Depoimento de Karen Faye (03)
''Foi durante as filmagens de Beat It, a primeira vez que experimentei Michael Jackson realmente atuar. Até este ponto, nosso trabalho em conjunto havia sido tranqüilo e no ambiente mais íntimo das sessões de fotos. Era 1983. Michael era extremamente tímido, de fala mansa e graciosa.
Nossa primeira cena aconteceu em um quarto de hotel em Skid Row, em Los Angeles. Câmeras, luzes e caixas de som, estavam todas amontoadas em um espaço pequeno. A posição de Michael na primeira cena, era sentado em uma cama surrada. Ele estava usando uma bonita camiseta branca, com o que pareciam teclas de piano nela, com detalhes vermelhos.
Então ele foi orientado por Bob Giraldi a ficar em pé e depois olhar para a lente da câmera, localizada no porta estreita. Ser a maquiadora de Michael exigia que eu ficasse por perto. Em um espaço só para mim, eu estava sentada em uma cômoda, ao lado da câmera. A lente realmente atravessava acima das minhas pernas, quase tocando o meu nariz.
Michael acenou com a cabeça, em reconhecimento de que ele estava pronto e de que havia compreendido suas marcas. A gravação começou. A música era ensurdecedora e a batida fez vibrar todo o hotel.
Eu teria caído da minha cadeira, se houvesse espaço para queda. O cara tímido que eu tinha conhecido por todos esses meses, de repente se transformou em alguém que eu não tinha encontrado antes. O olhar que ele deu para a câmera, o rosnado sexy, não era nada como a pessoa que eu conhecia até aquele ponto. Ele se tornou a música.
Esta foi a minha primeira lição sobre o que era um verdadeiro artista. Fiquei fascinada com a transformação. Como poderia a natureza de alguém ser completamente alterada? Quando nós conversamos sobre isso, explicou: "não sou eu". Ele disse que era Deus que vinha através dele.
Depois da minha experiência com Michael, eu percebi que, quando eu estava criando, seja fazendo maquiagem e cabelo, quando eu estava usando o meu presente, eu estava em um estado de ser que era totalmente presente e conectado com o que poderia ser denominado como Deus, (como Michael explicou-me) ou conectado ao universo. Isto explica porque Michael estava mais em paz na frente de milhares de pessoas no palco, do que estaria em sua realidade diária.'
Karen Faye (amiga e maquiadora)
Fonte: site de karen faye