''Michael Jackson - O homem no espelho''
Ele está atrasado há duas horas. Seu guarda-costas vem primeiro, e por segurança vasculha tudo: cortinas, quartos e banheiros. Depois o guarda reduz as luzes. Quando a porta finalmente se abre, não é Jackson mas duas criancinhas que invadem a sala: Prince, 4 anos, cujos cabelos escuros estão claros, e Paris, 3 anos, com seus cachos até os ombros.
Finalmente, seu pai chega. Sua imagem se encontra em todos os lugares — seu rosto esculpido e olhos traçados nos olham das prateleiras dos supermercados aparentemente todos os dias — e ainda único.
Ele está modesto, usando uma camisa militar azul e suas calças pretas curtas e meias brancas. Seu famoso nariz, o qual, naquele dia, estava coberto com faixas cinzas. "É uma fita analgésica" ele diz, calmamente. "Para alergias."
Com seus filhos brincando no chão, próximos a seus pés, ele fala sobre sua vida, educadamente e com um incrível senso de equilíbrio e auto-controle. Ele é um homem às vezes indignado com a imprensa, mas capaz de rir de si mesmo, o que pode ser uma surpresa. Num ponto, ele ri do fato de como as garotas desmaiam por sua causa, nos concertos.
MICHAEL: Eu tinha 5 anos. Foi um recital na escola. Tivemos que usar camisas brancas e calções curtos. E os lembro dizendo: "O pequeno Michael Jackson vem vindo para cantar Climb Every Mountain. Recebi o maior aplauso. Quando fui me sentar, meu avô e minha mãe estavam chorando. Eles disseram: "Não podemos acreditar como você canta bem." É o primeiro momento que eu me lembro.
TV GUIDE: É raro você fazer um especial para a TV.
MICHAEL: É que eu não gosto de ir à televisão. Fico embaraçado. Me apresentei, mas não vou assistir em menos de 1 ano pois fico desapontado com algo que fiz.
TV GUIDE: Os concertos que foram filmados para seu especial tiveram grandes artistas. Aquilo não pode ter sido desapontador.
MICHAEL: O segundo show foi bom. O primeiro foi horrível porque, tecnicamente, houveram muitos problemas entre os atos. Foi muito difícil. A audiência ficou esperando e esperando...
TV GUIDE: O que você sente quando está no palco?
MICHAEL: Sou um escravo do ritmo. Apenas sigo o momento. Tem que ser desse jeito porque, se você parar para pensar, você está morto. Na apresentação você não pensa. Sente.
TV GUIDE: Você planeja os passos de dança?
MICHAEL: Certos passos são definidos com meus irmãos. Mas quando estou só, é tudo improviso. Nada é planejado. Todas as escolas de dança ensinam as crianças a contar e isto está errado.
TV GUIDE: O que você acha dos grupos pop como o 'N Sync? Estão te imitando?
MICHAEL: São bons cantores. Os conheço bem, e saimos para nos divertir. Não tem problema se eles me imitam. É uma homenagem. Todo mundo tem que seguir alguém quando está começando. No meu caso foi James Brown, Sammy Davis Jr., Jackie Wilson, Fred Astaire, Gene Kelly.
TV GUIDE: O especial traz uma participação de Marlon Brando. Como ele entrou nesta história?
MICHAEL: É meu grande amigo. O conheço há 20 anos. Ele vai à minha casa todo o tempo. Ele ama brincar com meus filhos. Eu brinco com seus netos, e adoramos assistir a filmes.
TV GUIDE: Com quem mais você passa o tempo?
MICHAEL: Elizabeth Taylor, Brando, Gregory Peck, estes são os meus amigos mais próximos. São muito mais velhos que eu ou muito mais jovens. Nunca tive um contato real com uma pessoal da minha idade. Acho que isto aconteceu porque em toda a minha vida eu toquei em clubes, desde que eu tinha 5 anos de idade. Eu via as pessoas bebendo, brigando, e foi horrível. Quando as pessoas me dizem hoje, "Ei, vamos a um clube" eu digo: "de jeito nenhum." Se eu for, não vai ser divertido para mim — muitos autógrafos e fotos.
