Depoimento deTodd Gray (10)


''Depois de me formar no colegial em 1979 eu fui para a escola de arte. Aos 17 anos já havia publicado meu trabalho na revista Life e estava em turnê com os Rolling Stones.

Naquela época eu tinha uma mostra do meu trabalho muito boa, com imagens de concertos musicais e a CBS Records (que agora é Sony) realmente gostou do meu trabalho, e como eu tinha fotografado Gladys Knight and the Pips para eles.

Mal sabia eu, eles também conseguiram The Jacksons e antes que eu soubesse, eu recebi uma chamada para fotografar o grupo nas suas performances em Stand American Band e Soul Train.

Quando eu apareci e fui ao seu camarim, havia todas aquelas pessoas zumbindo em torno de Michael [Jackson]. Eu vou admitir que me senti um pouco intimidado e imediatamente pensei... ''Eu preciso ficar longe dessa situação.''

Uma coisa que eu aprendi é não querer 'chegar perto do poder, porque você pode se queimar'. Então eu dei um passo para trás e mantive minha distância de Michael, mas seus irmãos e eu fomos para a Fairfax High School e me aproximei de Tito e Jackie, estávamos próximos da mesma idade. Mais tarde, comecei a sair com Marlon e Jackie, mas ainda decidi me manter afastado de Michael.

Era óbvio que Michael tinha 'mel' e todo mundo era atraído por ele, incluindo executivos de gravadoras, rádios, apenas todo mundo - eles não estavam apenas o seguindo, estavam grudados em Michael. Mais uma vez, eu tomei uma decisão consciente de não me socializar nesse círculo, porque eu sabia que estava fora do meu alcance.

Michael clicado por Todd Gray em 1984
Isso era um cenário constante, mas Michael era obediente e sempre teve sua equipe de gestão e publicitária ao seu lado, porque ele era realmente tímido e introvertido, apesar de extremamente profissional, então ele sempre manteve uma salvaguarda de executivos da gravadora que desviaria dele, e se alguém precisasse chegar até ele, teria que passar pela triagem.

Mike falava algumas palavras em voz baixa e se alguém da mídia ou em outros lugares lhe fazia um pedido, ele sussurrava ao ouvido de um dos seus assistentes que então, responderia por ele. Michael fazia isso porque ele não gostava de confronto e não queria ofender ou machucar os sentimentos de ninguém. Ainda assim, sua voz era tão suave como a que ele muitas vezes usava em público.

Quando eu estava na estrada com eles para documentar, Michael era realmente crítico de seus desempenhos e falava sobre como poderiam melhorar as suas performances e ele sempre fazia isso com uma voz suave. Mas não se enganem, quando Michael falava, 'a bola parava'.

Uma vez que Michael estava cercado por sua família e amigos, ele se tornava o malandro, brincalhão e piadista. Uma vez eu tirei fotos dele enquanto ele estava na cama, porque estava atrasado para uma reunião e não se levantava.
A história completa se encontra publicada aqui

Este homem era um grande enigma. Eu nunca conheci ninguém que exibisse tanto a qualidade da sabedoria como de maturidade, porque ele era sábio em muitos aspectos, e também exibia as qualidades de uma criança. Michael era autenticamente uma criança.

Nós fomos para a Disney um par de vezes e me sentei ao seu lado em uma montanha-russa. Michael gritava e eu estava tão tonto e gritava junto a ponto de extravasar a minha criança interior, e eu tenho que agradecer a ele por isso.

Ele fazia a todos se sentirem como crianças ao seu redor, todos nós voltávamos à infância. Michael criava esse clima e espaço e você simplesmente entrava nele, mesmo sem perceber.

Inicialmente, eu era resistente e mantinha uma atitude profissional, mas eu percebi que ele ficava mais confortável quando eu era brincalhão e ele poderia se relacionar comigo nesse nível. O que era grande sobre isso é que eu estava autorizado a deixar cair a minha própria máscara da idade adulta e nutrir a minha criança interior.

Eu era capaz de partilhar opiniões com Michael. Eu estava um pouco por dentro da moda, então ele me perguntava o que vestir ou me chamava ao seu guarda-roupa para ajudá-lo a decidir sobre algo para ele vestir. Era nesses momentos que ele expressava sua insegurança e compartilhava comigo.

Eu lembro de ter dito para ele se livrar do chapéu do Mickey Mouse, mas ele disse: "Oh, Todd, eu gosto, é o meu favorito."

O que as pessoas podem se surpreender ao saber é que Michael não era frívolo com seu dinheiro. Lembro-me de uma vez que ele encontrou uma estátua pela qual se apaixonou e me pediu para descobrir o seu preço. Quando eu voltei e disse-lhe o custo, ele disse que era muito dinheiro. Eu não podia acreditar, porque isso era quando ele estava ganhando muito dinheiro.

Por causa de sua religião, ele se esforçava e estava consciente dos excessos e até mesmo não aceitou um presente de aniversário que eu tinha comprado para ele, porque sua religião não comemorava ou não reconhecia. Eu podia ver a decepção nele, quando teve que rejeitar o meu presente.

Além disso, você não poderia praguejar em torno de Michael ou manter qualquer "conversa de vestiário". Lembro-me de um tempo em que eu e um dos outros caras em turnê saimos à procura de garotas e quando voltamos, Mike nos perguntou o que tínhamos feito durante a noite.

O cara que estava comigo disse: "Nós fomos pescar." Pesca? Michael levou um minuto para entender o que o cara estava tentando dizer, mas quando ele finalmente entendeu, riu e isso se tornou a nossa piada, e toda a vez ele iria nos perguntar: "Então meninos, vocês saíram para pescar hoje?"

Quando eu trabalhei com Michael tivemos várias conversas sobre o lançamento de um livro que mostraria crianças de todo o mundo. Eu percebo que eu tenho negócios inacabados e pretendo completar o desejo de Michael.''

Todd Gray (fotógrafo)
*Todd Gray é fotógrafo e autor de Michael Jackson Before He Was a King um livro que documenta os anos em que ele passou em turnê com The Jacksons entre 1979 a 1983.

Fonte: http://www.huffingtonpost.com