No estúdio com Michael Jackson


"Cada sexta-feira, quem estava trabalhando com Michael Jackson naquele momento, era autorizado a convidar a família para visitar o estúdio, o rancho Neverland, ou onde quer que estivesse sendo o local de trabalho.

No caso de Brad Sundberg o local de trabalho era tanto o estúdio de gravação quanto Neverland. Brad também atuava ali como técnico de som, além do estúdio.

Brad sugeriu a Michael que ornamentasse a entrada do rancho, e todos se lembram do escudo e o nome Neverland que atravessa o arco sobre a entrada, e um medley de quatro minutos das canções mais conhecidas de Jackson, tocando para receber os visitantes, e Brad sugeriu que a própria música de Michael Jackson deveria cumprimentá-los.

"Isso não é o que eu quero", disse Jackson, que solicitou uma gravação de qualidade de Danny Boy.

Surpreso, Sundberg perguntou a Jackson porque ele não iria querer suas próprias melodias e letras para ser a primeira música ouvida na entrada de sua famosa casa, se tornando a sua primeira memória para os visitantes do oásis de fantasia.

"Eu não quero que seja a minha música", disse Jackson.

Brad não conseguia entender e perguntou: "Por que não a sua própria música?"

"Bem, é apenas embaraçoso", foi a única resposta de Jackson. E o assunto foi encerrado. Então, a música que recepcionava os visitantes era Danny Boy. E os outros passeios tocavam músicas da Disney e música clássica.

Neverland era um lugar que foi construído para entreter as crianças e um lugar para a cura. Cura? Ah, sim, a pesquisa revela Jackson entendia de cura muito bem. O poder de cura da música, de recursos visuais e de abraçar o espírito da criança, sem restrição ou limitação.


Jackson entendia o poder de cura da música, da água, de uma atmosfera mágica, o fascínio e a alegria dos animais vivos, o valor medicinal de jogos, passeios e carnaval, da fuga despreocupada do mundo, seus problemas deixados para trás.

Jackson sabia que alguns momentos de magia duram uma vida. Para algumas crianças, ele sabia que um dia de magia poderia sustentá-las através de uma infância difícil.

Há um vídeo de Michael dando uma festa para alguém em sua equipe e que seria destinado para o hospital e o homem é presenteado com um aparelho de vídeos e filmes. Todos os vídeos são filmes como Os Três Patetas, que provocam riso.

Jackson sabia sobre os hormônios e o poder de cura do riso. Ou o poder de mergulhar na magia, para acalmar a alma esfarrapada. Ele estudou sobre isso.

Fornecer alimentação diária e um convite para as famílias na sexta-feira ilustram não apenas a consideração de Michael Jackson, mas uma compreensão mais profunda do conceito sobre o poder medicinal e fortificante dos alimentos, uma espécie de comunhão partilhada por espíritos afins, reunidos em um espaço consagrado para o ato de criação e honrar o impulso criativo.

Convidar as famílias é uma mensagem subliminar sobre a comunidade e o que se faz na comunidade a partir do pão, juntamente com a família amada.

Isso deveria vir como nenhuma surpresa, porque Michael Jackson fazia isso em sua vida pessoal e criativa, bem como em sua mensagem mais comercial: We Are the World.

Aparentemente, ele viveu a sua mensagem e convidava os outros ao redor dele, para vivê-la também. Ele construiu silenciosamente a comunidade. Ele andou e falou com todos, persuadindo à sua volta para o mesmo caminho.

Brad falou sobre o trio mágico composto por Bruce (Swedien), Michael e Quincy e os ''ratos de estúdio'', uma forma de falar que permeava a atmosfera e o clima estabelecido com os artistas reunidos.

Se alguém entrasse no estúdio querendo roubar o centro das atenções, monopolizando Michael ou se fosse desrespeitoso sobre o processo criativo, Michael simplesmente desaparecia para a sua sala de estar, um pequeno quarto construído no alto do estúdio.

Se Michael desaparecesse, era um sinal para o grupo que Michael sentia essa pessoa como um intruso da equipe, e não atendia às exigências. Se agradecia ao indivíduo e este, misteriosamente desaparecia para nunca mais se ouvir falar dele.

O desaparecimento de Michael não ficava reservado apenas como um protesto silencioso, mas ocasionalmente era um truque que ele usava para obter o som ou efeito que ele quisesse. Aparentemente, ele era conhecido por reservar duas ou três salas no estúdio e usá-las sem o conhecimento dos músicos.

Então ele ''instigava'' os membros sobre melhorar o seu trabalho, lhes dizendo que na sala ao lado, eles estavam tendo uma grande inspiração.

Ele e Quincy, às vezes, discordavam sobre quais músicas lançar em um álbum ou na execução de uma determinada peça e Michael iria trabalhar secretamente uma equipe em uma sala do estúdio, para provar seu ponto de vista.


Por exemplo, Quincy odiava Streetwalker, enquanto Michael a queria em seu álbum Bad, além de seu lançamento como single. Em vez disso, Quincy vetou Streetwalker em favor de Another Part of Me. Brad acha que Michael teve razão em seu ponto de vista.

Brad também contou sobre a introdução da canção I Just Cant Stop Loving You, apenas para emocionar o público feminino - e foi revelado que Michael adorava assistir os filmes de fãs desmaiando, durante as apresentações nos estádios.

Que homem não gostaria de ser adorado por muitas mulheres? ''Ele sabia quem ele era'', diz Brad. E ele sabia como ser "Michael Jackson".

Brad lembra de Michael no canto, fazendo escalas musicais e aquecimento vocal com suas fumegantes xícaras de água quente, para preparar a garganta e refinar o som.

Ele recorda a feliz ignorância e inexperiência dos jovens que não tomavam nota, na época, do que testemunhavam e que se tornou uma parte da história da música que nunca terá um replay.

Eu quero acreditar que Brad Sundberg é tão leal quanto parece e vai continuar assim. Acho que ele vai se basear no respeito com que tratava a obra de Michael.

Algo saiu daquele estúdio que me deixou abalada, um poema e um pedaço de música, ainda inéditos, que fala da missão de Michael Jackson neste planeta - que eu sempre achei que ele sabia, mas pude confirmar em sua própria voz, do seu próprio coração.

Foi intenso. É a evidência metafísica e única. Fui procurando, para o que parece agora ter sido há muito, muito tempo. Não é sobre o trabalho de Michael Jackson, é sobre o porquê.''

Nota do blog: A publicação acima são trechos selecionados do texto chamado In the Studio with MJ, o mesmo nome de uma palestra apresentada ao público por Brad Sundberg, profissional na área de som que trabalhou com Michael Jackson.

Reverenda B. Kaufmann (escritora, educadora e ativista)

Fonte: www.innermichael.com