'Como eu me envolvi com Michael e seus irmãos? Era primavera de 1983 e os Jacksons estavam se reunindo para ir para a estrada para a Victory Tour. Eles estavam recebendo toda a família reunida para esta turnê, incluindo o seu pai, que tinha originalmente levado a ascensão do Jackson Five até o topo.
Seu gerente para a Victory Tour chamou-me uma e outra vez, durante quatro meses, pedindo-me para trabalhar com os Jacksons. Eu continuei dizendo que não.
Nesse ponto, eu tinha ajudado a Anistia Internacional se estabelecer na América do Norte, já havia trabalhado com Simon e Garfunkel quando eles tinham se reunido para um público de meio milhão, em um show gratuito no Central Park, em seguida, quando eles tinham saído em turnê.
Mas eu gostava de fazer Cruzadas, lutar pela Verdade que os outros não veem. Eu não via a turnê de Michael Jackson como um desafio. Ele já tinha feito isso. Michael tinha acabado de vender 36 milhões de cópias apenas com o álbum Thriller. Isso é quase três vezes mais do que o recordista anterior, Peter Frampton.
Eu não sentia que o The Jacksons precisava de mim. Então eu continuei a recusar. Mas eu senti que, se você vai dizer não a alguém, pelo menos você deve ter a coragem de dizer isso pessoalmente.
Assim, quando os Jacksons entraram em Nova York e me pediram para encontrar com eles no hotel Helmsley Palace, eu tive que fazê-lo. Mesmo que o encontro fosse à meia-noite de sábado, e eu estava trabalhando desde as 9 hs da manhã.
No minuto em que entrei na suíte dos Jacksons, preparada para reuniões, duas coisas eram óbvias.
Primeiro: Da linguagem corporal destes irmãos, você poderia dizer que os Jacksons foram algumas das pessoas mais honestas, éticas e transparentes que não se encontram por aí.
Segundo: Eles tinham um problema muito grande. Eles não sabiam o que era, eu não sabia o que era. Mas o que eu tinha que saber é que ali havia um desafio. Havia um erro para ser corrigido. Um erro invisível. Algo que podíamos sentir, mas não podíamos dar um nome. Eu tive que dizer sim.
Meu primeiro encontro com Michael não aconteceu antes de quatro meses. Eu estava com os irmãos de Michael, junto à piscina na casa de Marlon, em Encino, uma casa de dois andares em construção - com um pequeno quarto na parte detrás do jardim, próximo à piscina. Era ali que eu fazia o meu trabalho.
Eu li milhares de artigos sobre Michael. Eu compilei um dossiê sobre a vida de Jackson. Uma coisa na qual todos os artigos concordavam era o seguinte: Michael não era um ser humano normal. Os artigos o chamavam de bebê bolha, o descreviam como uma pessoa que recuava ao menor toque.
Mas o fato é que nem Michael nem eu tínhamos levado uma infância convencional normal; nenhum de nós tinha crescido entre outras crianças. Então, eu não conhecia os rituais comuns da vida normal. Eu tive que aprender vendo outras pessoas como exemplo, eu era um visitante de Marte.
Um dos rituais que eu tinha visto era o aperto de mão entre estranhos. Você sabe, você vê alguém que você nunca viu antes, mas que os outros querem que você conheça. Você anda até ele ou ela, você estica sua mão, e você diz: 'Olá, meu nome é ______.'
Este era um ritual que eu quase nunca usava. Mas quando Michael abriu a porta da casa que dá acesso à piscina, eu caminhei até ele, estendi a mão e disse Oi, eu sou Howard.'
Eu sabia o que iria acontecer. Os artigos tinham explicado. Michael iria recuar ao meu toque. Mas não foi isso que ocorreu. Michael estendeu a mão, apertou a minha, e respondeu: 'Oi, eu sou o Michael.' Era tão normal e tão natural quanto poderia ser.
As histórias de mídia eram falsas. Mas milhares de pessoas da imprensa as repetiram como verdades. Algo estranho estava acontecendo na esfera de Michael - na esfera da percepção que a imprensa nos dá como realidade. Eventualmente esses erros o matariam. Mas isso é uma história para outro momento.
