Javon: ''Colocamos uma lâmpada em uma das janelas do seu quarto e se a luz estivesse acesa, isso significava que ele estava acordado e pode precisar de nós para alguma coisa. Quando a luz estivesse desligada significava que estava tudo bem e ele tinha adormecido.
Quando não conseguia dormir, nós o escutávamos no estúdio. Pela forma como foi projetado, nós poderíamos ver as janelas do estúdio a partir do trailer da segurança.
Poderia ser três e meia da manhã, noite cerrada, toda a vizinhança em silêncio. A luz se acendia. Por um momento não se ouvia nada. Havia uma TV, talvez estivesse assistindo a vídeos ou algo assim.
Em seguida, cerca de quinze minutos depois, ouvíamos uma linha de baixo. Lhe escutaria ajustando o volume, o tempo. Ouvíamos seus pés em movimento e, em seguida, a voz - a voz que tinha vendido milhões de discos.
Saía dele como brotando. Linda. Incrível. Dava-me arrepios. Como não iria caminhar nas pontas dos pés para assim a ouvir Michael Jackson? No silêncio da noite, sentado lá e ouvir sozinho, sem ninguém por perto. Nunca chegamos a nos acostumar. Sempre era incrível, não importava quantas vezes nós o ouvíamos.''
Nós íamos percebendo pequenos detalhes sobre como sua mente trabalhava. Levávamos a música no carro, uma sinfonia clássica ou algo assim e ele ficava atento a um som tocando no fundo, um instrumento ou um tom e pedia-nos para voltar [a música] e ouvir novamente.
Colocávamos novamente. ''Escutam isso, rapazes?''
Fazia-o uma e outra vez, "Bem aqui. Esse tom. Aqui mesmo, vocês ouvem?''
Não ouvíamos nada. Havia sons na música que ele ouvia e ficava obcecado com as coisas que não podíamos sequer identificar.
Era como se tivesse uma trilha sonora tocando em sua cabeça sempre. Estávamos no carro e começava a cantarolar uma melodia ou fazer percussão com a boca. Nos dias seguintes, lhe escutaria trabalhar o que ouvia em sua cabeça. Não havia palavras, apenas sons. Como se o fizesse inconscientemente, simplesmente acontecia.
Ele nos disse que, às vezes, vinham à sua mente canções completas, a melodia, a letra e cada parte do instrumento. Então não poderia tirar a melodia de sua cabeça até que a tivesse terminado. Absorvido completamente. Então era quando o escutávamos até a madrugada no estúdio.''
Bill: ''Escutá-lo lá? Era algo que eu queria contar ao mundo, especialmente quando era uma música que ninguém tinha ouvido antes. Às vezes, ele colocava músicas antigas e simplesmente as dançava. Às vezes, trabalhava em um novo tema ou uma nova melodia. Te dava vontade de pegar o telefone, ligar para alguém e dizer: "Cara, eu estou ouvindo Michael Jackson cantando agora." Mas você não poderia.''
Javon: ''Fazia aumentar o volume. Alto a ponto de você estar perguntar-se se ele não iria acordar as crianças. Você poderia garantir que ele estava canalizando toda a sua raiva, frustração e energia através de seus passos de dança e música.
Às vezes, era toda a noite. Eu fazia o último turno até o amanhecer e ele tinha a luz do seu quarto até o amanhecer. Eu pensava: "Quando vai dormir?" Eu trabalhava todas aquelas horas e estava cansado como um cão e ele estava completamente acordado.''
Extraído do livro Remember The Time: Protecting Michael Jackson in His Finals Days escrito por Bill Whitfield e Javon Beard - ex-guarda-costas de Michael Jackson.
Fonte: http://mjhideout.com