TV GUIDE: Foi verdade o que aconteceu no restaurante após o show?
MICHAEL: Foi pior — não podia respirar porque as pessoas estavam à minha volta.
TV GUIDE: Você desmaiou?
MICHAEL: Isto é um boato. Foi sensacionalismo da imprensa, como sempre. Eles adoram isso.
TV GUIDE: O que aconteceu?
MICHAEL: Nada. Não desmaiei. A imprensa fez isto por muito tempo, e é desagradável. [Gentilmente, fala para Paris, que está pulando perto da mesa de café] Paris, você não pode fazer barulho. Não pode — não, não bata na mesa. Os repórteres estão gravando.
TV GUIDE: Liza Minnelli também cantou num dos concertos. Vocês dois parecem muito próximos.
MICHAEL: Falo com ela toda semana. Viemos do mesmo planeta. Como Elizabeth.
TV GUIDE: Que planeta?
MICHAEL: É chamado Anomalia Caprichosa no Mar Espacial (risos). Xiii, não posso explicar. Acho que é depois do sistema solar. Mas é verdade, e isto é para ser levado a sério: As pessoas que cresceram com astros têm coisas em comum. Você é legal, eles te amam; você pisa na bola e eles não te aceitam mais. Poucos fazem a transição para a maioridade. E a maioria se torna auto-destrutiva. É triste.
TV GUIDE: Como você evita a auto-destruição?
MICHAEL: Com a religião.
TV GUIDE: Você ainda é Testemunha de Jeová?
MICHAEL: Sim. tenho sido, você sabe, chamamos isso de pioneiro. Fazemos 90 horas num mês. Não vou muito porque estou ocupado. Você vai de porta em porta. Uso um paletó, óculos, bigode, dentes grandes, e uma peruca Afro. E bato na porta e digo que somos Testemunhas de Jeová.
TV GUIDE: Este especial vem junto com seu sétimo álbum solo, Invincible. É seu retorno?
MICHAEL: Não vejo como um retorno. Só faço um álbum a cada 4 anos. Estive apenas em pausa, escrevendo.
TV GUIDE: O álbum traz rappers como Will Smith e Jay-Z. É difícil imaginar você trabalhando com Jay-Z, cuja imagem é um pouco mais áspera que a sua.
MICHAEL: Ele foi muito legal. E você ouve estas histórias malucas sobre alguém e é difícil de acreditar. Sempre os vi como pessoas boas. Perfeitos cavalheiros.
TV GUIDE: Qual a mensagem de Unbreakable, a primeira canção do álbum?
MICHAEL: Que sou invencível, que passo por tudo. Você não pode me machucar. Se me derrubar eu vou levantar. [Fala para Prince, que começa a bater em sua limonada que está na mesa de café] Viu o barulho que você está fazendo? Tem que ficar bonzinho e quieto.
TV GUIDE: Você é conhecido por ser excêntrico. Crescer na fama foi bom?
MICHAEL: [Sorrindo timidamente] Depende do tipo de excentricidades que você está falando.
TV GUIDE: As pessoas te chamam de Wacko Jacko.
MICHAEL: Mas isto não é legal. É ciúmes. Não fiz nada. Vou a hospitais e orfanatos. E levamos grandes sacolas de brinquedos. Gasto milhares de dólares. Isto é ser maluco?
TV GUIDE: Devido ao jeito como você é retratado pela imprensa, as pessoas perguntam: "Ele é estranho?"
MICHAEL: [Irritado] Fiz Oprah. Fiz Diane Sawyer. As pessoas me viram. A imprensa é completamente ciumenta. É apenas uma das coisas com as quais tenho que lidar.
TV GUIDE: Como você lida com isso?
