Entrevista com Michael Jackson para Jesse Jackson em 2005


Michael Jackson concedeu entrevista ao Reverendo Jesse Jackson no dia 27 de março de 2005, no programa 'Keep Hope Alive' da Rádio Gospel 1390 am - E.U.A.

Jesse: Bom dia Michael.

Michael: Bom dia Jesse. Como você está?

Jesse: Bem, fico feliz em escutar você. Há muitos ouvintes na América e o mundo escutando nossa conversa.

Michael: Sim.

Jesse: Lembro quando nos conhecemos na Rua 47, faz muitos anos. Seu pai te trouxe e mais os garotos no furgão de vocês em caravana. Estavam atuando no Regal Theater. Você se lembra disso?

Michael: Sim, lembro. Faz muito tempo. Eu era muito pequeno.

Jesse: Você se lembra desse tempo?

Michael: Oh, lembro que levávamos túnicas e calças pantalão e lembro do amor do público que era fabuloso e como aceitavam o que tínhamos para oferecer. E o apoio de, já sabes, as pessoas dessa época eram demais, os negros eram fantásticos. Você foi sempre muito amável com a gente.

Jesse: Sua mãe fazia as roupas?

Michael: Sim, sempre fez toda a nossa roupa. Minha mãe cosia e ajeitava tudo. Tudo o que levamos antes de que o pessoal da Motown fizesse.

Jesse: Lembro bem que Julius Griffin e seu pai vieram e perguntaram se poderiam se apresentar na Expo, e tivemos que fazer coro para que vocês entrassem na agenda e no final vocês foram os reis do concerto.

Michael: Lembro daqueles concertos. Você usava um grande black power nessa época.

Jesse: As pessoas não se lembram disso, Michael. Quem revelou vocês para a Motown?

Michael: Bom, para dezer a verdade completa, foi Gladys Knight e um cara chamado Bobby Taylor. Ambos estavam dividindo o elenco em vários concertos que estávamos participando, poderiam estar em um concerto e haviam uns vinte ou trinta grupos. Possivelmente foi em Bonneville. Tínhamos que fazer um número de canções e ir para se apresentar. Sempre estavam naqueles concertos.

Eles nos assistiram e ficaram muito impressionados com o que fazíamos. Berry Gordy não estava interessado no início, mas depois ele gostou e quis que assinássemos e já que a Diana Ross era sua maior estrela nesse momento, usaram seu nome como veículo para nos apresentar ao público. O primeiro álbum era Diana Ross presents The Jackson Five.

Jesse: Nessa época, quem era seu artista favorito?

Michael: Eu era encantado com a Diana Ross e..., adorava o James Brown, bem eu ainda sou. Adoro todos esses artistas, ainda hoje como Jackie Wilson. Os artistas que eram os senhores do palco, os verdadeiros artistas.

Jesse: Você já usou algum dos movimentos do Jackie Wilson?

Michael: Oh, sim, claro! Todos aqueles artistas me inspiraram muito. Não posso evitar de ser inspirado por aqueles grandes artistas.

Jesse: Um pouco depois, lembra quando estávamos em Los Angeles e nessa época, Suzanne dePasse era a madrinha do grupo e os levou àss compras para Fred Seigel, a fim de comprar calças jeans?

Michael: Sim!! Lembro da Suzanne dePasse, ela era maravilhosa. Era quase como nossa empresária como meu pai nesse momento e com Tony Jones. Todos eram pessoas maravilhosas, agradeço a todos eles, do fundo do meu coração.

Jesse: Era uma pessoa maravilhosa e continua assim, é a melhor naquilo que faz.

Michael: Sim. Foi de grande ajuda nos primeiros dias de nossa carreira, de modo que segue sendo amiga e gosto muito, muito dela. Faz um bom tempo que não a vejo. Segue sendo uma pessoa maravilhosa... como é o Berry Gordy.

Jesse: Michael.. em todo esse período de desenvolvimento, como saiu de Gary, o Regal Theatre, a Expo e as primeiras reuniões com Berry Gordy da Motown, o que você pode lembrar?

Michael: A que período você se refere?

Jesse: Mais ou menos como em Gary, o Regal Theatre, a Expo, conhecer a Gladys Knight, ir à Motown. Que parte desse tempo ficou mais marcado na sua memória?

