Depoimento de Tjandamurra O'Shane

Tjandamurra e Michael
O menino Tjandamurra O'Shane quase não foi à escola naquele dia em 1996. Ele tinha acordado sentindo-se  mal, e sua mãe Jenni quis deixá-lo em casa. Mas aos seis anos de idade, ele tinha um brinquedo novo para mostrar aos amigos e insistiu em ir. Tjandamurra permaneceu na sala de aula ao longo da manhã, como ele fazia em qualquer outro dia, e quando tocou o sinal para o almoço, ele saiu para brincar.

Foi quando um jovem tranquilamente chegou na sua escola e se aproximou por trás de Jandamarra. Antes que a criança pudesse se dar conta, o jovem o encharcou de gasolina e ateou fogo.

Ambos nunca tinham se visto antes.

''Eu cheirava a gasolina e eu pensei que vinha do lado de fora da escola, mas depois eu comecei a queimar e eu olhei para o meu braço e estava em chamas'', Jandamarra lembra.

Gritando e queimando, ele percorreu a escola até que o diretor Michael Aitken correu em seu auxílio e apagou as chamas.

Com queimaduras em 70% de seu corpo, os médicos lhe deram pouca esperança de sobrevivência. Mas eles subestimaram a força do menino batizado com o mesmo nome de um aborígene lendário e guerreiro no século 19.

Foi nesse período que Michael Jackson chegou à Austrália com sua HIStory Tour. Como de seu costume, Michael visitava os hospitais e orfanatos por todos os lugares onde apresentava a sua turnê.

Contaram-lhe sobre o caso de Tjandamurra que repercutia na mídia. Michael ficou sensibilizado e quis vê-lo pessoalmente no Royal Brisbane Children's Hospital. Michael também deu atenção a todas as outras crianças que ali estavam.





De alguma forma ele sobreviveu e depois de meses de doloroso tratamento, ele pôde voltar para casa. Mas a sua dor não acabou aqui, pois Tjandamurra teve um surto de crescimento e precisou de enxerto de pele para cobrir os danos de seus ferimentos.

E então, passou a sofrer discriminação por parte de alguns colegas.

''Eu sofri bastante bullying na escola por um tempo por causa disso. Ninguém queria ser meu amigo por causa da minha aparência'', diz ele.

Felizmente, quando os tempos ficaram difíceis, ele tinha uma família amorosa para lhe amparar, para não mencionar o apoio do público.

O tempo passou e, em 2011, Tjandamurra estava casado e havia se tornado pai recentemente.

''Eu nunca pensei que seria abençoado com uma família tão linda'', disse ele.

Essa visão lhe permitiu perdoar o homem que lhe causou tanto tormento, Paul Wade Streeton. O criminoso permanece na prisão em uma sentença de prisão perpétua, mas Jandamarra quer conhecê-lo.

''Eu acho que há um monte de gente na minha família que não gostaria disso, mas eu acho importante eu e meus pais lhe darmos o nosso perdão.''

Agora que ele atingiu a idade adulta, ele quer usar sua experiência para ajudar outros jovens, crianças aborígenes, particularmente, através de palestras motivacionais.

''Basicamente eu quero ajudá-los a sair das drogas ou álcool ou qualquer coisa deste tipo. Eu quero mostrar-lhes que é fácil mudar isso, porque eu passei por sofrimento semelhante. O importante é sempre manter uma atitude positiva.''

Tjandamurra O'Shane 

Fonte: http://www.brisbanetimes.com.au