Conversas Privadas em Neverland... (07)


O parque de diversões de Neverland

Todos os anos no Natal, Michael fazia trazer animais para o rancho para a apreciação de seus convidados por parte da ''Organização para o Resgate e Conservação dos Animais Zoo to You''. Havia também outras organizações que levavam animais, mas este era o nome que eu associava com os animais que eu vi lá.

Em uma tarde quando minha família e eu fomos para o rancho, Michael nos fez entrar para ver um pequeno orangotango e um chimpanzé bebê. Meus filhos ficaram fascinados. Sentaram-se na grama e brincaram com eles, enquanto Michael e eu conversávamos em seu escritório.

Bianca recentemente falou sobre esse dia, ela disse: "Um dos cuidadores me disse que o chimpanzé sofria de atraso mental e senti pena dele. Lembro-me que os dois tinham fraldas e me beijaram! O chimpanzé pulou no meu colo e me abraçou o pescoço como se fosse a sua mãe. Não queria soltá-lo.''

O escritório de Michael era um pequeno País das Maravilhas por si mesmo. Eu lembro de ter visto todos os tamanhos de tela de TV que a Sony tinha naquela época. Havia três delas sobre as mesas de seus ajudantes e outras ao longo da sala.

Vimos vários filmes juntos naquele escritório. A lareira sempre estava acesa. A sala sempre estava quente e levemente perfumada com potpourri.

Em todos os lugares que você olhasse dentro do escritório havia objetos interessantes. Havia relógios automáticos, um trono folheado a ouro e estofado com veludo vermelho, pinturas a óleo nas paredes [uma das quais mostrava Prince dormindo no mesmo trono de veludo] uma coleção de pesos de papel de cristal soprados à mão, um velho vagão vermelho cheio de bonecos de porcelana e prateleiras cheias de livros encadernados em couro.

Minha peça favorita no escritório era, na verdade, uma que eu tinha comprado em uma loja de antiguidades. Ele a deixava no meio da lareira. 

Merece menção especial. Era uma escultura esculpida em madeira de teca japonesa, com cerca de dois metros de altura e quase a mesma largura. Era uma sereia em uma caverna com uma longa cauda a qual enrolava completamente a base da figura e embalava a pequena sereia. 

Era parte de uma grande coleção de móveis japoneses em uma pequena loja de antiguidades em Solvang. Eu tinha gostado dela no momento em que eu a vi, mas não poderia me permitir a ela.

Eu a descrevi para Michael e disse-lhe que era a única antiguidade que a minha esposa achava que era bonita. Ele disse: "Barney, você pode trazê-la aqui para que você possa vê-la? A proprietária irá permitir?''

Ela disse que sim, mas ela queria US $ 1.600 pela peça.

Disse: ''Parece que é justo e é do tipo de coisas que eu coleciono.''

Lembro-me de entregar-lhe em uma tarde chuvosa. Seu escritório estava quente e a lareira estava acesa quando entrei. Coloquei-a sobre a sua mesa, descoberta. Michael recostou-se na cadeira olhando para ela por um tempo. Em seguida, virou-o para ver a parte de trás, eu olhei de volta para a base e coloquei-a sobre a mesa.

Ele abriu a gaveta de cima da escrivaninha e tirou 16 notas de 100 dólares. Ele sorriu e disse: "Eu tinha certeza de que você estaria certo e é por isso que eu retirei o dinheiro do cofre. É uma verdadeira obra-prima!"

Ele foi até a lareira e tirou algumas coisas do centro da prateleira para substituir pela escultura. Deu alguns passos para trás e ficou olhando, parecia que esse era o seu lugar.

Cerca de uma semana mais tarde eu visitei o rancho com a minha família e eu estava conversando com Michael em seu escritório, quando notei uma série de papéis sobre a sua mesa. Quando eu perguntei por eles, sorriu e disse: "Eu estava esperando que você perguntasse.''

Esta era uma das coisas divertidas sobre Michael. Ele gostava de fazer rodeios. Em vez de me dizer: 'Ei Barney, venha ver isso ", a colocava em algum lugar para eu perguntar por ela.

De qualquer forma, disse: "Estes são os projetos do Parque Temático de Neverland."