Michael: Esse tempo permanece porque eu era muito jovem nessa época, tinha uns oito ou nove anos. Lembro do que estava a minha volta, como era, a música que escutava. Meu pai tocava guitarra, meu tio tocava guitarra. Todos os dias se juntavam, e sabe, tocavam uma música genial. Nós começamos a atuar com sua música. Lembro como marchavam as bandas de música, pela nossa rua. O ritmo da banda e o ritmo do tambor. Cada som ao meu redor parecia ficar gravado na minha cabeça e começava a fazer ritmos e dançar. Eu só dançava no ritmo da lavadora. Minha mãe ia a uma loja na esquina, para lavar a roupa. Eu dançava com aquele ritmo e as pessoas se reuniam à minha volta. Lembro dessas histórias.

Jesse: Bem, lembra que sempre disse que Jackie Wilson, James Brown e Sammy Davis eram seus hérois. Algum vez você os viu atuar?

Michael: Sim, claro e eram meus amigos. Todos esses grandes artistas. Por isso era tão sortudo. Era um menino olhando aquela gente. Estávamos realmente impressionados com seu talento. Ficava observando por trás do cenário. Quería aprender com esses grandes artistas. Eram os melhores artistas do mundo. Os senhores do palco. E as vezes eu saía do palco atrás deles, sabe. Era maravilhoso!

Jesse: Mas no início de tudo, de toda essa coisa, eu lembro de Tito e Jermaine, você era pequeno, tão miudinho. Era parte dos Jackson Five. Em que momento você se deu conta que você também poderia ser o senhor do palco?

Michael: Sabe quando você tem um talento especial e não se dá conta porque pensa que todo mundo tem o mesmo talento que você? Quando eu cantava com essa curta idade, as pessoas se inspiravam muito com as minhas canções e elas se encantavam. Eu não sabia porque estavam aplaudindo ou chorando ou começavam a gritar. Realmente não me dava conta, e foi mais tarde na vida, a gente vinha e me dizia que sim, sabia que tinha um talento especial. Lembro da minha mãe, que é muito religiosa, que sempre nos dizia que devéssemos dar graças a Deus. Saber que não é nosso, não é o que fazemos, vem de lá de cima. Assim que sempre fomos honrados por pessoas que vinham com cumprimentos ou adulações, ou o que seja.

Jesse: Quando deixou de ir ao colégio?

Michael: Era muito garoto. Acho que foi no quarto ou quinto ano. Depois, tive tutores o resto da minha vida. É porque fizemos muitas turnês, concertos e shows para TV e coisas desse tipo, todos os discos e todas as gravações, tínhamos umas três horas de escola, depois fazíamos os concertos, depois viajávamos para outro estado ou país. Por essa época, voltávamos a fazer mais concertos e tínhamos que arranjar tempo para gravar o álbum seguinte dos Jackson Five, e depois era hora de gravar outro álbum do Michael Jackson.

Assim foi minha juventude, sendo um garoto pequeno, sempre estive ocupado. Lembro que em frente ao estúdio da Motown tinha um parque. Eu só ouvia os gritos das crianças brincando e os lançamentos de futebol e do basquete. Lembro que tinha que ir ao estúdio todos os dias, e me sentia triste, porque queria ir ao parque, mas sabia que tinha que fazer um trabalho diferente. Todos os dias até tarde da noite, então íamos dormir e logo nos levantávamos no dia seguinte, para seguir.

Jesse: Você perdeu parte da experiência da juventude. Como compensava essa perda da experiência única da juventude?

Michael: Não tive infância. Mas quando não tem infância como eu e outras crianças famosas, tenta-se compensar a perda e mais tarde trata-se de alcançá-la. Por isso vê, como muitos podem ver, um parque de diversões ou coisas para montar, esse tipo de ambiente na minha casa. Mas o que quero fazer é ajudar outras crianças que tem menos sorte que eu, crianças com doenaçs terminais, crianças pobres da parte violenta da cidade, para que possam ver as montanhas ou ir nas atrações, ver um filme ou tomar um sorvete, o que seja.

Jesse: Claro, uma das diferenças com você, Michael, é que você tinha família. Quanto são na família?

Michael: Originalmente éramos dez. Somos nove. Minha mãe Katherine e Joseph Jackson ainda vivem. Todos somos de Gary, Indiana.

Jesse: Bom, nesse ambiente se adiantaram Tito e Jermaine e lhe deram experiências normais na infância como irmão mais novo?