MICHAEL: Transformo em energia positiva. E escrevos sobre isso, danço; Está em meu movimento. É a expressão de meu rosto. E se torna parte de mim, parte de minha criação. E não deixo tomar conta de mim. Porque se você deixar, você ficará louco.
TV GUIDE: Seu primeiro vídeo, para o single You Rock My World, é um curta metragem de 15 minutos atualmente. Como veio a idéia do tema gângster?
MICHAEL: Não sei — a idéia apenas veio. Em Cuba. Noite quente de verão. Um clube vai por esse lado. Só quero que a MTV mostre a versão longa, porque não gostei muito da curta. Não dá para se divertir.
TV GUIDE: Como você está envolvido no processo criativo do vídeo?
MICHAEL: Quando você fala Michael Jackson, as pessoas sempre pensam no artista que se apresenta. Eles não pensam no fato de que eu escrevo canções. Não estou tentando me gabar, mas eu as escrevo, e dirijo muitos dos vídeos. Não acho que os artistas jovens saibam disso, pois acho que seria inspirador para eles.
TV GUIDE: Quando você estava fazendo este vídeo, você pensou: "quero que seja tão bom quanto Thriller"?
MICHAEL: Não, porque eu sei que não tive tempo para fazer aquilo. Os que vêm por aí serão melhores.
TV GUIDE: Você deixa seus filhos assistirem a MTV?
MICHAEL: Depois de certa idade, Não agora. Só depois de 15 ou 16 anos.
TV GUIDE: Você assiste TV?
MICHAEL: Amo o PBS, o canal Discovery, Os Simpsons. Amo o Sesame Street. Poderia assisti-los por horas. Mas meu programa favorito é o Malcolm in the Middle. Me lembra de quando eu era criança, com meus irmãos.
TV GUIDE: Com qual personagem você se identifica?
MICHAEL: Malcolm. Principalmente porque ele tenta entrar na sociedade, e ele não consegue — como E.T. ou Bambi, ele não pode se ajustar aos conceitos das outras pessoas. E me sinto como ele em várias ocasiões. Quando não estou no palco, me sinto estranho, como se este não fosse o lugar onde eu deveria estar.
TV GUIDE: Qual dos seus filhos se parece mais contigo?
MICHAEL: Ambos, mas de maneiras diferentes. Prince gosta de implicar, ao ponto de você querer puxar o cabelo dele. Eu sempre encontrava tempo para implicar com minhas irmãs.
TV GUIDE: E Paris?
MICHAEL: Ela é a rígida.
TV GUIDE: Como é a mãe deles, Debbie Rowe?
MICHAEL: Ouvi dizer que ela está bem. Paris é forte como Debbie.
TV GUIDE: Com respeito a suas finanças, existem rumores de que você está falido e que é por isso que você estabeleceu preços altos para os ingressos dos concertos.
MICHAEL: Isto é lixo de tablóide. Eles aumentam as coisas. Eles procuram alguém para comprar um jornal.
TV GUIDE: Com a situação mundial agora, você deve estar preocupado com as crianças. Você esteve em Nova York quando os terroristas atacaram, certo?
MICHAEL: Sim, recebi uma ligação do além-mar dizendo que a América estava sendo atacada. Eu disse: "Do que você está falando?" Eles disseram: "Ligue a TV". E eu não podia acreditar no que vi. E eu gritei no corredor: “Todo mundo, rápido, levantem, temos que ir.” E todo mundo se vestiu e nos afastamos da cidade.
TV GUIDE: Os ataques fizeram com que você escrevesse e produzisse uma gravação da canção What More Can I give para ajudar as vítimas.
MICHAEL: Eu estava aborrecido com a publicidade dos ataques. Não sei se a TV mostrou aquilo demais. E acho que a mídia tem muito o que fazer com isso.
TV GUIDE: Ouvimos dizer que você falará com o Presidente Bush sobre a canção e seus lucros.
