Javon: ''Enquanto isso, toda essa produção em massa estava sendo preparada, como um grande motor a jato se preparando para a decolagem. Mas as histórias que ouvi sobre Sr. Jackson era mais ou menos o que eu esperava.
Eu soube por algumas das pessoas que trabalhavam no concerto somente por estar na indústria da música, e nós sabíamos por dois rapazes da equipe de vigilância. Eles disseram, "Ele não é mais o mesmo."
Isso não era novidade para nós. Eu soube que havia um par de ensaios perdidos porque ele estava cansado. Recebia ocasionalmente ligações de Grace. Ela dizia, ''O chefe está cansado de trabalhar nos concertos, se observa.''
Estes ensaios eram de sete a oito horas seguidas de trabalho físico intenso. Para fazer isso todos os dias, dia após dia, durante semanas? Você precisa descansar. Eu sabia que ele não dormia muito.
Mas quando ele estava conosco, sem o concerto, se ele não dormisse, ele poderia sempre ter calma no dia seguinte. Enviava as crianças para um parque infantil com a gente, enquanto descansava um pouco. Mas se ele terminasse exausto os ensaios todos os dias, ele precisaria conseguir dormir.
Aquele filme que fizeram dos ensaios? O documentário This Is It de Michael Jackson? Eu nunca assisti. Eu não posso vê-lo, porque eu sei o que estava acontecendo nos bastidores. Eu sei que tudo o que estava acontecendo.
Seria como assistir a um show de mágica depois que você viu como se fazem os truques. Todas aquelas pessoas que falam sobre a grandeza que esse show seria e sobre quão animado estava Sr. Jackson. Tudo soa falso para mim.
Michael Jackson era um perfeccionista, por isso, se ele iria fazer esse concerto, iria se comprometer com o melhor desempenho para seus fãs. Ele estava comprometido nesse sentido, mas... ele realmente queria estar ali?
Acho que não. Acho que ele queria estar em Virginia, caminhando no campo com os seus filhos e lançando fogos de artifícios. Acho que ele queria estar naquele bar em Georgetown, saber o que se sente em tomar uma cerveja com alguns amigos. Acho que ele queria ser livre.
No final de maio, depois de todo esse acúmulo, toda essa bomba, foi anunciado que os primeiros concertos em Londres seriam adiados por uma semana. Na mesma época, Peter Lopez começou a perguntar sobre se eu e Javon iríamos para Los Angeles, talvez devêssemos estar em Los Angeles para o último trecho antes de ir para o estrangeiro.
Peter e eu estávamos falando por telefone a respeito da casa em Londres, e depois, eventualmente, ele diria, talvez devêssemos estar em Los Angeles para o último trecho, antes de ir para o estrangeiro. Então, Peter e eu estávamos falando por telefone sa respeito da casa em Londres e ele disse, ''Então, quando vocês virão para Los Angeles?''
Eu não quero dizer que não me entusiasmava, mas ainda tinha um negócio que não havia sido abordado. O contrato proposto que foi enviado para a empresa que o administrava, havia se passado três meses e ainda não sabia de nada.
Eu confiava em Peter e acreditava no que ele dizia, mas ele não estava no comando, a respeito disso. Michael Amir nunca retornava minhas ligações, e com esta mudança de personagens lá fora, eu realmente não tinha ideia de quem estava no comando.
Era pior do que os dias com Raymone. Ao menos com ela, eu sabia quem era o ponto de contato para os negócios do dia-a-dia. AEG era a responsável por dirigir os concertos, mas do lado do Sr. Jackson, em sua organização, era uma confusão.
Eu mesmo ainda não tinha resolvido o negócio do iPhone do Sr. Jackson e sua mãe. Ele ainda estava pendente de pagamento no AT & T, e eu não poderia sequer começar a falar sobre isso com ninguém que estava agora, cuidando das coisas do Sr. Jackson.
Você não se sente confortável trabalhando assim. Eu estava cauteloso sobre o assunto. E eu não podia deixar minha filha de novo, e eu sabia que Javon não deixaria sua família novamente sem uma certeza.
