael Jackson? Só se puder se levantar em sapatos sem pontas, ficar bem e se manter o que é basicamente uma performance solo de duas horas sem parar.''
Anna Kisselgoff é crítica de dança e jornalista cultural e escreveu este artigo para o New York Times, publicado em 06 de março de 1988.
Fonte: http://www.nytimes.com