A terceira vez que Michael Jackson esteve no Brasil foi em Fevereiro de 1996. Ele gravou o vídeo da canção They Don't Care About Us, no Pelourinho, em Salvador e no Morro Dona Marta, na cidade do Rio de Janeiro.
Sob a direção de Spike Lee, o vídeo TDCAU expunha as feridas da pobreza do Rio de Janeiro, mostrando o cenário pobre, aos pés do Cristo Redentor, sempre escondido pelas fotografias turísticas da cidade. Depois de pronto, o vídeo passou a mostrar os contrastes que dividem o Rio. De um lado, o luxo dos prédios debruçados sobre a lagoa. Do outro, barracos pendurados sobre rios de esgoto e lixo.
O Pelourinho em Salvador (BA)
Fevereiro de 1996 - A primeira etapa de gravação foi feita no Pelourinho, bairro da capital Salvador, na Bahia. O Pelourinho possui um conjunto arquitetônico colonial barroco português, preservado e integrante do Patrimônio Histórico da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
O Olodum
Fundado como bloco afro carnavalesco em Salvador em 1979, a Banda Olodum é atualmente um grupo cultural, considerado uma organização não-governamental e reconhecida como de utilidade pública pelo governo do estado da Bahia.
Por cerca de uma semana antes da data de Michael Jackson estava para chegar, cerca de 200 homens e mulheres do Olodum se reuniram, à noite, para os ensaios com os tambores.
No dia anterior à chegada de Michael, houve uma conferência de imprensa realizada na "Casa do Olodum" com Spike Lee, o diretor do vídeo.
No dia seguinte, os tambores começaram a bater às sete horas da manhã, e seguiram até as 23 horas. Michael chegou ao meio-dia, acompanhado das crianças da família Cascio. Após duas sequências dele dançando sozinho, Michael filmou a seqüência final do dia, em que ele dançou na frente, como Olodum na parte detrás, batendo seus tambores.
Flagrantes de fãs
Ao encerrar as gravações no Pelourinho, Michael partiu para o Rio de Janeiro. Ele viajou em um avião comercial pela Varig, acompanhado pelos seus seguranças e pelas crianças da família Cascio. O editor da Globo, Marcelo Senna, estava no mesmo voo e contou ter estado bem próximo de Michael durante a viagem. O depoimento completo se encontra aqui
Michael dentro do avião |
Já no Rio de Janeiro, Michael fez um voo panorâmico ao redor da estátua do Cristo Redentor.
Além da permissão para entrar no morro, Michael foi recebido com uma faixa pendurada, que continha a seguinte inscrição:
Welcome to the world, not the wonderful but the humble world of the poor people. (Bem-vindo ao mundo, não o mundo maravilhoso, mas o mundo humilde das pessoas pobres.)
Michael caminhou livremente pelos becos, sempre acompanhado por 60 homens - que teriam sido selecionados pelo tráfico. O governo estadual da época não queria que o vídeo fosse gravado, pois temia que ele denunciasse a pobreza do local e mostrasse as falhas do governo.
Michael Jackson ficou 5 horas e 45 minutos no morro, duas delas, se preparando em um camarim improvisado. Não seguiu o roteiro (de ficar apenas na laje) e andou pelas vielas, subiu e desceu escadas nos becos.
No fim da tarde, Michael trocou o helicóptero que o levou à favela por uma van e aproveitou para passear pela Lagoa Rodrigo de Freitas, localizada na zona sul do Rio de Janeiro.
Michael caminhou livremente pelos becos, sempre acompanhado por 60 homens - que teriam sido selecionados pelo tráfico. O governo estadual da época não queria que o vídeo fosse gravado, pois temia que ele denunciasse a pobreza do local e mostrasse as falhas do governo.
Michael Jackson ficou 5 horas e 45 minutos no morro, duas delas, se preparando em um camarim improvisado. Não seguiu o roteiro (de ficar apenas na laje) e andou pelas vielas, subiu e desceu escadas nos becos.
