A estrela ardente


''[...] De acordo com Madonna, "o mundo perdeu um dos grandes nomes". Não perdemos Michael Jackson, porque ele não pode desaparecer. Seus grandes álbuns durarão tanto tempo quanto os meios eletrônicos continuarem a existir, enquanto que a escória será esquecida.

Em nenhum lugar a sua contribuição será mais óbvia e sua influência sentida mais fortemente do que no mundo da dança. Nenhum coreógrafo dos últimos 30 anos deixou de mergulhar nos arquivos de Michael Jackson. Ele reescreveu o vocabulário da dança para todos, desde crianças competindo em shows de talentos aos balés reais da Europa.

Se o mundo da dança muitas vezes não reconheceu sua influência, era porque não havia necessidade. Suas formas, seus movimentos estavam por toda parte.

Nijinsky e Nureyev também morreram jovens. Eles também eram dançarinos transcendentais, mas escolheram interpretar a coreografia que lhes era dada.

Em contrapartida, a arte de Michael Jackson foi surpreendentemente inovadora. Ninguém podia dançar como ele até que ele lhes  mostrasse como... e, em seguida, eles nunca foram tão bons quanto ele. Seu conceito de dança era totalmente do século 20, extravagantemente multi-dimensional.

Nijinsky pode ter sido o maior ''Spectre de la Rose'', Nureyev, o maior Corsário, mas estas duas velas empalidecem à luz da estrela ardente de Jackson. A surpresa não é que nós o perdemos, mas que o tivemos de todas as formas.''

Germaine Greer (escritora e crítica de arte australiana)

Fonte: https://www.theguardian.com