Esta matéria foi editada a partir de uma entrevista da figurinista Deborah Landis, responsável pela criação da jaqueta que Michael Jackson usou no vídeo Thriller.
Wall Street Journal: Qual foi a inspiração por trás do figurinos de Jackson em Thriller?
Deborah: Thriller, ao contrário da maioria dos vídeos de música, foi criado a partir de conceito de arte, originalmente feito para sair com o relançamento de Fantasia.
Foi um curta-metragem e não um vídeo, que é uma coisa importante para distinguir, porque possui uma narração. Então, todos nós, a equipe, os designers de produção, todos tivemos um roteiro para seguir.
Parte da razão pela qual John [Landis] decidiu incluir Ola Ray, era que ele sentia que ter uma garota na história tornaria Michael mais viril, então, eu queria fazer isso, também.
Quando chegou a jaqueta de Michael, havia uma quantidade enorme de pensamentos sobre ela. Eu tinha esboçado diferentes visuais, mas eu o encontrei, finalmente, uma vez que me deparei com a jaqueta com os ombros estendidos em V. É gráfica e estrutural e eu queria uma boa silhueta.
Parte da razão pela qual John [Landis] decidiu incluir Ola Ray, era que ele sentia que ter uma garota na história tornaria Michael mais viril, então, eu queria fazer isso, também.
Quando chegou a jaqueta de Michael, havia uma quantidade enorme de pensamentos sobre ela. Eu tinha esboçado diferentes visuais, mas eu o encontrei, finalmente, uma vez que me deparei com a jaqueta com os ombros estendidos em V. É gráfica e estrutural e eu queria uma boa silhueta.
O V na jaqueta realmente ecoa a forma piramidal da coreografia. Eu gosto de dizer que todo o projeto é redutor. Imagine, eu estou lendo o roteiro e quando eu finalmente cheguei ao fim, o desfecho, o crescendo da dança no beco com os fantasmas, eu sabia que tinha que tê-lo em uma cor que seria absolutamente pop fora da tela.
Havia muito nevoeiro e mistério no set, muito preto, branco, bege, cinza, marrom, que eu pensei comigo mesma: ''Qual a cor que realmente se destaca?'' Então, eu fui com o vermelho. Michael nunca tinha usado um figurino vermelho em sua vida antes, e eu realmente ''a vendi''.
Havia muito nevoeiro e mistério no set, muito preto, branco, bege, cinza, marrom, que eu pensei comigo mesma: ''Qual a cor que realmente se destaca?'' Então, eu fui com o vermelho. Michael nunca tinha usado um figurino vermelho em sua vida antes, e eu realmente ''a vendi''.
Você notará que ela é livre de ouro, tachas, correntes, metais, qualquer tipo de ornamento ou reflexo. Suas calças eram apenas um jeans branco que eu tingi de vermelho, para combinar com a jaqueta.
Quando Michael viu, adorou. Filmamos durante uma semana inteira e, como muitos atores e dançarinos, ele tinha que se sentir confortável em suas roupas. Ele tinha que ser capaz de se mover. Não havia nada de elástico nesse figurino!
Quando Michael viu, adorou. Filmamos durante uma semana inteira e, como muitos atores e dançarinos, ele tinha que se sentir confortável em suas roupas. Ele tinha que ser capaz de se mover. Não havia nada de elástico nesse figurino!
Mas ele ainda o amava, e sonhava em trabalhar com ele. [Michael] confiava em mim. E ele confiou em John. Isso foi muito importante para Michael.
Wall Street Journal: Vários dos objetos pessoais de Michael Jackson e peças de roupa estão sendo leiloados por milhares de dólares. Quanto custou para fazer o figurino de Thriller?
Deborah: Não muito. Eu só fiz duas jaquetas, um no teatro e, em seguida, a jaqueta de vampiro. Eu mesma as cortei, e um alfaiate as costurou. Não poderia ter sido mais do que um par de mil dólares, no total.
Wall Street Journal: Você tinha alguma ideia, ao criar este figurino, do impacto que isso teria sobre o mundo?
Wall Street Journal: Vários dos objetos pessoais de Michael Jackson e peças de roupa estão sendo leiloados por milhares de dólares. Quanto custou para fazer o figurino de Thriller?
Deborah: Não muito. Eu só fiz duas jaquetas, um no teatro e, em seguida, a jaqueta de vampiro. Eu mesma as cortei, e um alfaiate as costurou. Não poderia ter sido mais do que um par de mil dólares, no total.
Wall Street Journal: Você tinha alguma ideia, ao criar este figurino, do impacto que isso teria sobre o mundo?
Deborah: Você nunca tem... Eu não conheço ninguém que, ao ler um roteiro ou trabalhar em um filme, sabe que vai ser um grande sucesso.
É inacreditável para mim que eu estivesse no lugar certo, na hora certa, pelo menos duas vezes na minha carreira, e uma dessas vezes foi Thriller. Claro, é o meu trabalho, mas são os inacreditáveis carisma e dança de Michael, sendo dirigindo por Landis, e eu estava lá com o projeto.
Wall Street Journal: Mais tarde, em 1991, você trabalhou com Jackson em seu vídeo da música Black or White. Por esse tempo, a sua aparência mudou significativamente. Quais foram seus pensamentos sobre isso?
Deborah: Eu tenho trabalhado com muitas estrelas de cinema, mas Michael e eu éramos amigos pessoais. Meu marido e eu fomos com Michael para a Disney World juntos, passamos momentos maravilhosos juntos, por isso estávamos perto. Eu sei que ele tinha um monte de problemas emocionais. Francamente, eu não podia julgá-lo.
Wall Street Journal: Mas era óbvio que algum tipo de transformação havia ocorrido.
Deborah: Ele levou isso mais difícil do que qualquer outra pessoa. Mas é por isso que ninguém dançou como ele, que sequer precisava de um figurino. Assim como todos os grandes artistas, ele não tinha que confiar em adereços, e nunca teve que contar com uma luva ou um chapéu para ser o maior. Nem Elvis - ele não precisava do figurino.
Michael era tão fantástico na sala de ensaios, como ele era no Madison Square Garden - camisa branca, camiseta branca, calças pretas, e tê-lo o mais limpo [visualmente] possível.
Wall Street Journal: Você se lembra da última vez que você falou com ele?
Deborah: Éramos amigos há anos, nós ligamos para [sua] casa um par de meses antes. Ele conversou com John. Ele sempre perguntava como eu estava e como as crianças estavam. Ele era muito, muito doce. Eu ainda não consigo acreditar que ele morreu, eu estou tão triste. Ele foi como uma estrela cadente.
Deborah Landis |