Michael: Estávamos em turnê. Podíamos ir a Miami. Podíamos, sabe, ter a possibilidade de nos banhar na praia. Éramos muito famosos, onde nós fóssemos, os Jackson Five, havia tumulto. Não podíamos ir ao shopping nem a nenhum lugar, porque havia crianças gritando. Tínhamos um disco de sucesso atrás de outro e logo outro. Queríamos ter a oportunidade nos divertir no hotel fazendo guerras de travesseiro ou se queríamos nadar altas horas da noite, íamos nadar. Já sabe, esse tipo de coisas.

Jesse: Quem ganhava as guerras de travesseiro?

Michael: Normalmente era o Tito ou Jackie, já que eram maiores.

Jesse: É como se tivesse crescido com esse desenvolvimento fenomenal até se tornar o artista que mais vendeu discos na história. Qual sua maior influência para compor? Compõe muito bem.

Michael: Minha maior influência para aprender a escrever música. Acredito que isso é que me faz ser afortunado. Na minha opinião os melhores compositores são dos anos 60: Holland, Dozier, Holland da Motown. Esses rapazes eram fenomenais. Sabe, Lamont Dozier, Eddie Holland. Esses rapazes eram impressionantes. Escreveram todos os sucessos das Supremes e dos Four Tops.

E claro, eu gosto muito do material dos Beatles. Eu amo a música dos Beatles. Gosto dos compositores de música para espetáculos. Richard Rogers, e Oscar Hammerstein e Leonard Lowe e Harold Arland, Johnny Mercer e esse tipo de música. Eu amo a melodia. Gosto das canções dos pubs irlandeses. Gosto da melodia inglesa. Os ritmos africanos, que são as raízes do ritmo, é minha música favorita do mundo, porque toda a música se define desde ali. África é música. É a origem. É o amanhecer da existência. Não pode evitar. Está em tudo no que eu sou.

Jesse: Quando começou a atravessar essas etapas e começou a escrever, cantar e dançar, você teve algum professor de dança?

Michael: Sabe de uma coisa, nunca estudei dança. Sempre foi algo natural para mim. Quando era garoto, começava a tocar a música, não conseguia ficar quieto. Não podiam me parar... até agora, se alguém toca um ritmo, começo a levá-lo e a contar a cadência do ritmo que escuto. É um instinto natural e nunca estudei. Fred Astaire, que foi um grande amigo meu e Gene Kelly, ficavam maravilhados com minha habilidade para dançar. Quando eu era criança, Fred Astaire me disse que seu coração lhe dizia quando alguém chegaria a ser uma estrela especial. Só ao vê-lo pensava, de que ele está falando? Mas ele já via.

Jesse: Michael, de onde saiu o moonwalk?

Michael: O moonwalk é uma dança. Gostaria de me dar os créditos, mas não posso porque tenho que ser completamente honesto. É dos garotos negros dos guetos, eles têm tanto ritmo, o mais fenomenal do mundo. Eu aprendi, tomei muitas idéias ao ver esses garotos negros. Tem o ritmo perfeito. Simplesmente atravessando o Harlem, recordo que era final dos anos 70 e início dos 80, via esses garotos dançando na rua e via como eles faziam aquilo, deslizando para trás como uma dança que criava uma ilusão. Tomei uma fotografia mental. Um filme mental disso. Subi as escadas de Encino e começei a fazer o passo, criá-lo e aperfeiçoá-lo. Mas chegou com a cultura negra.

Jesse: Você alguma vez viu Don Cornelius no Soul Train?

Michael: Me encantava com esse show. Está de brincadeira? Claro que eu via. Esperava que saísse a linha do Soul Train. Tinham uma linha que faziam. como um muro com as pessoas e o dançarino aparecia no meio, dançando a música. Só olhava como estupefato, não parava de olhá-lo, me marcou e estudei os ritmos e as danças.

Jesse: Michael, sabe que, olhando para trás, você fez a transição de "piso de cera" em Gary e começou a ascender e se converter em um homem com corpo de criança e quero dizer que você não engordou. Como consegue?

Michael: Nunca fui guloso e nem um grande admirador da comida, ainda que goste da comida, minha mãe sempre penou comigo, me forçando a comer. Elizabeth Taylor me dá de comer, as vezes, mete a comida na minha boca, mas eu faço o que posso, mas por favor, não quero que ninguém pense que eu morro de fome, não é assim.

