A reflexão de Gerald Campbell


"Eu recordo de mim e um amigo atravessando a fronteira de Berlim Ocidental, antes do Muro ser derrubado. Enquanto meu amigo manobrava nosso VW alugado até o posto de controle, eu abri o teto solar e as janelas.

Um pouco antes, eu tinha colocado uma fita k7 de Michael Jackson para tocar, com a canção Man in the Mirror. À medida que o policial se aproximava, eu girei o botão para aumentar o volume.

O policial, que carregava um rifle automático, pediu os nossos passaportes. Em vez de responder diretamente, eu disse por cima da música: "Vcar, kson?"

Ele olhou nervosamente para o posto policial e então, balançou a cabeça em aprovação. Por um longo momento, seu rosto estava coberto com um sorriso inesquecível. Porém, mais do que sinalizar a sua aprovação, o guarda tinha quebrado o decoro militar.

Da mesma forma, quando voltamos para o Ocidente através da Áustria, o guarda que estava a postos lá respondeu à minha pergunta, colocando primeiro a metralhadora no chão. Então ele agarrou a minha mão mais próxima com as dele e disse: "Sim, oh sim. Michael Jackson!"

Não muito longe, escondido em uma moita de arbustos e árvores, vi a presença sinistra dos tanques soviéticos.

A imaginação criativa de Michael permitiu-lhe criar uma música de liberdade, uma música repleta de um desafio nítido da injustiça e da autoridade injusta, uma música profundamente tingida com respeito à dignidade essencial da pessoa humana.

Em um mundo cujas tentações são o isolamento e a solidão, a música de Michael deu voz à nossa necessidade comum de amor, compaixão, compreensão e misericórdia. Deu socorro para aqueles que lutam para pertencer e desencadeou uma obstinação para o trabalho contra as forças da alienação espiritual.

Em um mundo dominado pelo medo, sua música deu propósito transcendente e a esperança de redenção futura. Em suma, a arte de Michael foi uma energia que inspirou a resistência contra todas as formas de repressão cultural e política. Era uma música cuja vitalidade clamava por uma libertação do espírito humano.

Refletindo sobre a década de 1980 e início de 1990, é difícil imaginar um episódio mais heroico na história do que a marcha contra a tirania. [...] Foi na intensidade desse fervor revolucionário que a arte de Michael Jackson se ergueu como um farol de luz para aqueles que lutam para ser livres.

No vídeo abaixo, ouça Michael cantar Man In The Mirror. Ouça suas palavras. Assista às imagens. Reflita o quanto ele pede para que cada indivíduo dedique suas vidas aos impulsos de conciliação da Justiça e do Amor. Em um mundo que continua a ser muito frio e frágil, Michael Jackson estabeleceu-se um profeta muito necessário para a nossa era.


À medida em que os meses e os anos se passam, é a contribuição de seu gênio musical que será escrito de forma permanente nos corações e mentes das pessoas, em todos os lugares. Mesmo agora, o maior de seus pares irá reconhecê-lo como um dos artistas musicais mais talentosos e bem-sucedidos do século passado.

Poucos artistas têm usado seus talentos para elevar a humanidade tão vigorosamente quanto Michael Jackson. Apesar de sua aparência frágil, ele manteve-se firme contra as forças sociais e políticas que buscam diminuir a integridade do espírito humano.

Ele incentivou os indivíduos a lutar pela sua liberdade. Ao mesmo tempo, sua voz falava de uma mensagem que ia muito além dos direitos do indivíduo. Michael lembrou-nos que a dignidade pessoal e a liberdade individual só podem ser aperfeiçoada no abraço de solidariedade humana.

Era a família humana que estava acima de tudo, no pensamento de Michael. "Nós somos o mundo", disse ele. E contra esse pano de fundo, ele desafiou os indivíduos que amam a liberdade para agir heroicamente para a melhoria de todos.

"Se você quer fazer do mundo um lugar melhor, dê uma olhada em si mesmo e faça uma mudança", disse ele.

Assim, Michael Jackson não era o porta-voz para o narcisismo, a despeito do fato de que muitas vezes ele se refugiava lá. No fundo, a sua música foi impulsionada pelo antigo sonho da irmandade dos homens.

Ele viu a redenção em uma colagem de todos os indivíduos em simples humanidade. A solidariedade humana - AMOR - era, para ele, o fundamento da Justiça e do sentido da vida!

Armado com esta visão simples, Michael começou a dedicar sua vida aos outros. Como um jovem garoto, ele estourou na cena mundial como um raio e, uma vez lá, ele inspirou os jovens para agir em nome da justiça e da comunidade humana.

Ele criou uma poderosa sinergia com seu público e, através desta confluência, ajudou a gerar uma força moral que, com o tempo, iria trazer o mundo para um lugar melhor.

Não é comumente reconhecido o quanto Michael Jackson contribuiu para a diplomacia pública dos EUA durante a última década da Guerra Fria. Ao longo dos anos 80 e início dos anos 90, a música de Michael inspirou jovens em nações fechadas a se arriscar em nome da liberdade e da democracia.

Com seu estilo dramático, ele magnetizou os jovens a fim de que se unissem no propósito comum. Em resposta, eles reuniram forças morais contra o medo e começaram a desafiar a brutalidade onipresente de regimes totalitários.

A energia coletiva de Michael e outros artistas inspiradores tornou-se um fator crítico em trazer o colapso político da União Soviética e seu império do Leste Europeu. "Nós somos o mundo!"

Pesquisas tomadas pela Voz da América* na década de 1980 demonstram o seu apelo. Michael Jackson, Pink Floyd e Billy Joel foram os artistas pop preferidos dos ouvintes da Voz da América, por trás da Cortina de Ferro. 

A música que eles apresentavam oferecia um desafio único para os fundamentos do totalitarismo soviético - o medo e isolamento. Permitiu que os ouvintes sonhassem com a liberdade e a dignidade, e encheu os seus corações e mentes com a determinação prática de buscar um futuro melhor.

Mas, entre todos os artistas pop americanos, foi Michael Jackson quem se elevou acima dos demais. Sua popularidade alcançou a mais alta classificação dos ouvintes da Voz da América - mais de 50% de aprovação.''

Nota do blog A Voz da América* [Voice of America] é o serviço oficial de radiodifusão internacional do governo dos Estados Unidos. Ela é retransmitida em mais de 44 idiomas [via rádio] e 24 idiomas [via televisão] por várias estações ao redor do mundo.

Gerald L. Campbell (Administrador do site Vox Nova.)

Fonte: vox-nova.com