A magia de Peter Pan (02)

Michael Davies aos seis anos, vestido como Peter Pan
em foto registrada por Barrie em Agosto de 1906

Peça teatral em cartaz em Londres levanta novamente discussão sobre dramática história da família que inspirou James Matthew Barrie a escrever Peter Pan

Uma nova peça de teatro sobre Peter Pan acaba de estrear em Londres, levantando o debate sobre a vida dramática das figuras reais que inspiraram o escocês James Matthew Barrie a escrever seu famoso clássico sobre o menino que não queria crescer.

A peça Peter and Alice conta a história do encontro fictício entre Alice Hargreaves, inglesa que teria inspirado Lewis Carroll a escrever Alice no País das Maravilhas, e Peter Llewelyn Davies, que teria inspirado a criação de Peter Pan, segundo alguns rumores, embora o próprio Barrie tenha dito que, na realidade, sua fonte de inspiração foi cinco irmãos.

Na narrativa fictícia de Barrie - lançada em 1904 como uma peça de teatro que obteve sucesso imediato -, Peter Pan faz amizade com os irmãos Wendy, John e Michael e os leva para um passeio na Terra do Nunca, um mundo mágico povoado por piratas, fadas, sereias e índios.

Na vida real, a história que levaria a criação do personagem Peter Pan teria começado em 1897, quando Barrie tinha 37 anos e já era um escritor casado e bem sucedido.

Segundo seu biógrafo, Andrew Birkin, o autor encontrou três irmãos da família Llewelyn Davies passeando pelos Jardins de Kensington e se encantou com eles.

"Na época, Barrie era o escritor mais rico do país, mas não tinha filhos", disse Birkin à BBC. "Ele encontrou em Kensington o jovem George Davies, que tinha 4 anos, e passeava com seus irmãos mais novos, Jack e Peter, e sua babá, Mary Hudson, e começou a conversar com eles".

Os três meninos eram, então, os únicos filhos do advogado Arthur Llewelyn Davies e sua mulher, Sylvia, filha de um escritor. Mais tarde, porém, o casal teria mais dois filhos: Michael e Nicholas. O que se chamou Peter, para alguns, teria sido a maior fonte de inspiração para Peter Pan.

Barrie fez amizade com os Llewelyn Davies. "Para ele, era quase como ser um avô. Ele podia aproveitar a convivência com a família Llewelyn Davies sem ter que assumir responsabilidade pelas crianças", diz Birkin.

Quando era jovem, o criador de Peter Pan perdeu o irmão mais velho em um acidente de patins, o que devastou sua família e teria contribuído para sua depressão.

"As pessoas podiam ter a impressão de que ele era um homem triste e sozinho, mas, na minha opinião, durante 80% do tempo era uma pessoa bem humorada e em apenas 20% era melancólico", contou Nicholas, um dos cinco irmãos Llewelyn Davies, em uma entrevista para a BBC em 1978.

Os meninos se referiam ao escritor como "tio Jim". Em 1907, o pai dos cinco meninos morreu de câncer, aos 44 anos, e três anos depois, sua mãe também faleceu, deixando os garotos órfãos. Barrie, que na época havia acabado de se separar da mulher, tornou-se uma espécie de "guardião informal" dos irmãos Llewelyn Davies, pagando boa parte dos custos de seus estudos.

"George, Michael e Nicholas gostavam muito de Barrie e lhe escreviam frequentemente. Michael chegou a escrever duas mil cartas para ele", diz Birkin. "Já Peter tinha uma relação um pouco mais complicada com o escritor."

George morreu nas trincheiras da 1ª Guerra Mundial em 1915, com apenas 21 anos. Seis anos mais tarde, Michael morreu afogado em Oxford, aos 20 anos. Alguns dizem que ele teria se suicidado. Para Birkin, porém, tratou-se de um acidente.

Fotografia de James Barrie com dedicatória à Sylvia, a mãe dos garotos

Barrie morreu em 1937, mas nunca se recuperou da morte de George e Michael. Na época, Peter Davies estava trabalhando como editor. Em 1960, porém, ele se matou, se jogando na frente de um trem em movimento, em Londres.

Veja também : Peter Pan - Parte 01

Fonte: http://noticias.terra.com.br