The King of Style: Dressing Michael Jackson (25)


Just Beat It

''Som, movimento, luz e inovação estavam sempre presentes no figurino de Michael, mas nada melhor representa melhor a ''rebeldia'' como a jaqueta Beat It. Ela foi criada por Marc Laurent em 1982 para o curta-metragem e foi uma das peças mais reproduzidas de todos os tempos.

As crianças a usavam enquanto esperavam o ônibus para ir à escola, os adolescentes cobriam os ombros de suas namoradas com ela nos cinemas e poderia ser vista nas cantinas das universidades e clubes de todo o mundo.

A original captava não somente a essência das gangues no curta-metragem como personificava as coisas mais importantes para Michael: era de couro - por isso, tornou-se instantaneamente ''moda de rua''. 

Era vermelha - a sua cor favorita e garantia a atenção do espectador. Tinha zíperes e cota de malha que, juntos, produziam sons e captavam a luz. Era militar, o que ressaltava sua figura e lhe dava uma aura de controle e autoridade. Mas havia uma coisa que estava faltando: Michael tinha problemas para dançar com ela.

Durante a Victory Tour, a primeira vez que Michael cantou Beat It ao vivo, usou uma [jaqueta] em versão com grânulos cilíndricos desenhada por Bill Whitten. Era muito pesada e ela limitava o movimento sob os braços para dançar. 

A coreografia de Beat It incluía uma sequência em que se movia os braços imitando as asas de um pássaro, e as mangas de sua jaqueta impediam. Como não havia folga suficiente na costura sob os braços, as ombreiras o golpeavam no rosto e a jaqueta se tornava rígida, subindo desajeitadamente da cintura. 

Esta limitação nas mangas se tornou um problema durante a primeira fase da Bad Tour, o que provocou a minha contratação e a de Dennis.

A versão vermelha em pele de cobra da jaqueta de couro também foi desenhada por Bill Whitten e foi usada no início da turnê. Tinha boa textura e caía bem nas fotos, mas Michael não poderia atuar com ela. Literalmente se rompeu durante a turnê. As costuras e bainhas estouraram. 

Quando fomos contratados durante a primeira fase de Bad, adicionamos reforços nas mangas, basicamente adicionamos um tecido extra para permitir que os braços tivessem espaço para esticar, sem que parecesse que estava tentado se mover em uma jaqueta estreita.

Após a adição dos reforços, se tornou uma jaqueta de dança. E depois disso, Dennis e eu ocupamos o cargo de Whitten de modo permanente.

Quando nos encarregamos da jaqueta em 1989, ou seis anos depois da original, nós simplesmente passamos a observar Michael atuar com ela, para poder avaliar suas necessidades, dependendo de onde e como seu corpo movia. 

Beat It era uma das performances mais voláteis e físicas de Michael. Sabíamos que precisava de um tecido leve, mas incrivelmente resistente ao ponto de poder ser lançada contra o solo.

Durante a atuação, Michael a pisoteava, caminhava sobre ela, tinha birra com ela. As ombreiras se soltavam, os dentes de plástico se perdiam e eu a reparava a cada noite para o concerto seguinte. De modo que, enquanto isso era cumprido, nosso desafio era, ''Como fazer com que Beat It tenha sempre a mesma aparência e seja, ao mesmo tempo, diferente?''

A solução: Mudar apenas o tecido. Por exemplo, para a Dangerous Tour fizemos a jaqueta com escamas vermelhas autênticas de peixe, com lantejoulas sobre os ombros. Com um aspecto de pele rasgada, em comparação com reais escamas de peixe. Ousada, provocante, mas ainda assim, glamourosa. Graças à sua textura, se deixava fotografar muito bem e era mais leve que as primeiras versões e a de pele.


Das oito versões que existem da jaqueta, a favorita de Michael era a que ele levou para a HIStory Tour. Ela foi feita em neoprene [um tipo de plástico]. Parecia que a Fada Sininho tinha jogado purpurina sobre ela. Sobre os ombros, em vez de strass como nas versões anteriores, colocamos hologramas quadrados de plástico como se fossem os espelhos de uma bola de discoteca.


Isso dava o aspecto mágico de strass e tinha presença de palco, porém não tão volumosa. A jaqueta Beat It Fada Sininho era atraente, multicolorida e tinha vida própria, mas era praticamente leve. Porque o peso da roupa tinha se transformado em uma preocupação. Depois de duas horas atuando, cantando e dançando, as roupas de Michael tinham que ser progressivamente mais leves.

Beat It era sempre interpretada no meio do concerto. Não poderia colocar uma jaqueta que pesasse dois quilos e meio em um homem que tinha perdido esse peso em líquido nesses momentos e esperar que tivesse uma batalha no palco, ao vesti-la.

Não sabíamos para onde a jaqueta Beat It nos levaria após a HIStory Tour, mas em 2001, quando Michael estava se preparando para o concerto de aniversário de 30 anos no Madison Square Garden, ele me chamou por telefone em uma noite de agosto - um mês antes dos concertos em New York, em 07 e 10 de Setembro - dizendo que tinha decidido abrir com a canção inicial todo de branco e fazer o restante do concerto todo de preto.

Suas instruções nesse ponto foram: "Faça para mim a jaqueta Beat It em preto.''

[Você não pode fazer jaqueta preta Beat It preta!]

Cantor, dançarino e adivinhador de pensamentos, também.

''Isto intrigará os fãs'', explicou. ''Vamos ver se eles percebem, se prestam atenção."


Em 07 de Setembro de 2001, Michael cantou Beat It no MSG vestindo uma jaqueta preta de pele de cobraa. Sobre os ombros colocamos purpurina no lado encrespado com Velcro, que tinha uma boa textura e provocava rebeldia. 

No meio do concerto, e como parte dele, eu tinha que ir para o palco, enquanto Michael estava cantando e lhe entregar a jaqueta Beat It. Enquanto eu colocava nele a jaquete preta de pele de cobra, Michael falou para mim com o canto da boca, "Bush, era para ser vermelha!''

Fiquei horrorizado e meu rosto mostrava isso. E então foi quando Michael me fez saber que eu tinha novamente caído em uma de ''pegadinhas''. ''Ahá, peguei você!''

Por Michael Bush
*Estilista de Michael Jackson, em seu livro The King of Style: Dressing Michael Jackson

Fonte: MJHideout