Jesse: Você se mantêm nesse peso, por isso as pessoas ficam com inveja.

Michael: Minha saúde está perfeita, sou seguidor da comida holística e natural, das ervas, dessas coisas, em lugar de coisas químicas do Ocidente.

Jesse: Sabe Michael, enquanto olha atrás em sua fenomenal carreira recorda que esteve em Gary até o quinto grau e se converteu em um grande sucesso, o que você lembra? Qual é para você o ponto mais alto? Andei perguntando toda a semana pelo ponto mais alto para cada um, poderia ser Thriller ou Beat It, poderia ser alguma atuação, o que representa o ponto mais alto para você?

Michael: Um dos pontos mais altos foi o início dos anos 80, tinha um disco chamado Off The Wall e foi um ponto importante para mim, porque tinha também o filme The Wiz e queria me expressar como compositor, como artista, escrever minha própria música. Tive Quincy Jones, a quem adorava e tive a sorte de trabalhar com ele e adoro esse homem, tem um grande talento. Mas estava escrevendo as canções nesse momento, Don’t Stop Til You Get Enough, Shake Your Body to The Ground, Billie Jean, e Beat It.

Todas foram escritas nesse momento, estava como vendo metas mentais de que queria fazer como artista e foi um grande momento. Ganhei os Grammys por Off The Wall, mas não estava contente porque queria fazer muito mais que isso. Foi o disco mais vendido por um artista solo até esse momento, vendeu mais de 10 milhões. Disse, para o novo disco não quero que o ignorem.

Jesse: O que levou você a criar Thriller?

Michael: O que me levou a criar Thriller foi que nesse momento, estava muito decepcionado e ferido, vivia em uma zona de Encino onde pichavam os muros com "A  disco music fede" e “a disco music é isso..." e "a disco music é aquilo..." e a disco music era um meio divertido, para que as pessoas dançassem nesse momento, mas foi tão popular, que a sociedade fico contra. Disse: 'vou fazer um grande disco', porque me encanta o álbum que fez Tchaikovsky, A suíte Quebra Nozes, é um disco onde todas as canções são grandes canções.

Queria fazer um disco onde cada canção fosse um sucesso, e Thriller é assim, nasceu disso e consegui e foi história. O livro Guinnes de Recordes o proclamou o disco mais vendido de todos os tempos e ainda hoje eu sigo ostentando, poderia dizer que foi o auge, mas eu não estou feliz depois daquilo, sempre quero fazer mais.

Jesse: E algo a mais que você conseguiu, nessa grande crise de gente morrendo, utilizaste tua fama para unir os artistas, foi fazer We Are The World.

Michael: Sim.

Jesse: Como foi isso?

Michael: We Are The World foi um grande projeto, porque Quincy Jones me chamou e pediu para que escrevesse uma canção sobre a devastação que ocorria na África e na Etiópia. Ele conhecia meu amor pelas pessoas dali, porque sempre quero viajar para a África. Adoro a cultura, as pessoas, o que representam e escrevi essa canção. Me disse que deixasse que o Lionel Richie me ajudar, assim que começamos, juntamos as idéias.

Quincy estava muito impressionado e disse que esta seria a canção a ser lançada e se converteu no tema mais vendido da história, arrecadando muito dinheiro. Ela foi chamada USA For Africa e ocasionou que as pessoas se inteiraram com o tema. Era benéfico para a África, foi algo lindo. Demos uma porcentagem para a América e a maior parte foi para a África.

Jesse: Além disso, Michael, quando fizemos o filme Save the Children, foi um grande sucesso.

Michael: Sim, foi. Lembro aqueles dias quando estava um pouco nublado, mas lembro do Jesse e lembro como ele foi maravilhoso com a gente e o amor do público. Posso escutar os gritos das pessoas e foi um momento maravilhoso, era uma causa maravilhosa...

Jesse: A Victory Tour... conte-nos dessa época.

Michael: A Victory Tour foi um dos nossos pontos altos e um sucesso para mim, porque Thriller tinha ganho mais Grammys que qualquer outro disco na história da música, e armou tal fenômeno e foi muito duro fazer qualquer coisa, a imprensa, os helicópteros e as pessoas dormindo entre arbustos e escondidos entre as árvores. Fizemos a turnê e cantamos ao vivo aquelas canções diante do público e o mundo parecia realmente ficar louco.

