Michael fala com Shmuley (22)

Esses diálogos entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach 
foram gravados entre agosto de 2000 e Abril de 2001.

Parte 22 - O preço da Fama

SB: E quanto a celebridade? E quanto as coisas negativas associadas com a celebridade? Quais são as coisas negativas da celebridade? O que não gosta em ser tão famoso quanto você é?

MJ: Eu não gosto quando você se torna um ícone, sendo uma celebridade e depois de se tornar um ícone, um fenômeno internacional que foi o que aconteceu comigo - e eu não tenho vergonha de dizer isso - e a inveja que isso envolve. Eu tenho visto invejas sérias.

SB: Você sente isso entre outras celebridades, é palpável, ou você sente de alguma distância?

MJ: Eu tenho visto, mas uma vez que me conheçam cara a cara, eles sempre, sempre mudam. Eles vêem que eu não sou nada como aqueles caras. Eu tenho pessoas chorando, diante de mim, depois de me encontrarem. E há dois tipos de fãs. Há o tipo que diz: “Oh meu Deus, oh meu Deus!" e desmaiam e você tem que segurá-los.

E há o outro tipo de fã que diz de abrupto: "Oi" e eu respondo "Oi, prazer em conhecê-lo. Qual é o seu nome?" Eles dizem o nome, mas eles têm uma atitude. Eu fico simples e caloroso com eles e então eu os vejo começar a chorar. Eu pergunto: "Por que está chorando?" e eles respondem: "Por que eu não sabia que você era assim tão legal." E eles se vão diferentes. 

Eu penso: "Bom, como eles pensavam que eu fosse?”  E eles revelam que pensavam que eu era sério e arrogante. Eu digo: "Por favor, nunca julgue uma pessoa. Eu não sou nada disso." Eles ficam tão impressionados. E eu tenho certeza que eles saem dali me amando mais, milhares de vezes mais. Nada bate a gentileza e o amor, eu acho. Simples assim.

SB: Você sempre foi capaz de derreter o mais duro dos corações, com gentileza e amor?

MJ: Sim.

SB: E quanto a inveja de outras estrelas... Há muita inveja na sua profissão?

MJ: Absolutamente. Eles te admiram e sabem que você é uma pessoa grande e amorosa, mas são invejosas, pois querem estar no seu lugar. e "M" é uma delas. Madonna é uma delas. Ela é invejosa, É uma garota, uma mulher, e eu acho que isso a incomoda. Eu acho que mulheres não gritam por outras mulheres. Os homens são descolados demais para gritar por mulheres. Eu tenho os desmaios e a adulação, e ela não.

SB: A inveja não tem parte nisso? Você nunca teve inveja de alguém em sua carreira que te tenha feito trabalhar mais duro?

MJ: Nunca inveja. Admiração, completa admiração.

SB: Então admiração pode trazer metas melhores do que a inveja, pois é positiva e não negativa. Então você olha para Fred Astaire e diz: “Eu quero ser capaz de fazer isso."

MJ: Sim, absolutamente. Completa inspiração, nunca inveja. Isso é errado, mas as pessoas são como são, não são? É verdade? Pode alguém olhar para uma pessoa maior e sentir total inveja dela?

SB: Claro, mas você nunca sentiu isso?

MJ: Eu não entendo uma pessoa que faça isso.

SB: Para você sempre foi sobre inspiração? Você já se sentiu intimidado e maravilhado por aqueles que tinham um grande talento?

MJ: Pode alguém ter inveja de Deus?

SB: Claro. Olhe para Stalin e Hitler. Eles tentaram ser Deus. Eles queriam decidir vida e morte.

MJ: Uau!

SB: Por que eles perderam o senso de intimidação e maravilhamento. Deus não os impressiona. Ele os ameaça. Eles querem ser todo-poderosos, então não se submetem à autoridade de Deus. Inveja á parte, que outras coisas você não gosta em sua celebridade?

MJ: Ser famoso.

SB: Não gosta quando não pode caminhar pelas ruas?

MJ: Não, eu gosto quando as pessoas me reconhecem e são gentis e dizem "Oi" e quando há uma multidão ou coisa assim.

SB: Quando eu estava com você naquela van, e tínhamos deixado o hotel, Michael, duas vezes vimos um jovem negro de bicicleta nos seguindo, por mais ou menos 5 milhas pelos caminhos mais pérfidos de Nova York, só para pegar um autógrafo seu. 

E você pediu para parar o carro e deu o autógrafo. Vimos três outros garotos que, depois do jantar com o Presidente Clinton, nos perseguiu por mais ou menos uma milha à pé até você pedir para o motorista parar. E você deu o autógrafo ao rapaz. Então, você vê as pessoas fazendo isso?

MJ: Oh Deus, Shmuley, centenas deles, às vezes. É um trilhão de vezes pior do que você viu. Eles começam a quebrar as coisas e se transforma numa turba.

(Eu estava com Michael enquanto saíamos do Carnegie Hall depois da apresentação no Dia dos Namorados, 2001. E não posso responder pelo fato de que ele estava perto de ser rasgado de membro á membro. Shmuley)

SB: Você gosta quando as pessoas te reconhecem, contanto que sejam gentis?

MJ: Eu acho que nosso trabalho como celebridades, eu acho que qualquer um que tenha sido abençoado por Deus com algum tipo de talento - ser escultor, escritor, pintor, cantor, dançarino - é para trazer um algum senso de escapismo e alegria para massas de pessoas. Esse é o seu trabalho, trazer alegria.

SB: Mais alguma coisa que você odeie na celebridade? Obviamente, você odeia as estórias dos tablóides, também?

MJ: Eu os odeio. Eu odeio os cretinos que fazem esse tipo de coisa. Eu acho que é racismo, inveja e ódio apenas - maldade - são parte disso. Eles dão vazão à frustração deles sobre as pessoas que estão tentando fazer alguma coisa boa e isso é triste. 

Se alguém acredita nisso, eles são meio loucos. Quero dizer, eu gostaria que houvesse um jeito de nos livrarmos disso completamente, desse tipo de coisa.

Fonte: The Michael Jackson Tapes by Rabbi S. Boteach