MICHAEL: Falarei com ele. Vamos nos falar por telefone. Eles nos disseram que estão muito orgulhosos do que estou fazendo e que ele disse que sou um herói internacional.
TV GUIDE: Sua missão parece ser a de ajudar pessoas.
MICHAEL: Sempre fiz isso, sim. É engraçado agora, porque neste ataque, todo mundo está fazendo esse tipo de música. Fiz isso em toda a minha carreira. Heal the World, We Are the World, Will You Be There, Man in the Mirror, sobre o planeta, canções da terra. E ninguém estava fazendo isso além de mim porque é onde está meu coração. Eu me importo. Meu maior sonho é ter um Dia das Crianças, onde crianças possam se unir com seus pais.
TV GUIDE: Seus filhos viajam contigo?
MICHAEL: A todos os lugares que vou.
TV GUIDE: O que acontecerá quando eles começarem a ir à escola e não poderem viajar muito?
MICHAEL: Vou comprar um computador escolar lá para casa.
TV GUIDE: Então eles irão à escola pela Internet?
MICHAEL: Sim. Como eles entrarão na sociedade? São os filhos de Michael Jackson. Seria difícil demais.
TV GUIDE: Por que você acha ter tal afinidade com crianças?
MICHAEL: Vou dizer. Porque nunca tive infância. Quando elas sentem dor, sinto a dor delas. E quando se desesperam, sinto seu desespero. Tenho tal preocupação sobre o empenho e o estado das crianças hoje. Se houvesse um dia onde crianças pudessem se unir a seus pais, isto faria a diferença. Se tivesse um dia com meu pai, teria feito uma diferença em nosso relacionamento hoje – apenas um dia.
TV GUIDE: Como é o relacionamento com seu pai?
MICHAEL: Muito melhor. Ele está melhor agora. Depois dos netos, ele está mais suave, você sabe. Ele tem uns 30 e poucos netos agora.
TV GUIDE: O que ele achou do especial? Ele estava lá?
MICHAEL: Ele estava no show. Mas, meu pai, se ele sente que você fez um bom show, ele dirá: “Bom show.” Ele não dirá: “Oh... você foi maravilhoso.” Não acho que ele saiba como mostrar afeição. (Michael olha para Prince, que está engatinhando na sala com uma bola de borracha presa em seu nariz, tagarelando e empurrando os repórteres)
MICHAEL: (docemente) Prince, shhh! Você me prometeu ficar quieto, lembra?
TV GUIDE: O que mais você quer fazer com sua carreira?
MICHAEL: Adoro filmes. Vou dirigir mais e atuar mais. Acho que o filme é a expressão artística mais poderosa. Quero fazer um filme com Liza Minnelli. Estamos planejando fazer um filme juntos. É sobre dois artistas esforçados tentando se dar bem; são mandados embora de todo lugar que eles vão. Com a melhor dança. Não estou brincando. Porque vejo, sinto aqui. (aponta para o coração). Enquanto isso, Prince cambaleia pela sala e senta aos pés de seu pai. Paris engatinha para perto de Jackson e senta lá, enquanto ele acaricia o cabelo dela.)
TV GUIDE: Michael Jackson como um pai. É uma imagem que nunca vimos. Você é um bom pai?
MICHAEL: Me esforço ao máximo. Tento diverti-los. Uma vez por ano eu me visto como palhaço, com tudo que tenho direito - o nariz, as calças, e eu os dou doces e biscoitos.
PRINCE: E sorvete.
MICHAEL: E sorvete!
As fotografias do ensaio se encontram publicadas aqui
Fonte: http://www.allmichaeljackson.com
Com seus filhos brincando no chão, próximos a seus pés, ele fala sobre sua vida, educadamente e com um incrível senso de equilíbrio e auto-controle. Ele é um homem às vezes indignado com a imprensa, mas capaz de rir de si mesmo, o que pode ser uma surpresa. Num ponto, ele ri do fato de como as garotas desmaiam por sua causa, nos concertos.