No fim da tarde, Michael trocou o helicóptero que o levou à favela por uma van e aproveitou para passear pela Lagoa Rodrigo de Freitas, localizada na zona sul do Rio de Janeiro.
A Lagoa Rodrigo de Freitas |
O depoimento de uma fã
A jornalista Claudia Silva, que se diz realmente fã de Michael Jackson, ficou sabendo que o diretor Spike Lee havia proibido a entrada da imprensa no morro.
"Eu não conhecia o Morro Dona Marta. Fui na véspera, para bolar um plano para entrar no dia seguinte. Estava calor, e uma senhora perguntou se eu queria água. Entrei na casa dela e contei que eu era jornalista, e a filha dela disse que se eu quisesse, poderia ficar lá. Era uma família que estava no morro há muito tempo.
Desci, liguei para o jornal dizendo que havia conseguido lugar para ficar, peguei roupa, celular, dinheiro para pagar a 'hospedagem' e fui dormir no morro.''
Todo mundo sabia que havia repórteres lá, e teve uma grande "varredura". Pessoas do próprio morro foram contratadas por Spike Lee para não deixar nenhum jornalista por lá. Foram batendo de porta em porta, mas a dona da casa em que Claudia estava, disse que ela era uma prima.
"Fiquei em um quarto pequeno. A casa estava em obras, e improvisaram uma cama para mim. Ouvia o pessoal passando o tempo todo, do lado de fora. Expulsaram todos os jornalistas. Coloquei um short, camiseta e um tênis e fiquei andando pelo morro, como se fosse namorada do dono da casa. Não dava medo, não era que nem hoje, mas era adrenalina pura estar ali."
Michael Jackson chegou de helicóptero no campo de pouso, no alto do morro.
"Fiquei em cima da lage para ver a chegada dele. Vi quando ele desceu, sem máscara, e passou muito perto de mim, a menos de um metro. Um sósia estava atuando o tempo todo, mas nesse momento era ele mesmo. Fiquei nervosa. Pensei nessa hora: é o meu ídolo, eu vi Michael Jackson!"
O cantor foi para um largo com um belo visual da cidade, onde foi filmado a maior parte do vídeo.
"Fiquei entre as casas, vendo a filmagem, de longe. Não tinha ninguém da imprensa além de mim. Cerca de uma hora depois, começaram a chegar fotógrafos, que conseguiram entrar, além da repórter Glória Maria, da Rede Globo.
"Fiquei em um quarto pequeno. A casa estava em obras, e improvisaram uma cama para mim. Ouvia o pessoal passando o tempo todo, do lado de fora. Expulsaram todos os jornalistas. Coloquei um short, camiseta e um tênis e fiquei andando pelo morro, como se fosse namorada do dono da casa. Não dava medo, não era que nem hoje, mas era adrenalina pura estar ali."
Michael Jackson chegou de helicóptero no campo de pouso, no alto do morro.
"Fiquei em cima da lage para ver a chegada dele. Vi quando ele desceu, sem máscara, e passou muito perto de mim, a menos de um metro. Um sósia estava atuando o tempo todo, mas nesse momento era ele mesmo. Fiquei nervosa. Pensei nessa hora: é o meu ídolo, eu vi Michael Jackson!"
O cantor foi para um largo com um belo visual da cidade, onde foi filmado a maior parte do vídeo.
"Fiquei entre as casas, vendo a filmagem, de longe. Não tinha ninguém da imprensa além de mim. Cerca de uma hora depois, começaram a chegar fotógrafos, que conseguiram entrar, além da repórter Glória Maria, da Rede Globo.
Michael desceu as escadarias e foi na associação de moradores do morro, falou com as pessoas, pegou um bebê no colo e deixou uma boa impressão. Apesar de sua excentricidade, ele teve um momento muito humano, muito natural. Mesmo com o mega esquema, ele andou pelas ruelas, não fez nenhum ato do tipo 'estou com nojo, com medo de bactérias', coisas que a gente poderia imaginar.''
