O abuso cultural de Michael Jackson


"Pessoas excêntricas são chamadas de 'estranhas' e são tratadas como são tratadas - no geral, abominavelmente - porque são seres humanos que fazem ecoar, dentro de nós, nossos terrores e desejos mais profundos", observou o autor James Baldwin.

No caso de Jackson, esses "terrores e desejos" eram múltiplos, incluindo raça, sexualidade, dinheiro e poder. No entanto, por mais que Jackson se tornasse o ímã simbólico sobre o qual muitas dessas ansiedades culturais eram projetadas, ele também era uma pessoa real tentando viver sua vida.

Perto do final da música Is It Scary, ele explica: "Eu não sou o que você procura de mim", antes de revelar ao ouvinte compassivo: "Mas se você veio para ver / A verdade, a pureza / É aqui dentro de um coração solitário / Então deixe o espetáculo começar!”

Ironicamente, é no “desempenho” de sua arte que encontramos “a verdade, a pureza”. É aí que ele exorciza seus demônios, onde sua angústia é transfundida em energia criativa. É aqui que as paredes descem e a máscara cai. Para o mundo exterior, ele pode ser um espetáculo, uma caricatura, uma aberração; mas aqui, finalmente, dentro de sua música, ele descobre sua alma. Ele é um ser humano. A questão é...  o que nós vemos?''


Trecho extraído do artigo Am I the Beast You Visualized?: The Cultural Abuse of Michael Jackson e escrito por Joseph Vogel.

Fonte: http://voiceseducation.org