E ainda ele está preocupado. Com 43 anos, Jackson está nos cruzamentos de sua carreira, urgentemente tentando se atualizar para esta época. Seus passos recentes foram os concertos no Madison Square Garden, suas primeiras apresentações nos Estados Unidos em 12 anos. Eles foram editados para um especial de 2 horas intitulado Michael Jackson: 30th Anniversary Celebration, indo ao ar na terça-feira, dia 13 de novembro pela CBS, às 9 da noite (hora local).
Ele está ansiosamente esperando as reações a respeito de seu novo álbum, Invincible (o qual teve You Rock My World, como primeiro single, chegando ao Nº 10 no chart Hot 100 da Billboard, enquanto o vídeo foi o principal da MTV).
Em adição, ele escreveu e está produzindo uma canção do tipo We Are the World chamada What More Can I Give; seus lucros beneficiarão as vítimas dos ataques do dia 11 de setembro. E ele fará uma aparição na seqüência Homens de Preto 2.
Em adição, ele escreveu e está produzindo uma canção do tipo We Are the World chamada What More Can I Give; seus lucros beneficiarão as vítimas dos ataques do dia 11 de setembro. E ele fará uma aparição na seqüência Homens de Preto 2.
No final, foi Michael Jackson o pai, um homem profundamente conectado a seus filhos e à sua própria infância, que deixou a impressão mais resistente:
TV GUIDE: Este especial para a TV comemora a sua carreira. Você lembra da primeira vez nos palcos?
TV GUIDE: Este especial para a TV comemora a sua carreira. Você lembra da primeira vez nos palcos?
MICHAEL: Eu tinha 5 anos. Foi um recital na escola. Tivemos que usar camisas brancas e calções curtos. E os lembro dizendo: "O pequeno Michael Jackson vem vindo para cantar Climb Every Mountain. Recebi o maior aplauso. Quando fui me sentar, meu avô e minha mãe estavam chorando. Eles disseram: "Não podemos acreditar como você canta bem." É o primeiro momento que eu me lembro.
TV GUIDE: É raro você fazer um especial para a TV.
MICHAEL: É que eu não gosto de ir à televisão. Fico embaraçado. Me apresentei, mas não vou assistir em menos de 1 ano pois fico desapontado com algo que fiz.
TV GUIDE: Os concertos que foram filmados para seu especial tiveram grandes artistas. Aquilo não pode ter sido desapontador.
MICHAEL: O segundo show foi bom. O primeiro foi horrível porque, tecnicamente, houveram muitos problemas entre os atos. Foi muito difícil. A audiência ficou esperando e esperando...
TV GUIDE: O que você sente quando está no palco?
MICHAEL: Sou um escravo do ritmo. Apenas sigo o momento. Tem que ser desse jeito porque, se você parar para pensar, você está morto. Na apresentação você não pensa. Sente.
TV GUIDE: Você planeja os passos de dança?
MICHAEL: Certos passos são definidos com meus irmãos. Mas quando estou só, é tudo improviso. Nada é planejado. Todas as escolas de dança ensinam as crianças a contar e isto está errado.
TV GUIDE: O que você acha dos grupos pop como o 'N Sync? Estão te imitando?
MICHAEL: São bons cantores. Os conheço bem, e saimos para nos divertir. Não tem problema se eles me imitam. É uma homenagem. Todo mundo tem que seguir alguém quando está começando. No meu caso foi James Brown, Sammy Davis Jr., Jackie Wilson, Fred Astaire, Gene Kelly.
TV GUIDE: O especial traz uma participação de Marlon Brando. Como ele entrou nesta história?
MICHAEL: É meu grande amigo. O conheço há 20 anos. Ele vai à minha casa todo o tempo. Ele ama brincar com meus filhos. Eu brinco com seus netos, e adoramos assistir a filmes.
TV GUIDE: Com quem mais você passa o tempo?
