O Rei na Polônia (03)


Depoimentos do Professor M. Kwiatkowski e de Waldemar Dąbrowski

Professor M. Kwiatkowski é tido na Polônia como grande autoridade entre os amantes de História, um membro da Ordem de St. Staniławs e Cidadão Honorário na cidade de Varsóvia. Ele foi uma das poucas pessoas que conversaram com Michael Jackson na maior parte do tempo. quando o Rei do Pop passou pela Polônia em 1997. O Professor falou sobre seu encontro com Michael Jackson:

''No começo eu era bastante negativo em relação a Michael Jackson [*por causa da mídia] e depois tive a oportunidade de mudar meu conceito, graças à maneira como ele reagia às pessoas, às crianças e em relação à arte.

Michael Jackson chamou minha atenção porque estava interessado em arte barroca. Enquanto visitava o palácio em Wilanów, ele notou detalhes que escapavam aos olhos de outras pessoas inteligentes que antes eram conduzidas por mim através da residência real. Há muitas obras, mas Michael notou detalhes, o que me permitiu pensar que ele realmente conhecia e gostava muito do estilo Barroco.


Com o Professor M. Kwiatkowski

Eu tive a melhor impressão. Ele tinha sua palavra de ordem. "Eu te amo", as quais ele dizia não apenas para as pessoas de seu convívio, mas para as massas de centenas de milhares de pessoas. Ele também adotava este slogan para seus contatos diretos. Mesmo quando ele falava comigo, ele ocasionalmente interrompia seu tema, intercalando um "eu te amo". Foi como um encantamento do povo. Como costumava ser dito: "Louvado seja Jesus Cristo", ele dizia "eu te amo". Isso foi bom e ele conquistou a cada um por seus méritos.

Michael amava as crianças do mundo inteiro. Ele as amava do jeito que todos deveriam amá-las. Eu testemunhei suas reações à situação dos pequenos no orfanato. Eu fiz uma pergunta. "De onde vem esse amor pelas crianças?" E ele respondeu que é preciso dar amor às crianças e pensar nelas, porque elas são a esperança para o mundo. Adultos, na sua opinião, muito menos. Eu entendo ele. Esta atitude não pode ser combinada com o seu "ser infantil". Eles aproveitaram isso e o acusaram de pedofilia, mas era uma colocação filosófica.


Eu o vi conversando com as crianças. Eu estava com ele no orfanato. Durante esse tempo, ele não queria falar com ninguém, exceto com as crianças. O intérprete teve que traduzir tudo o que as crianças diziam e Michael respondia a todos com uma paciência sem precedentes. Ele sorria com genuína alegria.


[Sobre a histeria das multidões]
No primeiro momento, tive a impressão de que aquilo era loucura, a juventude com fome de vida. Difícil chamar isso de outra coisa. Depois disso, vi o que estava acontecendo em Paris e era exatamente o mesmo. Jovens, adultos, em frente ao hotel, todos gritavam "eu te amo" a noite toda, seu chavão. Michael Jackson desencadeava reações positivas e incomuns ao redor do mundo. Ao contrário de muitos artistas que constantemente provocam agressão, ele atingia as pessoas bem no coração. Mas ele também mostrava seu coração para eles.''

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Abaixo, o depoimento de Waldemar Dąbrowski, diretor da Agência Estatal para o Investimento Estrangeiro e, mais tarde, Ministro da Cultura e Diretor da National Opera.

''Eu estava cercado por uma aura de seu trabalho porque a minha filha ouvia Michael Jackson desde a infância, embora isso seja falar o mínimo, ela nos dava uma overdose com a reprodução incessante das músicas de Michael. A propósito, agora, após sua morte, minha filha com 24 anos pegou os pratos com os autógrafos e os molhou com lágrimas. O mais sincero e honesto que você pode imaginar. 

