A aura de ''Billie Jean''


''Se alguém tivesse que escolher uma única música para definir Michael Jackson como um artista, teria que ser Billie Jean. Com a instantaneamente identificável e sombria linha de baixo e narrativa misteriosa dela, ela contém toda a fascinante tensão e paradoxo do criador dela.

Ela é intrigante e perturbadora, explícita e enigmática, confissão e dissimulação. A interpretação visual de Jackson – primeiro na forma do apaixonante vídeo musical e, segundo, através da sua legendária performance no Motown 25  – somente aumentou a aura artística dela.

Assim como outros “clássicos” populares, no entanto, há uma tendência a elogiar a “grandeza” dela sem prestar muita atenção ao porquê e como ela alcançou esse status. “Mas deixe tocar”, escreveu o crítico musical Mark Fisher, “e você logo estará enfeitiçado pelo drama dela, seduzido para dentro do seu espaço sonoramente ficcional.”

Fisher continua, afirmando que uma escuta atenciosa irá revelar que Billie Jean não é apenas uma das melhores músicas já gravadas, é uma das maiores obras de arte do século 20, uma multi-nivelada escultura sonora, cujo furtivo e sintético brilho de pantera ainda produz detalhes e nuances não percebidos anteriormente, trinta anos depois”.

Fisher não está sozinho nesta declaração dele.

A BBC proclamou a faixa a “mais incrível gravação de dança de todos os tempos.”

Em 2005, em uma lista compilada pela Blander do top 55 dos singles de nosso tempo, Billie Jean conquistou o primeiro lugar. O Guardian a chamou de “uma das músicas mais revolucionárias da história da música popular”.

“Isto foi dito antes”, reafirmou a Rolling Stone em 2009, “mas não custa repetir: Billie Jean é uma obra de arte, e uma que não perde o seu poder estranho e sombrio, não importa quantas vezes você a escuta… Sinuosa, paranoica e onipresente [ela é] o single que fez de Jackson a maior estrela desde Elvis”.

Extrato do livro Man in the Music de Joseph Vogel