MICHAEL: Elizabeth Taylor, Brando, Gregory Peck, estes são os meus amigos mais próximos. São muito mais velhos que eu ou muito mais jovens. Nunca tive um contato real com uma pessoal da minha idade. Acho que isto aconteceu porque em toda a minha vida eu toquei em clubes, desde que eu tinha 5 anos de idade. Eu via as pessoas bebendo, brigando, e foi horrível. Quando as pessoas me dizem hoje, "Ei, vamos a um clube" eu digo: "de jeito nenhum." Se eu for, não vai ser divertido para mim — muitos autógrafos e fotos.
TV GUIDE: Foi verdade o que aconteceu no restaurante após o show?
MICHAEL: Foi pior — não podia respirar porque as pessoas estavam à minha volta.
TV GUIDE: Você desmaiou?
MICHAEL: Isto é um boato. Foi sensacionalismo da imprensa, como sempre. Eles adoram isso.
TV GUIDE: O que aconteceu?
MICHAEL: Nada. Não desmaiei. A imprensa fez isto por muito tempo, e é desagradável. [Gentilmente, fala para Paris, que está pulando perto da mesa de café] Paris, você não pode fazer barulho. Não pode — não, não bata na mesa. Os repórteres estão gravando.
TV GUIDE: Liza Minnelli também cantou num dos concertos. Vocês dois parecem muito próximos.
MICHAEL: Falo com ela toda semana. Viemos do mesmo planeta. Como Elizabeth.
TV GUIDE: Que planeta?
MICHAEL: É chamado Anomalia Caprichosa no Mar Espacial (risos). Xiii, não posso explicar. Acho que é depois do sistema solar. Mas é verdade, e isto é para ser levado a sério: As pessoas que cresceram com astros têm coisas em comum. Você é legal, eles te amam; você pisa na bola e eles não te aceitam mais. Poucos fazem a transição para a maioridade. E a maioria se torna auto-destrutiva. É triste.
TV GUIDE: Como você evita a auto-destruição?
MICHAEL: Com a religião.
TV GUIDE: Você ainda é Testemunha de Jeová?
MICHAEL: Sim. tenho sido, você sabe, chamamos isso de pioneiro. Fazemos 90 horas num mês. Não vou muito porque estou ocupado. Você vai de porta em porta. Uso um paletó, óculos, bigode, dentes grandes, e uma peruca Afro. E bato na porta e digo que somos Testemunhas de Jeová.
TV GUIDE: Este especial vem junto com seu sétimo álbum solo, Invincible. É seu retorno?
MICHAEL: Não vejo como um retorno. Só faço um álbum a cada 4 anos. Estive apenas em pausa, escrevendo.
TV GUIDE: O álbum traz rappers como Will Smith e Jay-Z. É difícil imaginar você trabalhando com Jay-Z, cuja imagem é um pouco mais áspera que a sua.
MICHAEL: Ele foi muito legal. E você ouve estas histórias malucas sobre alguém e é difícil de acreditar. Sempre os vi como pessoas boas. Perfeitos cavalheiros.
TV GUIDE: Qual a mensagem de Unbreakable, a primeira canção do álbum?
MICHAEL: Que sou invencível, que passo por tudo. Você não pode me machucar. Se me derrubar eu vou levantar. [Fala para Prince, que começa a bater em sua limonada que está na mesa de café] Viu o barulho que você está fazendo? Tem que ficar bonzinho e quieto.
TV GUIDE: Você é conhecido por ser excêntrico. Crescer na fama foi bom?
MICHAEL: [Sorrindo timidamente] Depende do tipo de excentricidades que você está falando.
TV GUIDE: As pessoas te chamam de Wacko Jacko.
MICHAEL: Mas isto não é legal. É ciúmes. Não fiz nada. Vou a hospitais e orfanatos. E levamos grandes sacolas de brinquedos. Gasto milhares de dólares. Isto é ser maluco?