A jornalista destaca como uma "experiência maravilhosa" estar lá e ver como as pessoas se comportaram e a atitude do cantor. Todo mundo acordou cedo e limpou sua calçada para receber a ilustre visita. Os moradores pareciam orgulhosos de estar recebendo o astro.
"O melhor foi que a família que me acolheu são meus amigos até hoje. Eu nuca mais perdi essa família. Sempre mantive contato com eles, desde então. Mesmo quando morei em Londres mandava cartas. Ganhei uma família de amigos, muito especial mesmo!"
"O melhor foi que a família que me acolheu são meus amigos até hoje. Eu nuca mais perdi essa família. Sempre mantive contato com eles, desde então. Mesmo quando morei em Londres mandava cartas. Ganhei uma família de amigos, muito especial mesmo!"
Os depoimentos da repórter Glória Maria da TV Globo, que teve acesso a Michael:
"Comigo, as coisas não são normais. Eu não entrevistei Michael Jackson, foi ele que me entrevistou. Eu o acompanhei quando gravou na Bahia e fiquei negociando para ver se ele falava comigo. Estávamos no Pelourinho e Michael viu o carinho do povo comigo, então, disse que conversaríamos no Rio.''
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A segunda versão do vídeo TDCAU
* Em 2009, Glória Maria deu um segundo depoimento e falou sobre o que ambos conversaram, quando ficaram a sós.
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A segunda versão do vídeo TDCAU
De volta aos Estados Unidos, Michael, pela primeira vez na carreira, fez uma segunda versão para um de seus vídeos musicais; A nova produção tinha como cenário uma prisão americana e foi gravada em estúdios de Nova York.
Michael e Spike Lee na gravação da segunda versão |
Esta versão se tornou mais conhecida nos EUA e Europa. A VH1 e a MTV tiveram a permissão para transmitir o vídeo, restrito para depois das 21h, devido às imagens fortes, o que levou a MTV americana a retirar o vídeo de sua grade de programação.
A estátua no morro Santa Marta
Em 2010, uma estátua de bronze de Michael Jackson foi erguida no mesmo local onde ele gravou cenas do video TDCAU. A obra, produzida pelo artista plástico Estevan Biandani, retrata o cantor com o mesmo visual do vídeo em 1996: óculos escuros, camisa rasgada e os braços erguidos.
A laje também ganhou um mosaico do cantor, feito pelo artista plástico Romero Britto. O espaço, que antes já era chamado de Laje Michael Jackson, recebeu o nome do cantor oficialmente.
A laje também ganhou um mosaico do cantor, feito pelo artista plástico Romero Britto. O espaço, que antes já era chamado de Laje Michael Jackson, recebeu o nome do cantor oficialmente.
Mais imagens
Com as crianças da família Cascio |
Mostrando seus discos de platina pelas vendas do álbum HIStory no Brasil |
Rio de Janeiro. Após um longo dia de gravações do TDCAU,
Michael ensina a Marie Nicole e Dominic um jogo de cartas
|
Subindo o Morro Dona Marta com as crianças Cascio |
Fazendo compras em Ipanema. Michel comprou brinquedos e distribuiu para as crianças do local |
Com Alex Gernandt, editor-chefe da revista Bravo (Alemanha) |
O crachá de identificação na fictícia prisão
da versão norte-americana de TDCAU
Veja aqui mais imagens do vídeo TDCAU
Uma seleção de 11 vídeos registrando
a presença de Michael Jackson no Brasil
http://musica.uol.com.br
http:// MJBeats.com
http:// MJBeats.com
http://www.jblog.com.br
http://www1.folha.uol.com.br
http://www.new.divirta-se.uai.com.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Olodum
http://offthewall.forumeiros.com