Depoimento de John Landis (02)

Atualização do blog em 20/06/2013: A editora desse blog está decepcionada com John Landis. Ele declarou nesta semana, ao jornal The Star, que Michael Jackson o contatou para dirigir o vídeo da sua música de retorno, em 2007.

Landis conta que Jackson estava desesperado por um grande retorno e que, para convencê-lo, ofereceu-lhe inclusive o controle criativo do curta, o que o diretor rejeitou.

O motivo? "Michael estava desfigurado, não tinha nariz! Era como o Fantasma da Ópera, só tinha uma pequena coisinha no nariz. Eu fiquei horrorizado. Veja a capa do Off The Wall: ele era um garoto bonito!"

Por outro lado... Landi$ tem novos planos para Thriller! Ao jornal, ele disse esperar ser convidado para a fazer a versão 3D do curta, que o espólio pretende lançar em 2014 nos cinemas, pois Thriller é uma obra sua (!!!).

Abaixo, permanece no blog o depoimento aqui publicado em 18/08/12, onde Landis falava como um amigo verdadeiro de Michael Jackson.


'Fizemos o curta Thriller e seu estrelato internacional tornou-se a sensação. O extraordinário talento de Mike havia capturado a imaginação do mundo e eu estava sempre espantado com o seu nível de fama.

Michael permaneceu tímido e com a sua voz suave, mas nunca mostrou medo em frente às multidões de fãs enlouquecidos. Talvez a única vez na minha vida em que eu realmente pensei que iria morrer, foi na Disney World, em uma visita com Michael Jackson.

Ele havia convidado minha esposa Deborah e nossa filha Rachel, que estava com  um ano de idade, para irmos à Disney World a fim de comemorar o sucesso do nosso curta-metragem.

Havia uma atração naquela época, em Orlando, fechada desde há muito tempo, chamada Circus World. Lá encontramos um elefante com apenas dois dias, que era do tamanho de um cachorro grande, adorável como Dumbo. Gostaria de compartilhar a alegria de Michael brincando com o pequeno elefante. Foi o destaque de nossa viagem.


A visita foi dificultada pela enorme celebridade de Michael. A multidão parecia cada vez mais enlouquecida  sempre que Michael passava entre o público e quase sempre estavam gritando histericamente para me assustar, mas Michael nunca pareceu atordoado com o barulho ou aglomeração de pessoas, ao redor.

Ele sorria timidamente e acenava como o resto de nós, freneticamente, à procura de um lugar para escapar.
Walt Disney World foi o maior projeto de construção sem a presença do governo, na história. Literalmente construído em terreno pantanoso, a companhia Disney criou labirintos enormes, túneis com base subterrânea sob o parque.

Muitas vezes, usávamos os carros de golfe para visitar esses túneis, para chegar a portas secretas incríveis no parque, até uma atração ou um show. Um dia, alguém sugeriu que Mike e eu fizéssemos uma foto com Mickey Mouse. Como alguém que cresceu vendo Mickey Mouse Club, eu estava completamente de acordo.

Então, Mike e eu pegamos mais um daqueles carrinhos de golfe, visitamos os túneis subterrâneos, nós passamos por uma porta secreta, e após uma curta caminhada ao redor da área, estávamos perto do castelo de Fantasyland, onde um fotógrafo da Disney e um cara da segurança também da Disney (...fácil reconhecê-los, eles usam casacos e gravatas, óculos escuros e carregam um receptor em seu ouvido, como os Homens do Presidente) estavam à espera.

Enquanto o fotógrafo nos preparava para a foto, eu comecei a sentir um som como um rugido, e eu percebi que era um mar de pessoas que tinha, de alguma forma, descoberto que Michael Jackson estava lá, e em torno de nós, nossa pequena ilha de grama.

E eu quero dizer: um mar de gente! Pessoas, tanto quanto você é capaz de ver em todas as direções. E elas estavam mais e mais animadas de ver Michael Jackson, com gritos de "Michael, nós te amamos!"

Imediatamente começavam a gritar e até mesmo chorar, enquanto as famílias normalmente tranquilas que
caminham através Disney World,  se transformaram em uma massa delirante de vários milhares de fãs em êxtase.

Michael estava apenas sorrindo e acenando, mas eu estava pensando no livro de Nathaniel West, The Day of the Locust (nota: trata-se da praga de gafanhotos de passagem do Velho Testamento). 'Eles vão nos comer!'

Só então, uma voz abafada vindo de dentro da cabeça do Mickey Mouse: "Deus do céu!"

E vi a cara do segurança freneticamente falando no pequeno walkie-talkie. Se Mickey Mouse estava morto de pânico, então eu sabia que tínhamos um problema!

Enquanto a multidão rompia as barreiras de segurança e o pequeno Mickey Mouse e eu estávamos pensando: 'Nós vamos morrer na Fantasyland esmagados por um exército de fãs enlouquecidos de Michael Jackson', uma limusine Cadillac magicamente apareceu diante de nós.

O cara da segurança agarrou Michael, Mickey e eu e literalmente nos atirou para a limusine. A massa de pessoas se virou e varreu o carro como o mar batendo nas rochas. Rostos e mãos pressionados contra as janelas e agora todos os meus medos se tornavam: 'Oh, meu Deus, eu espero que ninguém se machuque!'

De alguma forma, eles nos tiraram de lá e nos colocaram a salvo, sem que ninguém se machucasse. O que eu lembro melhor de todas a aventura foi que enquanto o segurança, Mickey e eu estávamos aterrorizados, Michael estava calmo e sorridente, cumprimentando as pessoas.

Anos mais tarde, Michael ainda ria de mim por ter ficado apavorado: 'Eles só queriam me ver. Não houve nada...' disse ele. E ele riu. Essa memória é um tesouro: Michael sorrindo e acenando, calmo e sereno, no meio da tempestade.'

John Landis (cineasta produtor dos vídeos Thriller e Black Or White)


Depoimento publicado no livro Opus [Título original  Michael, Mickey and me]

Fonte: http://www.numberones.com.br