Depoimento de Dieter Wiesner (05)


''Michael estava sentado no chão de seu quarto no hotel Four Seasons, em Las Vegas, desfrutando da tranquilidade. Não havia entrevistas, nem perguntas, apenas aquela vista magnífica e, em algum lugar lá embaixo, a ebulição de vida. Eu também decidi fazer uma pausa e fiquei com ele.

Ocasionalmente, eu me encontrava em apuros quando um membro da família pretendia falar com Michael, quando este não queria ser incomodado. Isso acontecia com muita freqüência.

Neste caso, era absolutamente claro que você tinha que tratá-los com respeito, eu não podia mandá-los de volta assim, sem qualquer explicação. Mas quantas vezes você seria capaz de dizer que Michael estava tomando banho ou dormindo? ''Algum dia eles vão perceber que isso não é verdade'', eu pensei.

E então, de repente, Joe. Joseph Jackson, o pai. Ele veio a mim no Four Seasons por centenas de vezes.

''Eu tenho que falar com Michael! Chame ele! Chame-o imediatamente!''

Michael não queria ser perturbado em qualquer circunstância, no entanto, o velho homem estava diante de mim. O pai dele. Então, finalmente, eu liguei para Michael, para o quarto que estava bem a frente do meu.

''Seu pai está aqui.''

''Não o deixe entrar!''

Eu me encontrei em uma situação embaraçosa.

''Agora não é o momento'', eu disse a Joe.''Ele ainda está dormindo.''

Mas Joe não desistiu e disse:

''Acorde ele.''

Eu não tinha escolha, a não ser insistir que não poderia ser agora.

O quarto de Michael não era aberto a todos. Ninguém poderia apenas ir lá e entrar, nem mesmo seu pai.

Michael ainda não havia aberto a porta. Eu pensei em um um único sinal, ao qual ele respondeu. É claro que meu objetivo era estar perto de Michael e agir em seu espírito. Por outro lado, de frente para mim estava o seu pai, que insistia em falar com o seu filho.

Eu tinha que desempenhar o papel de mediador e encontrar uma solução diplomática. Porque Joe não desistia, eu estava conversando com Michael e apelando à sua consciência.

''Michael! O seu pai está esperando no meu quarto, eu não posso simplesmente dizer a ele que vá embora.''

Michael parecia um pouco nervoso, mas depois mudou de tom.

''Mas Dieter, você tem que fazer!''

Eu tentei explicar que seria uma conversa muito pessoal, apenas entre pai e filho, e seria desagradável e desconfortável [estar presente]. Mas ele poderia chamar, se fosse necessário.

Joe já estava de pé ao lado da janela, e logo disse:

''Você sabe o quê, Michael? Eu tenho uma ideia. Daphne Barak quer falar com você, por apenas cinco minutos!''

''Sim'', eu pensei, ''Daphne Barak, a jornalista inquieta, cheirando notícias sobre celebridades, e que aproveita todas as oportunidades para entrevistar.''

''Não vou fazer isso!'' Michael disse. Mas Joe respondeu com um tom severo de pai:

''Mas eu quero que você faça.''

Isto continuou durante algum tempo.

Daphne Barak não é uma pessoa sem rosto. Ela ainda é conhecida por suas entrevistas com Bill Clinton, Charlton Heston, Madre Teresa ou Nelson Mandela. No final, Michael acalmou os nervos:

''Bem, vamos fazer. Mas apenas cinco minutos!''

Quando ele saiu, Michael refletiu e me explicou que, na verdade, não queria dar esta entrevista. Mas seu pai já não era jovem, e Michael queria fazer algo de bom por ele. Afinal de contas, é claro que Joe receberia o dinheiro por esta entrevista.

''Mas você tem que estar comigo, você tem que estar do meu lado! Eu não quero falar muito, caso contrário, você terá que parar a entrevista!''

''Não se preocupe, nós podemos lidar com isso'', eu assegurei a ele.

Michael sempre dizia que para conceder uma entrevista, deveria ser algo realmente especial. Ele não estava disponível para a imprensa, não respondia aos pedidos de entrevista. E quando, de repente, ele fazia declarações e dava entrevistas, até mesmo os jornalistas mais experientes emudeciam.

No dia para o qual a entrevista foi agendada no Four Seasons, às 12:00, no início da manhã, recebi um telefonema de New York. Era a jornalista, dizendo que já estava sentada no avião para Los Angeles e queria se certificar que tudo estava pronto. Eu disse a ela que estava tudo bem e que viesse.

Pouco antes das 12, acompanhada por Joe Jackson, ela apareceu no saguão do hotel. Joe tinha falado com Michael e tinha planejado um encontro com ele em poucos minutos. Ele deveria estar pronto e descendo. Em vez disso, ele ligou para o meu celular:

''Por favor, venha cá imediatamente.''

