Depoimento de Dieter Wiesner (02)

Fotografia ilustrativa

''O seu rancho era um sonho, com exceção dos crocodilos. Fazia calor e o céu da Califórnia estava azul brilhante e se estendia sobre o vasto rancho Neverland, como uma grande tenda.

Havia silêncio, se escutava apenas o som dos pássaros e o bater de suas asas. O chilrear dos grilos e o som rítmico do sistema de irrigação, em uma parte mais distante que se podia ouvir, se complementavam.

Michael corria através de um prado exuberante. No começo, parecia uma distante figura minúscula e depois, lentamente, começou a aumentar, se aproximando.

Ele estava vestindo uma camisa vermelha desabotoada, camiseta branca e calças pretas. O calor era suportável graças à brisa suave do Vale de Santa Ynez.

O cabelo e a camisa de Michael se ondulavam ao vento que estava úmido, o andar era rápido, atlético e tonificado. Muitas vezes, dando pequenos saltos, mais como alguns passos de dança.

Seus olhos corriam de um lado para o outro, e ele estava sorrindo sobre este belo dia de verão, ele estava de bom humor. Ele era um rei em seu reino. Ele estava em seu elemento natural.

De repente, estava em minha frente, colocando as mãos atrás das costas. Michael primeiro olhou para mim e depois para o céu e disse “Olá” com um sorriso, depois de ter dado o seu inimitável 'Olá, Dieter!'

- Deus te abençoe! Você parece ótimo! Oh, que dia maravilhoso! - acrescentou.

Ele percebeu que meu rosto já estava bronzeando. Eu lhe disse que tinha passado a hora do almoço. Na parte superior, nas montanhas de Neverland, onde há grandes rochas, sentado ao sol e meditando, ele me olhou de cima a baixo e exclamou com horror em sua voz:

- Como assim? O que você está fazendo?

Michael colocou a mão no meu ombro:

- Você está louco? Você ficou louco?

Ele percebeu que eu estava de pé diante dele, com os pés descalços e de shorts.

Os meios de comunicação costumam descrever o rancho Neverland como um paraíso na Terra, cheio de borboletas, libélulas e flores silvestres.

Claro, isso era verdade. Mas Michael estava se referindo a cascavéis e escorpiões que, por vezes existiam entre as pedras. E assim o fato de que eu estava lá sem sapatos, parecia incompreensível.

Ele agarrou sua cabeça mais uma vez, me avisou sobre as ardilosas cascavéis e, com uma expressão muito séria, me aconselhou a não andar com os pés descalços no rancho.

Até mesmo estas criaturas perigosas - criaturas de Deus tem o direito de ir para a arca de Noé, assim como Michael não pediu que saíssem da propriedade, mas as percebia como uma parte do universo de Neverland.

Às vezes, à noite e ao longe, se ouvia coiotes uivando — uivos estranhos e misteriosos. Quando Michael ia ver Prince e Paris, ele fechava as janelas dos quartos das crianças durante o dia. Ele era um pai amoroso, cuidando das crianças sob seus olhos, e da mesma forma, quando elas estivessem fora. Porque os coiotes são ativos não só durante a noite.

Depois que eu coloquei minhas calças e meus sapatos, bebemos chá gelado na sombra do terraço e fomos dar uma caminhada ao redor do rancho. Que dia lindo! Nós não falamos sobre novos projetos, ou outros assuntos. Em um dia como este, esquecemos todas as preocupações.

Nós caminhamos ao longo das velhas árvores, o lago com cisnes negros, com os pavões... e nos aproximamos do recinto de animais do zoológico pessoal de Michael. Devemos ter instintivamente seguido os gritos de papagaios. Finalmente, paramos perto da exposição de crocodilos e nos apoiamos na cerca.

De repente, Michael pulou a cerca e, em um piscar de olhos, estava de pé à beira da piscina. Ele estava sentado com as pernas balançando um pouco acima da água. Com um sorriso, olhava as enormes criaturas imóveis na piscina. Um crocodilo estava logo abaixo dele, com a cabeça na parede da piscina.

Me senti mal ao vê-lo, mas eu pensei que talvez Michael fizesse isso muitas vezes e que conhecesse os répteis. Michael pegou um punhado de pedras e começou a jogar para perto do crocodilo, como se quisesse acordar o réptil.

Parecia que o crocodilo não sentia nada, mas mesmo assim, eu avisei. “Michael, tenha cuidado para não exagerar!" Ele não me escutava.

De repente, a água ferveu e o crocodilo que estava perto dele abriu sua mandíbula em um ângulo quase reto e tentou pegar sua perna. Michael rapidamente levantou as pernas para cima, logo antes da mandíbula do crocodilo se fechar.

Depois, ele se colocou acima da piscina, novamente. Ele estava se dobrando de rir. Ele ria e ria, jogando a cabeça para trás, não podia parar. Esse era o real Michael.''

Dieter Wiesner (ex-gerente de Michael Jackson)

Fonte: http://michaeljacksonmyobsession.blogspot.com.br