O Rei na Coreia do Sul (02)

 Kim Dae Jung prepara um manuscrito para Michael

¨O mundo perdeu um herói e a Coréia também perdeu um amigo querido.¨ 
(Kim Dae Jung)

Em 21 de Novembro de 1997, Michael Jackson chegou em Seul (Coréia do Sul) e se reuniu com o então candidato presidencial do Congresso Nacional para a Nova Política, o Sr. Kim Dae Jung.

Michael anunciou sua intenção de organizar um show beneficente para as crianças da Coréia do Norte (referindo-se ao futuro concerto Michael & Friends).

 Kim Dae Jung presenteia
Michael com sua própria caligrafia
Michael também falou sobre o projeto de uma música sua, chamada Stop the War* (Pare a Guerra), idealizada para que a sua renda fosse convertida para a caridade, em referência ao conflito entre a Coréia do Norte e Coréia do Sul.

"Eu pensei sobre este projeto com muito cuidado. Eu realmente acredito que podemos fazer alguma coisa por este país", disse Michael.


No ano seguinte, Kim Dae-Jung venceu as eleições presidenciais. Michael retornou a Seul e participou da sua cerimônia de posse, em 25 de fevereiro de 1998, na Casa Azul. Michael permaneceu em Seul de 20 a 27 de Fevereiro daquele ano.


Entre chefes de estados, Michael celebra
a posse do presidente Kim Dae-jung









Michael elogiou o compromisso de Kim Dae-Jung com as crianças e voltou a falar sobre o projeto do concerto beneficente.

(De fato, em Junho de 1999, os concertos de Michael & Friends aconteceram em Seul e Munique, levantando vários milhões de dólares para instituições de caridade para crianças.)

A carta que Michael entregou ao presidente eleito

31 de Dezembro de 1997
Presidente eleito
Kim, Dae Jung
República da Coréia

Querido Sr. Presidente Kim


Eu lhe ofereço as minhas mais sinceras e calorosas congratulações em sua vitória. Eu não posso expressar de forma suficiente a felicidade e a alegria que eu senti quando eu ouví a notícia. 


Sua vitória não é somente a vitória do seu compromisso e dedicação ao longo da vida com a democracia, mas também a vitória de seu povo e nação.


Eu não posso pensar em uma pessoa melhor e mais merecedora que o senhor para liderar a Coréia dentro do próximo século.


Eu compreendo que a Coréia está passando por tempos difíceis. Eu estou certo de que a sua sabedoria, liderança e amor pelo seu povo e nação irão liderar a Coréia através dessas dificuldades. 


Como sempre, eu ficarei ao seu lado para ajudá-lo a superar todas as dificuldades que sua nação enfrenta. 


De minha parte, eu pretendo incluir um(a) cantor(a) coreano(a) em minha nova gravação What More Can I Give, que será a canção-tema do meu concerto beneficente para ajudar as crianças da Coréia do Norte. 


Eu penso que a participação de um cantor coreano ajudará a restaurar o orgulho do povo da Coréia.


Mais uma vez, eu gostaria de expressar minhas congratulações e junto com meus amigos lhe oferecer nossos melhores votos. Eu realmente acredito que o senhor será um dos históricos líderes do século 21.


Sinceramente seu,

Amor
Michael Jackson

(Nota: carta escrita em papel timbrado do rancho Neverland)

Um vídeo com Michael Jackson na Coréia do Sul em 1998


Um dia depois da morte repentina de Michael Jackson, o então ex-presidente Kim Dae-Jung declarou:

¨O mundo perdeu um herói e a Coréia também perdeu um amigo querido, que mostrou interesse e apoio pela unificação da península coreana. O povo coreano está de luto.¨

Mais imagens






















Mas porque Michael Jackson admirava e apoiava abertamente o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Sr. Kim Dae Jung?


Kim teve uma vida turbulenta, abrangendo várias décadas de política sul-coreana - de um regime autoritário duro, através do crescimento econômico dramático e emergência do país como um Estado democrático.


Kim ganhou destaque na década de 1960, e em 1971 perdeu por pouco a eleição presidencial para Park Chung-hee, que havia tomado o poder há 10 anos em um golpe militar. Havia evidências muito fortes de fraude nas eleições, favorecendo a Park.


Durante as décadas de governo militar que se seguiram, Kim foi citado como um radical perigoso. Ele passou muitos anos na cadeia e em prisão domiciliar, sobreviveu a várias tentativas de assassinato e por duas vezes, fugiu para o exílio.

Dois anos depois de sua corrida para a presidência, Kim foi sequestrado por agentes secretos sul-coreanos em um hotel de Tóquio, em 1973. Acorrentado e com os olhos vendados, ele foi levado em um barco indo para a Coréia do Sul. Ele suspeitava que seria jogado no mar para  parecer que teria morrido nas mãos de agentes norte-coreanos.

A CIA americana e funcionários do Japão souberam da trama e os Estados Unidos enviaram um avião para encontrar o barco. Com os sequestradores em flagrante, a vida de Kim foi poupada e ele foi levado para casa e colocado sob prisão domiciliar.


Mas, finalmente, em dezembro de 1997 - em sua quarta tentativa - ele foi eleito presidente da Coréia do Sul.

Nelson Mandela e Michael Jackson em apoio a Kim Dae Jung

No início de seu mandato, a sua prioridade era a economia, que estava à beira da ruína depois de anos de crescimento espetacular.

Um momento histórico: Kim Dae-Jung conhece o líder da Coréia do Norte
Mas ele é provavelmente mais conhecido por seus esforços para reconstruir as relações com seu país vizinho distante, a Coréia do Norte. Em 2000, ele conheceu o líder do Norte, Kim Jong-il, em Pyongyang, para um encontro histórico.


Na imagem acima, Kim Dae-Jung recebe o Prêmio Nobel da Paz em 2000.


Kim Dae-Jung veio a falecer dois meses após Michael Jackson, em 18 de Agosto de 2009, aos 85 anos de idade.

Seu sucessor, Roh Moo-hyun, manteve a sua política, mas o atual presidente Lee Myung-bak, colocou mais restrições. As duas nações ainda mantêm uma relação tensa.

* Nota: a canção Stop The War mencionada por MJ no início da matéria foi gravada em 1999 para o álbum Invincible e permanece inédita.

Fontes de pesquisa:
http://uk.reuters.com
http://www.mj-777.com
http://newshopper.sulekha.com
http://mjjkingoflove.forumattivo.com
http://emmasabatini.blogspot.com.br