Eu fui forçado a ir para o quarto, onde o encontrei muito agitado, em pé no meio da sala, de mãos dadas com as crianças.

''Leve Prince.. leve Prince!''

Eu perguntei:

''Michael, o que você está fazendo?''

''Temos que ir'', ele disse. Fiquei muito surpreso e pensei que Michael pudesse ter esquecido a entrevista.

''Nós não podemos ir, Michael. Daphne está esperando no saguão.''

Sua resposta me fez rir involuntariamente.

''É por isso que temos que ir!''

Quase ao chegar no corredor, eu tentei explicar, mas...

''Não, Dieter, vá, vá, leve Prince!''

Paris estava sentada em seus braços. Forçado pelo pânico, Michael estava se movendo tão rápido que eu mal conseguia manter os olhos sobre ele. Meu quarto estava localizado no lado esquerdo da entrada do hotel e do quarto do qual tínhamos escapado, à direita.

Antes da saída de emergência estavam as escadas, nunca usadas. Haviam sido colocadas para o caso de um incêndio, mas nós tivemos que ir como se fosse um alarme de incêndio. Tivemos que desaparecer imediatamente. Era impossível usar o elevador, visto que Daphne e Joe poderiam subir a qualquer momento.

Michael poderia colocar o mundo inteiro em movimento. O estalar de dedos seria suficiente para que 120.000 pessoas o recebessem com gritos de alegria.

Desta vez, era o bastante a presença de uma mulher, Daphne Barak e ele escapava. Michael sentiu que tinha sido pressionado. Não queria fazer esta entrevista. Em primeiro lugar, não aqui, não agora. ''É claro'', ele concordou, mas sua alma gritou "Não", em oposição.

Descemos e percorremos escadas intermináveis, até o térreo. Com uma mão eu segurava a mão de Prince, com a outra, eu chamei o nosso motorista, para que se aproximasse da porta dos fundos, o mais rápido possível. Era uma situação de emergência.

No carro, recuperamos o fôlego, e rimos desta situação engraçada. E isso não era o fim. Perguntei a Michael o que ele faria agora. Ele pensou por um momento e respondeu:

''Chame Evy, peça que ela reserve um hotel. Nós vamos para o Mirage.''

A secretária, a quem, geralmente, nada lhe surpreendia, não conseguia entender porque o Mirage, se estávamos no Four Seasons. Bem, já não estávamos lá.

Em seguida, ela reservou um andar inteiro para nós, no Mirage. Ali, também, tivemos que entrar pela porta dos fundos. Enquanto isso, meu celular estava literalmente em brasa, porque Daphne Barak me chamava do Four Seasons. Joe fazia o mesmo com Michael.

Bem, a entrevista não tinha acontecido até agora. Os guarda-costas de Michael ainda estavam no Four Seasons, de modo que Daphne Barak e Joe achavam que ele tinha se trancado no quarto.

Ficou claro que isso não poderia continuar por muito tempo. Para dar uma pista falsa, expliquei brevemente a Joe no telefone, que estávamos indo para o rancho, e já estávamos a caminho. Imediatamente, eles correram para o carro e partiram em direção a Los Angeles... o que não fazem por uma entrevista!

Em Los Angeles, os dois perceberam que eles estariam mais seguros se ligassem para o rancho, primeiro. Eles, é claro, foram informados que Michael não havia chegado e que não nos esperavam.

Eles tiveram que fazer a volta e retornar a Las Vegas. Michael poderia fazer as pessoas correr de forma negativa ou positiva, literalmente. Para acalmar a situação, eu disse:

''Michael vai nos encontrar, de qualquer maneira. Bem, não quero deixar o quarto.''

Mas isso não deteve Joe, que ligou novamente.

Joe: "Dieter , por favor, não desligue!''

Eu: "Bem, Joe, eu vou falar com você, mas não grite comigo.''

Joe: ''Não, Dieter, você sabe o quê? Diga ao meu filho que eu amo ele! Eu sei o que é!''

Eu: "Isso soa bem, eu vou dizer a ele.''

Joe: "Diga a ele que eu o amo, e eu não estou bravo com ele, tudo bem!''

Eu: " Obrigado, Joe. ok.''

Prendi a respiração. O problema tinha sido resolvido. A entrevista não iria acontecer. Eu poderia tranquilizar Michael, lhe dizer que estava tudo bem e que seu pai não estava zangado.

Se Michael tivesse sido firme desde o início, nada disso teria acontecido. Mas ele não podia suportar uma discussão, especialmente com seu pai.''

Dieter Wiesner (ex-gerente de Michael Jackson)

Fonte: http://michaeljacksonmyobsession.blogspot.com.br