Batemos recordes por toda a América e tocamos em estádios batendo recorde como no Dodgers Stadium. Fizemos oito concertos com todos os ingressos vendidos. Foi transmitido para a América toda, a primeira cidade foi Kansas City e ali nos juntamos com você, Jessie, e recordo que foi ao nosso quarto e nos guiou na oração e foi algo lindo. Meus sonhos se tornaram realidade.

Jesse: Qual momento que você considera ser o momento mais baixo?

Michael: Provavelmente o ponto mais baixo, em se tratando de emoções e experiências, é o que estou atravessando agora.

Michael: Disse que é como que se você fosse ferido, que é o ponto mais baixo.

Michael: É a dor que estou passando, onde me acusam de algo que sou totalmente inocente e é doloroso.

Jesse: Como você está lidando com a parte espiritual? Porque você sempre esteve no lugar mais alto e agora você, a sua pessoa e a sua integridade estão sendo atacados. Como você está lidando com isso?

Michael: Me inspirando nas pessoas que, no passado, atravessaram esse tipo de experiência. A história de Mandela me dá forças, pelo que ele teve que passar. A história de Jack Johnson, que a colocaram na televisão pública, agora está em DVD. É uma história grandiosa sobre esse homem de 1910, que era o campeão do mundo de pesos pesados e se meteu em uma sociedade que não aceitava sua posição nem seu estilo de vida, e como eles o sabotaram, como mudaram a lei para prendê-lo.

A história de Muhammad Ali, todas essas histórias, a de Jesse Owens. Suas histórias me dão forças, o que viveram. Porque eu não cheguei ao final do movimento para os Direitos Civis, era um garoto nos anos sessenta.

Jesse: As pessoas que lhe acusam, você tem que se encontrar com elas em juízo, todos os dias. Como suporta isso espiritualmente?

Michael: Recebo força de Deus, acredito em Deus Jeová e recebo força de fato, já que sou inocente. Nenhuma dessas acusações são reais, são totalmente fabricadas. Rezo muito e assim é como vou levando e sigo forte como um guerreiro. Sou um lutador mas é doloroso porque afinal sou humano e dói muito.

Jesse: Conversamos semana passada pelo telefone e estava nesse ritmo do julgamente e toda a nação se perguntava: 'Michael, você está arruinado?'

Michael: Isso não é certo, em nada. É uma das muitas intrigas para me colocar em uma situação dfícil, para querer me arrastar na lama. Não acredite, isso é coisa de tablóide sensacionalista.

Jesse: Bem, como chegou o dinheiro para colocar nesse lugar preferencial? Há pessoas que ligam e dizem que tudo isso vem do catálogo da Sony. O que tem esse catálogo?

Michael: O meu catálogo da Sony possui todas as canções dos Beatles, sou proprietário do Sly and the Family Stone. Tenho muitas canções do Elvis, é um grande catálogo e muito valioso. Existe uma grande disputa agora, enquanto falamos sobre isso. Há muita conspiração, estão conspirando enquanto conversamos.

Jesse: Alguns dos seus amigos e familiares dizem que toda essa disputa está mais relacionada com o catálogo que com qualquer outra coisa. Você acredita nisso?

Michael: Não quero comentar, Jesse, é um problema delicado.

Jesse: Esteve em Londres faz umas duas semanas e tudo era Michael Jackson, vinte e quatro horas, os sete dias, todo dia, toda noite. O dia que chegaste tarde do hospital, disseram que estava doente. O que aconteceu?

Michael: Estava saindo, saía do chuveiro e cai com todo o peso do corpo sobre minha caixa toráxica. Me machucou muito e lesionou meu pulmão direito. Vou todos os dias ao julgamento com uma dor imensa e agonizante. Sinto que sou forte como posso, mas estou em observação porque tenho tosse com sangue. O doutor disse que é muito perigoso.

Jesse: Os cínicos dizem que fingia e o juiz tampouco pareceu acreditar, ainda que acabasse de sair do hospital.

Michael: Não estou fingindo nada. Há uma radiografia onde pode ver a inflamação em toda a caixa toráxica e é de um vermelho brilhante.

Jesse: Escuto você contar tudo isso que está passando e como você é forte, é impressionante. Teve um momento da semana passada que você chorou. O que lhe balançou? O que fez você ter essa queda?


Michael: Você se refere ao julgamento?

Jesse: Sim.