TV GUIDE: Devido ao jeito como você é retratado pela imprensa, as pessoas perguntam: "Ele é estranho?"
MICHAEL: [Irritado] Fiz Oprah. Fiz Diane Sawyer. As pessoas me viram. A imprensa é completamente ciumenta. É apenas uma das coisas com as quais tenho que lidar.
TV GUIDE: Como você lida com isso?
MICHAEL: Transformo em energia positiva. E escrevos sobre isso, danço; Está em meu movimento. É a expressão de meu rosto. E se torna parte de mim, parte de minha criação. E não deixo tomar conta de mim. Porque se você deixar, você ficará louco.
TV GUIDE: Seu primeiro vídeo, para o single You Rock My World, é um curta metragem de 15 minutos atualmente. Como veio a idéia do tema gângster?
MICHAEL: Não sei — a idéia apenas veio. Em Cuba. Noite quente de verão. Um clube vai por esse lado. Só quero que a MTV mostre a versão longa, porque não gostei muito da curta. Não dá para se divertir.
TV GUIDE: Como você está envolvido no processo criativo do vídeo?
MICHAEL: Quando você fala Michael Jackson, as pessoas sempre pensam no artista que se apresenta. Eles não pensam no fato de que eu escrevo canções. Não estou tentando me gabar, mas eu as escrevo, e dirijo muitos dos vídeos. Não acho que os artistas jovens saibam disso, pois acho que seria inspirador para eles.
TV GUIDE: Quando você estava fazendo este vídeo, você pensou: "quero que seja tão bom quanto Thriller"?
MICHAEL: Não, porque eu sei que não tive tempo para fazer aquilo. Os que vêm por aí serão melhores.
TV GUIDE: Você deixa seus filhos assistirem a MTV?
MICHAEL: Depois de certa idade, Não agora. Só depois de 15 ou 16 anos.
TV GUIDE: Você assiste TV?
MICHAEL: Amo o PBS, o canal Discovery, Os Simpsons. Amo o Sesame Street. Poderia assisti-los por horas. Mas meu programa favorito é o Malcolm in the Middle. Me lembra de quando eu era criança, com meus irmãos.
TV GUIDE: Com qual personagem você se identifica?
MICHAEL: Malcolm. Principalmente porque ele tenta entrar na sociedade, e ele não consegue — como E.T. ou Bambi, ele não pode se ajustar aos conceitos das outras pessoas. E me sinto como ele em várias ocasiões. Quando não estou no palco, me sinto estranho, como se este não fosse o lugar onde eu deveria estar.
TV GUIDE: Qual dos seus filhos se parece mais contigo?
MICHAEL: Ambos, mas de maneiras diferentes. Prince gosta de implicar, ao ponto de você querer puxar o cabelo dele. Eu sempre encontrava tempo para implicar com minhas irmãs.
TV GUIDE: E Paris?
MICHAEL: Ela é a rígida.
TV GUIDE: Como é a mãe deles, Debbie Rowe?
MICHAEL: Ouvi dizer que ela está bem. Paris é forte como Debbie.
TV GUIDE: Com respeito a suas finanças, existem rumores de que você está falido e que é por isso que você estabeleceu preços altos para os ingressos dos concertos.
MICHAEL: Isto é lixo de tablóide. Eles aumentam as coisas. Eles procuram alguém para comprar um jornal.
TV GUIDE: Com a situação mundial agora, você deve estar preocupado com as crianças. Você esteve em Nova York quando os terroristas atacaram, certo?
MICHAEL: Sim, recebi uma ligação do além-mar dizendo que a América estava sendo atacada. Eu disse: "Do que você está falando?" Eles disseram: "Ligue a TV". E eu não podia acreditar no que vi. E eu gritei no corredor: “Todo mundo, rápido, levantem, temos que ir.” E todo mundo se vestiu e nos afastamos da cidade.
TV GUIDE: Os ataques fizeram com que você escrevesse e produzisse uma gravação da canção What More Can I give para ajudar as vítimas.
