The King of Style: Dressing Michael Jackson (27)


Trabalhando em cadeia

''Quando colocamos ''a cereja no bolo'' nas jaquetas, percebemos que encontrar um uso para coisas que não têm nada a ver com as roupas era um dos truques favoritos de Michael. A ''jaqueta de talheres, com facas e garfos, era também uma de suas favoritas.

Durante a fase de cromo que Michael teve quando fizemos o ''traje espacial'' para Jam* na HIStory Tour [nota da tradução*: eu suponho que ele quisesse dizer Scream] tivemos que pesquisar o cromo, o que significava ir à fonte. Onde se pode ir para aprender como manipular este metal, a fim de usá-lo?

Exposição de carros clássicos. Os próprios carros eram obras de arte, Ford T, Rolls Royces anterior a 1940, Cadillac V16, Chevrolet com dois assentos, emulando diante de nós a prestigiada história da indústria automobilística. [...]

Nós olhamos em particular o emblema de um clube de carro britânico que tinha uma coroa. E a luz se acendeu na minha cabeça: faça uma jaqueta tão clássica, elegante e com o estilo dos carros expostos, usando os emblemas de clubes automobilistas - e não se esqueça de usar o emblema da coroa.

Michael estava preparando uma sessão de fotos para o curta-metragem Remember the Time, quando apresentamos a jaqueta para ele.

A fizemos em couro preto, colocamos quatro emblemas de clubes automobilistas europeus; incluindo o Royal Automobile Club da Espanha [RAC], o de Salzburgo, o da Bélgica e Kongelig Norsk, de Oslo, todos os quais tinham coroa.

Nós queríamos tentar algo diferente e não colocar ziper na frente. Michael não gostou da ideia de usar roupas que não podem ser fechadas, mesmo sabendo que elas não seriam fechadas. Nem sequer provou a jaqueta.

Mas depois de um pouco de persuasão e gentilmente lembrar a ele que nunca lhe entregaríamos algo que pensássemos que não iria funcionar, confiou o suficiente para a experimentar e se deixar fotografar na sessão de fotos.

Quando terminaram de tirar as fotogrfias, ele olhou para o resultado final; Cabelo, maquiagem, iluminação, pose, jaqueta, e ele adorou.

"Tinham razão", disse ele. E se tornou uma das sessões mais usadas pela Sony par aMichael com uma de nossas jaquetas, apelidada de ''jaqueta Berlim'', por nenhuma razão em particular que soubéssemos.


Indo longe demais

''Michael tinha idéias regulares e algumas delas tão arriscadas que nunca tive a oportunidade de colocar em prática. Uma delas nasceu em 1992, no auge de sua fama.

A sua privacidade, a sua capacidade de caminhar por uma loja de discos ou mesmo sentar-se no banco de trás de um carro estacionado, já eram memórias distantes e Michael queria que fizéssemos para ele uma jaqueta com a qual ele pudesse evitar os paparazzi.

Se pudesse ligar uma lâmpada contra seus flashes, iria estragar suas fotos. A solução: Criar uma jaqueta de couro preta com 34 luzes estroboscópicas sobre ela.

Claro, e para preservar a ilusão da magia, Michael não iria tocar a roupa para que ele funcionasse, seria sua guarda de segurança que ativaria o controle remoto, o que era um outro problema. Quando o revestimento é ativado, as luzes produziriam um som crescente, como uma sirene de bombeiro, antes que as 34 luzes se acendessem dramaticamente.

Mas um médico nos disse que a intensidade das luzes poderia causar um ataque a uma pessoa que sofre de epilepsia, de modo que nunca a usou.

Não tinha sido a primeira vez que eu tive que parar de uma das ideias de Michael. Estávamos no Grammy em New York em 1988, e Michael estava horrorizado com a história que ele ouviu no noticiário sobre adolescentes que atacaram algumas crianças para [roubar] seus tênis no Central Park.

Sempre interessado no comportamento humano, Michael me pediu para ficar com ele e rever a notícia, para saber a minha opinião.

"Bush, você tem que ver isso", ligando a televisão em seu quarto, no Helmsley Palace, o seu hotel favorito em NY. O hotel era seguro e tinha um elevador que o levava diretamente do estacionamento até o quarto.

"Por que você acha que esses cara fazem isso? Por causa do estilo [dos tênis] ou pelo valor dos tênis?''

Eu sabia que não era um convite para entrar em um debate ou exploração filosófica da cultura adolescente na Big Apple. As perguntas de Michael eram habitualmente retóricas e teriam uma tremenda conclusão.

"Faça para mim uma jaqueta com dinheiro...", disse ele em um sussurro, deixando a palavra parar misteriosamente no ar, como se fosse a sua ideia mais ousada.

Dennis levou 79 notas de 100 dólares, cada uma delas dobrada em forma de origami e fez uma jaqueta de motociclista com elas, costurando cada uma com linha preta e as colocando entre duas capas de plástico transparente. Michael ficou encantado, mas pensou que poderia ser melhorada.

''Uau!'', ele disse, "Em breve, vamos para a Inglaterra. Faça para mim uma com libras.''

A ideia nos entusiasmou, porque as libras têm uma variedade de cores e, em segundo lugar, o dólar valia mais do que uma libra. Então, Dennis passou um feriado colocando as notas e a conversão da moeda tornou a jaqueta um pouco mais econômica.

Um dos conselheiros de Michael o convenceu de que não era uma boa ideia sair por aí coberto de dinheiro. Ainda assim, quando Michael pensou no conceito não tinha sido em nome da moda, nem mesmo na perseguição.

Agora, nos arquivos do Michael, ambas as jaquetas são uma propaganda sobre o verdadeiro significado do dinheiro. Mas mesmo assim aprendemos que, às vezes, uma boa ideia na moda não é a melhor ideia de moda.''



Por Michael Bush (estilista de Michael Jackson)
Extraído do livro The King of Style: Dressing Michael Jackson

Fonte: MJHideout