'Em janeiro de 1980, recebi um telefonema dizendo que Michael Jackson tinha especificamente me pedido para fotografá-lo na Disneylândia, onde ele estava gravando um especial de televisão comemorando o 25 º aniversário do Magic Kingdom.
Quando Michael não estava no set gravando, ele aproveitava cada oportunidade para explorar o parque. No momento em que o diretor o liberava a fim de preparar a próxima cena, Michael pegava meu braço e dizia: "Vamos lá, vamos passear."
Nós íamos acompanhados por alguém da segurança da Disney, que conduzia-nos através de passagens secretas, então nunca esperávamos nas filas.
Eu fotografei Michael de formas variadas. Tanto seu empresário ou a gravadora (ou ambos, já não me lembro) me pediam para retratá-lo como um adulto masculino, sempre que possível. Michael esperava no salão executivo para um voo no Delta Airlines. Um representante da companhia aérea tinha dado a Michael um chapéu de aviação.
Michael, que tinha 21 anos na época, amava a Disneylândia, e enquanto estava sentado ao lado dele nos passeios, no Matterhorn, o Piratas do Caribe, juntei-me a ele com seus gritos e risos. Nós realmente nos divertíamos.
Pouco tempo depois deste trabalho, recebi outra ligação do empresário de Jacksons, Ron Weisner, pedindo-me para filmar Michael em um evento de caridade. Ele disse que Michael o tinha instruído de contratar somente a mim, quando ele precisasse de um fotógrafo.
Então Ron me perguntou: "O que há com você e Michael?" Eu respondi: "Nós nos damos bem, eu acho." (Eu havia conhecido Michael em 1974, ao fotografar o Jackson 5 para a revista Soul.)
Perguntei a Ron se Michael lhe tinha dado qualquer indicação a respeito de porque ele queria apenas a mim para fotografá-lo. Ele disse que Michael havia lhe dito: "Eu gosto de Todd porque ele não fala muito." E foi assim que começou. Eu era fotógrafo e amigo de Michael para os próximos quatro anos. Foi a viagem da minha vida.
Desde cedo, eu vi como Michael foi dedicado ao trabalho. Ele trabalhava quase o tempo todo e raramente parecia relaxar. (...) Enquanto fazíamos ajustes técnicos e de trabalho com os engenheiros, ele sussurrava instruções para seus irmãos sobre um arranjo vocal, sussurrando não porque as instruções eram secretas, mas porque ele era tímido e não gostava de gritar suas idéias.
Na primavera de 1981, Michael e seus irmãos começaram os ensaios para a turnê Triumph, que iria viajar para 35 cidades na América do Norte. Quando Michael encontrou tempo para relaxar, gostava de folhear livros fotográficos. Ele amava especialmente livros sobre 1930 glamour de Hollywood, livros infantis ricamente ilustrados e livros sobre fotografia.
Michael normalmente ficava na parte traseira do ônibus, enquanto os outros passavam o tempo juntos na frente. Eu também preferia o silêncio na parte de trás, e gostava de sentar com ele enquanto ele estava absorto na leitura.
Minhas fotografias de Michael, de 1974 a 1984, mostram Michael como uma pessoa envolvente, um jovem encantador que estava perante as demandas insaciáveis de sua celebridade extraordinária, pesando sobre ele. Ao refletir, percebo agora que desde então, ele já era Rei.'
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Extraído de ''Michael Jackson: Before He Was King, por Todd Gray''