Entrevista com Lisa Robinson (11)


The Westin Hotel Crown Center em Kansas City, Missouri, 23 de fevereiro de 1988

Michael Jackson tinha acabado a noite de abertura de sua Bad Tour e seu empresário Frank DeLeo arranjou para que eu visitasse a estrela em sua suíte do hotel. Não havia manipuladores, sem seguranças, nenhum membro da família, incomum para uma visita de Jackson. Nós sempre tivemos uma ''relação artista-jornalista'' amistosa durante os últimos 16 anos, e Michael pediu para me ver.

Para Kansas City, a suíte era pródiga, do tamanho de um pequeno apartamento, mas quando eu entrei, nós passamos por um guarda da segurança e Michael estava longe de ser visto.

“Michael?” Eu chamei enquanto andava.

Depois de alguns minutos, eu ouvi risinhos por detrás de uma porta. Aos 29 anos de idade, Michael Jackson estava, literalmente, brincando de esconde-esconde. Eventualmente ele apareceu, vestindo calça preta e uma camisa vermelho-vivo, com o cabelo semi-esticado em um rabo de cavalo frouxo com alguns fios caindo sobre o rosto.

Ele me abraçou. Ele era mais alto do que eu lembrava, mais alto do que parecia nas fotos e ele continuou rindo, enquanto me abraçava. Eu pensei que era o abraço de um homem, não de um menino e, enquanto não havia nada de sexual, ele simplesmente era forte.

Então ele me puxou, olhou para mim, usando a parte inferior e mais “normal” das duas vozes que ele poderia produzir à vontade, e perguntou :

“Que cheiro é esse? De quem é esse perfume?”

Eu ri. “Oh, Michael, você não conhece este perfume. É um antigo perfume drag queen da década de 1950.”

Com a palavra “Drag queen”, ele começou a dar risadinhas e repetiu: “Drag queen... hahahahahaha!. Não, eu sei. É Jungle Gardenia, certo?”

Eu estava mais do que ligeiramente surpresa.

“Como você sabe disso? As únicas pessoas que reconhecem este perfume são Bryan Ferry e Nick Rhodes... Bem, acho que você não é tão ''lá-lá'' como eles dizem que você é.”

A expressão ''lá-lá'' fez ele rachar de rir e ele repetiu: “La-la hahahahahaha...”

Poucos dias depois, eu mandei um vidro de Jungle Gardenia à sua suíte do hotel Helmsley Palace em New York.

Na noite seguinte, em 2 de março, eu estive nos bastidores no Radio City Music Hall e Michael aguardava com os cantores gospel do The Winans, prestes a realizar a performance de ''Man in The Mirror'' na cerimônia do Grammy Awards ao vivo. Olhando para mim, ele sussurrou, "Obrigado pelo perfume... eu estou usando ele agora.''

Fonte: http://www.vanityfair.com 
Tradução: O livro ''As várias faces de Michael Jackson'' de Marcílio Costa da Silva