Eu mesmo prestei atenção às letras de Michael, que eu não escutei mais cedo, as peguei de volta de quando ela era menina. Eu entendo que isso é poesia. Uma vez chamaríamos essa poesia como envolvente, a voz de alguém que anseia por alguma coisa. Para entender, é preciso ler seus versos, ouvir suas músicas, sobre o que se fala... a vontade de mudar o mundo, mas este é um mundo considerado Cosmos, presente em todos os seres humanos em nossa sociedade atual, local, americana e mundial. Não é coincidência que centenas de milhões de pessoas derramem lágrimas pela notícia de que ele nos deixou.

Eu estava preparado para o encontro com o megastar. Se eu tivesse procurado por um nome... honestamente... esse era Peter Pan. Esse era um homem que em si mesmo fortalecia a sensibilidade de uma criança, provido da consciência de um homem maduro que decidira pensar incessantemente no mundo; ele o tornaria melhor. Considerando que ele olhava para o mundo com seu coração, não apenas através da lupa e dos olhos de um homem sábio.
  
Estávamos lidando com um poeta brilhante que, por muitas razões, não se rendeu à realidade e conseguiu materializar a apreensão por um mundo melhor. Muito mais, ele conseguiu encorajar milhões de pessoas a sentir o que ele sentia por um momento e o que ele generosamente dava aos outros.


Particularmente Michael Jackson era uma pessoa incrivelmente legal, mas também muito determinado / resoluto, sem levantar o tom de sua voz. Ele conseguia resgatar coisas que eram importantes para ele, fosse na conversa ou em seu relacionamento com sua equipe, falando à beira de sussurros, apenas na fronteira do audível. Isso certamente atesta os traumas de sua infância, a qual ele realmente não teve.


Ele era um artista sem pausa, mesmo durante uma conversa, quando ele fazia perguntas extraordinariamente inteligentes e astutas, ele formulava como se, ao mesmo tempo, ele já estivesse escrevendo seus versos, palavras para suas canções. Enquanto falava, ele parecia ao mesmo tempo moldar seu corpo em outras figuras de dança. Isso não rompia a comunicação com ele, não atrapalhava o sentido da conversa. Dava para perceber que sua natureza artística é um valor que estava sempre presente nele, buscando constantemente a melhor forma de expressão e, como se viu, inconscientemente, fazendo isso.


[Durante toda a visita à Polônia] ele estava entusiasmado e agradecido. Ele tinha tanta dignidade! Os dias estavam tão cheios de eventos, reuniões, idas e vindas, ele tinha todo o direito de estar cansado, de fugir por um momento em particular. Ele estava sempre disponível, sempre sorrindo. Michael amava seus fãs, sobretudo. Eu vi o prazer em seu contato com eles... quando ele estava nas barreiras. Tentamos esconder [a chegada dele no aeroporto], mas não conseguimos. Eles quase o atropelaram por amor.


Michael Jackson provavelmente amava o mundo inteiro. Ele era um mensageiro de amor. Ele carregava em si uma enorme curiosidade sobre o mundo. A Polônia foi uma descoberta para ele, e ele experimentou todas as histórias que ouviu, como as perguntas que ele fez testemunham. Ele tinha uma grande necessidade de transmitir afeto a todo mundo. Ele queria ver o bem nas pessoas. Ele não tinha medo delas, ele gostava de conhecê-las. Onde quer que ele aparecesse, tínhamos uma atmosfera festiva.





Nota do blog: Eu compilei os dois depoimentos acima a partir de duas entrevistas publicadas na obra Love You Poland [foto abaixo], que é um livro de fotos e narrativas sobre a estadia de Michael Jackson na Polônia em 1997, pelo fotógrafo Cziesław Czapliński, que documentou a permanência de Michael lá.


*A matéria completa sobre a visita de Michael Jackson à Polônia em 1997, incluindo fotografias, vídeos e outros depoimentos, pode ser lida aqui

Fontes:
https://all4michael.com
http://www.polishartworld.com