The King of Style: Dressing Michael Jackson (37)


História de um cinturão

''Uma noite, em direção ao final da etapa européia da Bad Tour, Michael ligou para mim no hotel e me disse que eu teria que colocar Dennis no telefone imediatamente.

"São duas da manhã na Califórnia," eu protestei.

Mas Michael não tinha um conceito de tempo. Em parte, porque ele não tinha as horas de trabalho normais, muitas vezes, ele gravava até de madrugada, se necessário. E quando não estava gravando, o sono não era o seu forte, então ele não tinha os ritmos biológicos como o resto do mundo.

Era mais fácil para mim chamar Dennis e o acordar do que convencer Michael a esperar, pelo menos, até o amanhecer em Los Angeles. Mas eu tentei, de qualquer maneira, para o que Michael respondeu, ''O tempo não é nosso amigo. Dennis tem de saber o que eu preciso...agora."

Minhas instruções para Dennis eram claras: Eu teria que acordá-lo e entregar a ele a mensagem de Michael: Criar um cinturão e que nele aparecesse sua vida representada e tê-lo pronto no rancho, quando ele estivesse de volta do Japão. Ah, e ele deveria parecer como se tivesse sido tirado de ruínas romanas de mil anos atrás.

Michael tinha explicado que o cinto era um presente a si mesmo para comemorar o sucesso de sua primeira turnê solo.

Além da Bad Tour, Michael alcançou outro marco, ao mesmo tempo, do qual se orgulhava igualmente: a compra dos 3.000 acres que ficaram conhecidos como Neverland.

Assim, enquanto Michael encerrou sua turnê européia, Dennis teve que trabalhar desenhando no cinturão uma história que ilustrasse e capturasse os eventos mais significativos da vida de Michael. 

Aprender a esculpir moldes de cera, os quais, mais tarde, seriam expressos em prata, não era o que deixava Dennis nervoso. Dennis poderia aprender qualquer coisa, mas ilustrar a vida de Michael era uma proposta intimidante. Ser o juiz do que é importante para um homem que tinha feito tantas coisas importantes? Dennis não poderia lidar com isso. 

Assim, o plano foi para um bom começo foi enviar faxes com esboços para Michael onde quer que ele estivesse com a turnê. Com o fim do prazo fixado, Dennis enviava faxes em todas as horas da noite, e novamente desenhava, desenhava e desenhava, até finalizar sete placas que formariam o cinturão.

Michael amava os querubins por causa de seu interesse pelos artistas da Renascença, em particular, Michelangelo. Pensava que o afresco do Juízo Final no teto da Capela Sistina, era a obra mais notável de arte jamais criada. Então, Dennis projetou o cinto, incluindo um querubim que representasse Michael em cada placa, atuando em cenas de sua vida.

Na primeira placa, cinco pequenos anjos pairam em torno do número romano V, com o anjo Michael um pouco maior no centro, representando o seu lançamento no show business como o líder do Jackson 5

O seguinte é um querubim voando sobre uma estrela fugaz, ilustrando sua carreira solo. 

O seu amor pela Disney e sua preciosa amizade com Elizabeth Taylor estão representados na terceira placa com um anjo jogando com Pinóquio em frente ao Castelo de Cinderela. Pinóquio era o personagem favorito de Elizabeth Taylor, Peter Pan era o de Michael.

Como justaposição ao lado caprichoso de Michael, a quarta placa captura o seu espírito humanitário e seu papel em Heal the World com um anjo que leva hastes do trigo em frente a uma águia americana. 

A quinta cena é um anjo fazendo o moonwalk usando uma luva de lantejoulas. 

Comemorando o significado da Bad Tour, a sexta placa, um anjo joga um chapéu Billie Jean no ar, carregando uma réplica do cinto que Michael levou em turnê. Bubbles, que lhe acompanhava, estava ao seu lado.

A sétima e última placa representa Neverland. O logotipo do rancho é uma criança embalada pela lua crescente e, na placa, Dennis substituiu a criança por um anjo.






Aqueles foram os momentos mais apreciados por Michael em 1988, amparados por uma fivela de prata no centro e que mostra dois anjos colocando uma coroa sobre as iniciais MJ. Dennis trabalhou dia e noite consultando joalheiros e aprendendo a esculpir em cera perdida, uma técnica antiga usada em jóias e escultura, em um esforço para honrar a vida de Michael.

Embora Michael escolhesse as sete cenas entre dezenas de propostas desenhadas por Dennis, não quis contribuir mais para o cinturão. Michael estava interessado na interpretação de um artista das pessoas, lugares, eventos e coisas, de modo que deixou Dennis fazer o seu trabalho. 

Quando ele terminou, alguns dias antes de Michael chegar em casa, o colocou em duas almofadas de veludo gigantes na biblioteca de Neverland.

Michael ficou atordoado quando o viu. Ele ficou atordoado e sua voz quebrou ao telefone, enquanto lutava para encontrar as palavras precisas, a fim de expressar a sua gratidão e admiração pelo talento de Dennis. Mas quando ele as encontrou, ele falou baixinho e deliberadamente, enfatizando cada elogio e palavra amável.

"Eu pensei que você iria se aborrecer com este projeto e perder o interesse", disse para Dennis, "mas cada detalhe é a prova do quanto você se importou desde o início até o fim."

Esse era um receio permanente em Michael: o de que as pessoas que trabalhavam para ele, em algum momento se desconcentrassem do processo criativo. Ainda mais, a falta de paixão e cuidado que ficariam evidentes no resultado final.''

Por Michael Bush
*Estilista de Michael Jackson, em seu livro The King of Style: Dressing Michael Jackson  

Fonte: MJHideout