Eu lhe disse que nunca tinha ouvido falar que ele estava para construir um. Ele disse: "Isso é provavelmente porque eu tentei manter isso em segredo. Recebi-os noutro dia e queria que você os visse.''

Perguntei a Michael: "Posso trazer a minha esposa e filhos para vê-los?"

Ele disse: "É claro. Vá chamá-los."

Eu fui para o gramado e tive que ''arrancar meus filhos'' dos macacos, prometendo-lhes que eles poderiam voltar e brincar com eles um pouco mais. Eu lhes disse que queria lhes mostrar algo. 

Criss e eu fomos com as crianças para o escritório onde Michael tinha colocado os projetos no chão, presos com pesos de papel. Ele começou a explicar a sua visão do projeto.

O primeiro desenho era uma maquete colorida da Torre de Londres. E você poderia ver as ruas de pedra por baixo. Ele disse que havia todos os tipos de lojas, desde lojas de chá até as de peixe e batatas fritas. 

Michael explicava com gestos e movimentos entusiásticos:

"Há duas maneiras de se entrar em Neverland. Uma é através de um cinturão que faz você voar sobre a Torre de Londres, enquanto você baixa para as ruas que estão abaixo. Tudo o que você pode encontrar em Londres também pode encontrar nesta parte de Neverland.''

''A outra forma de chegar é através de um grande teatro onde se pode sentar na frente de uma tela de cinema e nela você pode ver a Ilha dos Piratas. Esta ilha será três vezes maior do que Matterhorn na Disneylândia. E se iniciará um filme que irá lhe contar sobre todas as coisas que você pode ver em Neverland e você terá uma ideia de para onde ir.''

''Na mesma ilha você poderá ir para a Caverna da Sirene, à Árvore das Crianças Perdidas, ao acampamento indígena ou à Caverna dos Piratas. Também haverá um navio pirata em tamanho natural no qual se poderá subir. Haverá submarinos por toda a ilha, os quais irão deixando os passageiros em locais diferentes.''

''Quando o filme tiver acabado, a tela se abrirá e à frente de vocês aparecerá a verdadeira Ilha dos Piratas cercada por água, como aparece no filme. Haverá as típicas atrações que podem ser encontradas em qualquer parque temático. Haverá montanhas-russas sobre a água que irão percorrer a ilha como em Matterhorn.''

Estávamos animados com tudo isso e por sermos capazes de ir. Meus filhos até se esqueceram dos macacos por um tempo. Perguntei a Michael: "Então, quando se dará isso?"

"Eu ainda não decidi. Há uma série de lugares ao redor do mundo que querem colocá-lo em seu país, mas eu tenho que ter cuidado, porque você não quer cometer os mesmos erros que a Disney Corporation cometeu ao colocar seus parques em outros países.''

''Eu também quero estar em um lugar que possa ser usado durante todo o ano, como a Disneyland e Disneyworld. Então tem que ser um lugar de clima quente. Talvez como o Arizona, se construído nos Estados Unidos'', respondeu.

''E esta pé uma ideia sua?'', lhe perguntei.

Ele disse: "Sim, é algo que tenho planejado durante anos e está tudo registrado para que ninguém possa apropriar-se. As possibilidades são realmente infinitas. Nem sequer foram todas postas no papel, ainda.''



Imagens adicionadas por este blog
Todos ajudamos Michael a enrolar os projetos e os colocamos de volta à mesa. Nunca mais ouvi falar a respeito deles, depois deste dia.

Quando falava de suas ideias, lembrei-me de algo que ele fazia com frequência quando estávamos juntos.

Ele dizia: ''Barney, rápido, eu preciso de lápis e papel.''

Aprendi a levar-lhes para esses momentos e ele pegava o papel e o lápis e escrevia algo no papel e o guardava no bolso. E foram muitos lápis!

Quando eu lhe perguntava o que tinha escrito ele me dizia que ''são ideias e algumas linhas de uma canção. As coisas chegam até mim e tenho que escrevê-las, do contrário logo desaparecerão e nunca recordarei delas''.

Eu encontrei um desses pedaços de papel deixados em minha casa, certa vez, e tinha apenas poucas palavras desconexas as quais somente Michael poderia conhecer o significado.''

William B. Van Valin 
*Médico e amigo de Michael Jackson, em seu livro Conversas Privadas em Neverland com Michael Jackson.

Fonte: Fórum MJHideout