Michael: Estava sentado ferido e a dor era tão grande que tudo o que podia fazer era me sentar e chorar, não podia resistir, tomei um lenço e o coloquei no rosto.

Jesse: É mais sobre a sua dor pessoal, como o que vem acontecendo no julgamento?

Michael: Não, não tem nada a ver com o que está passando lá dentro, foi uma dor física.

Jesse: Como você sente as perguntas das pessoas?

Michael: Bem, pedem para que seja forte, que receam pelos meus filhos, minha família e eu mesmo. Que não acreditam no que ouvem, no que veem e no que leem, porque o que se edita não é real. É uma loucura da mídia, é pela minha fama. Quanto maior é a fama, maior o objetivo. É terrível o que está passando com isso, é parte do que tenho que sofer por ser famoso.

Jesse: Dada a sua fé em Deus e em você mesmo, enquanto está atravessando essa tormenta, será uma batalha intensa. Há algo diferente que quer fazer quando tudo isso terminar?

Michael: Meu nível de confiança mudará, há muita conspiração

Jesse: Essa conspiraçaõ está conectada com a fama, com o julgamento, com o catálogo, o que você acredita que é a fonte disso?

Michael: Não posso fazer comentários, estou sob uma ordem de silêncio e não quero dizer nada incorreto.

Jesse: Deixe que te pergunte isso, para aqueles que rezam fervorosamente e querem ajudar para que voltem a ver Michael Jackson. O que as pessoas podem esperar de você?

Michael: Sou uma pessoa do espetáculo. Eu gosto muito das artes. Sou músico, sou diretor, sou escritor, sou compositor, sou produtor, amo esse meio. Gosto de cinema, é a arte mais expressiva de todos os meios artísticos. O escultor pode esculpir, o pintor pode pintar, mas eles capturam um momento e congelam o tempo nesse momento. O cinema tem o público durante duas horas, seus cérebros, suas mentes, pode nos levar a qualquer lugar que queira. Essa idéia me dá obsessão. Ter a possibilidade de fazer isso com as pessoas. É o que mais me interessa sobre fazer cinema no futuro.

Jesse: Dado o fervor que está levantando o assunto que você enfrenta agora, você não planeja deixar a carreira quando tudo isso acabe?

Michael: Em absoluto, porque sei o que sou e o que quero fazer. Vou pelos meus sonhos e meus ideais na vida com coragem, perseverança e determinação.

Jesse: Você chegou tão longe e realizou seus sonhos, com o que sonha agora?

Michael: Em inovar, em ingressar no cinema. Há outras coisas que quero fazer, que são surpresas. Na Àfrica, tenho planos que estou preparando.

Jesse: Seu próximo projeto. O que você vê como seu prejeto mais imediato?

Michael:  Provavelmente... a canção do Tsunami que queremos fazer para conseguir dinheiro das vítimas do tsunami. Somália e Madagascar foram golpeadas muito fortemente, e nunca falam disso, como falam de outros países. Nunca falam da devastação da África, assim que quero fazer algo para isso. E logicamente, tenho trabalhado para fazer, planejando um complexo que estou construindo na África. Hotéis grandiosos, um lugar maravilhoso para as pessoas e suas famílias, onde poderão ficar bem ali. Há um monte de lugares lindos ali. Assim, quero fazer algo que seja mais internacional.

Jesse: É interessante o tsunami...foi tão grande esse desastre natural, não se pode deter, quem sabe tivéssemos sistemas de detecção que avisasse previamente, poderíamos ter salvo muitas vidas. Foi um desastre natural e o que dizem é que perdemos 200.000 vidas no tsunami, acredito que enquanto falamos, está aproximando essa crise na África, parece que ocupa boa parte de seu sonho, nesse momento da sua vida.

Michael: Sim, porque, no mais fundo do coração, realmente amo a África. Por isso quando tenho a oportunidade, meus filhos e eu subimos no avião e voamos para a África e ali passamos férias. Passei mais férias lá que em qualquer outro país. Topograficamente, é um dos lugares mais maravilhosos que há na Terra. Nunca mostram suas praias de areia branca como açúcar e nunca ensinam como a paisagem é bonita, não mostram os edifícios, as metrópoles, a zona urbana, Johannesburg, Cidade do Cabo, Quênia, Costa do Marfim, Ruanda. É realmente tão bonito, que enlouquece.

Fonte: lacortedelreydelpop