MICHAEL: Eu estava aborrecido com a publicidade dos ataques. Não sei se a TV mostrou aquilo demais. E acho que a mídia tem muito o que fazer com isso.
TV GUIDE: Ouvimos dizer que você falará com o Presidente Bush sobre a canção e seus lucros.
MICHAEL: Falarei com ele. Vamos nos falar por telefone. Eles nos disseram que estão muito orgulhosos do que estou fazendo e que ele disse que sou um herói internacional.
TV GUIDE: Sua missão parece ser a de ajudar pessoas.
MICHAEL: Sempre fiz isso, sim. É engraçado agora, porque neste ataque, todo mundo está fazendo esse tipo de música. Fiz isso em toda a minha carreira. Heal the World, We Are the World, Will You Be There, Man in the Mirror, sobre o planeta, canções da terra. E ninguém estava fazendo isso além de mim porque é onde está meu coração. Eu me importo. Meu maior sonho é ter um Dia das Crianças, onde crianças possam se unir com seus pais.
TV GUIDE: Seus filhos viajam contigo?
MICHAEL: A todos os lugares que vou.
TV GUIDE: O que acontecerá quando eles começarem a ir à escola e não poderem viajar muito?
MICHAEL: Vou comprar um computador escolar lá para casa.
TV GUIDE: Então eles irão à escola pela Internet?
MICHAEL: Sim. Como eles entrarão na sociedade? São os filhos de Michael Jackson. Seria difícil demais.
TV GUIDE: Por que você acha ter tal afinidade com crianças?
MICHAEL: Vou dizer. Porque nunca tive infância. Quando elas sentem dor, sinto a dor delas. E quando se desesperam, sinto seu desespero. Tenho tal preocupação sobre o empenho e o estado das crianças hoje. Se houvesse um dia onde crianças pudessem se unir a seus pais, isto faria a diferença. Se tivesse um dia com meu pai, teria feito uma diferença em nosso relacionamento hoje – apenas um dia.
TV GUIDE: Como é o relacionamento com seu pai?
MICHAEL: Muito melhor. Ele está melhor agora. Depois dos netos, ele está mais suave, você sabe. Ele tem uns 30 e poucos netos agora.
TV GUIDE: O que ele achou do especial? Ele estava lá?
MICHAEL: Ele estava no show. Mas, meu pai, se ele sente que você fez um bom show, ele dirá: “Bom show.” Ele não dirá: “Oh... você foi maravilhoso.” Não acho que ele saiba como mostrar afeição. (Michael olha para Prince, que está engatinhando na sala com uma bola de borracha presa em seu nariz, tagarelando e empurrando os repórteres)
MICHAEL: (docemente) Prince, shhh! Você me prometeu ficar quieto, lembra?
TV GUIDE: O que mais você quer fazer com sua carreira?
MICHAEL: Adoro filmes. Vou dirigir mais e atuar mais. Acho que o filme é a expressão artística mais poderosa. Quero fazer um filme com Liza Minnelli. Estamos planejando fazer um filme juntos. É sobre dois artistas esforçados tentando se dar bem; são mandados embora de todo lugar que eles vão. Com a melhor dança. Não estou brincando. Porque vejo, sinto aqui. (aponta para o coração). Enquanto isso, Prince cambaleia pela sala e senta aos pés de seu pai. Paris engatinha para perto de Jackson e senta lá, enquanto ele acaricia o cabelo dela.)
TV GUIDE: Michael Jackson como um pai. É uma imagem que nunca vimos. Você é um bom pai?
MICHAEL: Me esforço ao máximo. Tento diverti-los. Uma vez por ano eu me visto como palhaço, com tudo que tenho direito - o nariz, as calças, e eu os dou doces e biscoitos.
PRINCE: E sorvete.
MICHAEL: E sorvete!
As fotografias do ensaio se encontram publicadas aqui
Fonte: http://www.allmichaeljackson.com