Os horários de viagem. As condições de pagamento. Alojamento. Nada disso estava em seu lugar. Então, quando Pedro Lopez tocou o tema de Los Angeles, eu recuei, esperando para ver que tipo de resposta iria conseguir com esses arranjos.
Finalmente, em meados de junho, Peter me chamou e disse, "Talvez você devesse estar em Los Angeles.''
Ele disse, "Michael quer que vocês estejam em Los Angeles.''
Ele me disse para ligar para Michael Amir para fazer os arranjos. Eu sabia que se eu o chamasse seria inútil. Eu havia tentado de todas as formas. Não havia resposta. Ele não estava retornando sequer as chamadas de Pedro Lopez.
Nem parecia tão urgente, apesar do Sr. Jackson nos querer lá. E nesse momento, estávamos apenas a um par de semanas para partir para Londres. Que sentido teria nós irmos para Los Angeles? Nada aconteceria até que partisse para o exterior.
Cerca de uma semana depois, recebi outra chamada. Isso foi por volta das 8:30, eu me lembro exatamente. Era Sr. Jackson quem estava chamando neste momento. Eu não tinha sabido nada dele fazia algum tempo.
Sua pergunta específica foi, "O que aconteceu com você? Onde está você? Por que não está em Los Angeles?''
Eu disse a ele que ele estava tentando fazer os arranjos, mas não tinha chegado em qualquer lugar. Ele me disse para falar com Michael Amir novamente. Eu disse que eu o faria, e isso foi tudo o que ele disse. Ele não me deu uma razão para querer que estivéssemos lá, nada.
Eu me senti como, 'O que está acontecendo? Ele estava cercado por pessoas de lá. O que ele precisa de nós? Nos querem em Los Angeles porquê?'
Havia apenas um par de razões nas quais eu poderia pensar. Eu sabia que ele não gostava de ter os filhos cercados por estranhos e Grace já estava em Londres. Talvez ele somente quisesse um rosto familiar na casa. Também precisava de alguém para tirá-lo das reuniões, de intervir e dizer. "Sr. Jackson tem que ir agora."
Talvez tenha sido isso. Eu honestamente não sei. A última vez que tinha ido para Los Angeles, tinha dirigido todo o caminho e me sentado no saguão de um hotel apenas para entregar o Oscar, me virar e ir para casa. Seria isso outra vez?
Foi exatamente a mesma situação na qual eu tinha estado nos dois anos anteriores, quase no mesmo dia. Estava aqui em Las Vegas e ele estava em Virginia, dizendo, "Onde você está? Quando é que você vai chegar?"
E eu não conseguia falar com Raymone para fazer os arranjos, mas não importava - ele precisa de nós - e saímos.
Agora, nós hesitamos. Isso foi o que mudou. Pelo Sr. Jackson, dirigíamos por todo país sem pensar duas vezes. Sr. Jackson chamando e dizendo que precisava de nós... as crianças precisam de nós... pegávamos o carro e saímos, sem perguntas.
Mas estávamos dispostos a fazer o mesmo, deixando os nossos próprios filhos para estar no meio de todo esse assunto sobre o Rei do Pop? Simplesmente não sentíamos o mesmo. Havia acontecido tantas coisas, desde então.
Eu fiz o que eu costumava fazer, por vezes, quando Sr. Jackson me fazia pedidos estranhos ou incomuns, como quando ele me pediu para encontrar um simulador de helicóptero ou uma esteira. Eu esperaria alguns dias para ver se ele iria desistir ou se ele o faria novamente. Dessa forma, eu poderia saber se ele estava falando sério ou se era apenas um capricho.
Como não parecia urgente, eu pensei para mim mesmo, ''Se é importante, ele vai ligar de volta. Ele não ligou novamente.''
Extraído do livro Remember The Time: Protecting Michael Jackson in His Finals Days escrito por Bill Whitfield e Javon Beard - ex-guarda-costas de Michael Jackson.
Fonte: http://mjhideout.com