Poucos minutos depois, Michael e eu subimos as estreitas escadas para o minúsculo quarto de cima, onde Marlon mantinha seu equipamento de gravação. Eu tinha escrito um comunicado à imprensa e eu queria a aprovação de Michael. Encontramos lugares para nos sentarmos sobre os amplificadores e teclados.
Eu li o comunicado de imprensa em voz alta. À medida que eu lia, o corpo de Michael relaxava: 'Isso é lindo!' - disse ele, após o meu término - 'Você escreveu isso?'
De fato, eu tinha escrito. E escrever comunicados de imprensa não era apenas um trabalho para mim, era uma arte. Eu editava uma revista literária que tinha ganhado dois prêmios da Academia Nacional de Poetas.
E, nas décadas posteriores, o Washington Post chamou a escrita nos meus livros de 'bonitas'. Mas ninguém nunca tinha visto a arte oculta no trabalho nem a criatividade oculta no ordinário. Michael, aparentemente, tinha.
Uma vez que Michael havia aprovado o comunicado à imprensa, voltamos pelas escadas ao pequeno quarto no primeiro piso. Contra as paredes e ao longo da sala, havia arcades de videogame, máquinas pelas quais poucos poderiam pagar, naqueles dias.
No centro da sala, ocupando a maior parte do espaço, estava uma mesa de bilhar. Os Jacksons estavam programados para ter uma reunião com a diretora de arte da CBS, para decidir sobre a capa do álbum Victory Tour. Eles queriam que eu participasse.
Quando a diretora de arte chegou, ela deu os portfólios de cinco artistas, portfólios espalhados de uma extremidade à outra da mesa de sinuca. Estes não eram apenas os portfólios tipo comercial para os artistas mostrarem o seu trabalho. Cada um deles havia sido artesanalmente produzido à mão, trabalhado em couro ou madeira de cerejeira. E cada um deles era de um artista lendário, um artista ícone na sua área.
Estávamos todos reunidos no lado oposto da mesa de sinuca, em relação à diretora de arte. Michael estava no centro. Eu estava ao lado dele, à sua esquerda. E os irmãos estavam em torno de nós de ambos os lados.
A diretora de arte da CBS deslizou o primeiro portfólio em direção a Michael. Ele abriu a primeira página, lentamente... apenas o suficiente para ver talvez uma polegada da imagem.
Como ele estava com aquela obra de arte sobre os seus joelhos, na altura da fivela, com os cotovelos flexionados, tudo o que podia dizer era 'Oooohhhhh!!' Um suave e orgásmico 'ooooh'. Em uma sílaba e em sua linguagem corporal, você poderia sentir que ele era vendo.
Vocês conhecem o poema de William Blake?
'Ver um mundo em um grão de areia,
e o Paraíso numa flor silvestre,
Ter o infinito na palma da sua mão,
E a Eternidade em uma hora. . .'
A ambição intensa desse poema e o desejo de admiração estavam vivos em Michael. Mais vivos do que qualquer coisa do tipo que eu já vi. Michael via o infinito em uma polegada. Michael abriu a página ainda, centímetro por centímetro, joelhos e cotovelos flexionados ainda mais e seus 'ooohs', seus sons de orgasmo estético, cresciam ainda mais intensos.
Cotovelo a cotovelo e ombro a ombro com ele, você podia senti-lo a descobrir coisas no pincel que sequer o artista teria visto. Enfim, ele abriu a página inteira, seu corpo e sua voz expressavam um êxtase. Uma epifania estética. Eu nunca encontrei nada parecido. Michael sentia a beleza da página com cada célula do seu ser.
(Nota do blog: a imagem que Michael estava olhando era a proposta para a capa do álbum Victory Tour)
Eu tenho trabalhado com Prince, Bob Marley, Peter Gabriel, Billy Joel e Bette Midler, algumas das pessoas mais talentosas da nossa geração, e nenhum deles tinha esta qualidade de admirar que estava viva em Michael. Ele via a maravilha em tudo. Sua qualidade de maravilha estava além de qualquer coisa que a maioria de nós, seres humanos, podem conceber.
Vejam bem... acima de tudo, eu sou um cientista, Michael não era. A ciência é minha religião. Tem sido a minha religião desde que eu tinha dez anos. As duas primeiras leis da ciência são:
1) A verdade a qualquer preço, incluindo o preço de sua vida.
2) Olhe para as coisas bem debaixo do seu nariz, como se você nunca as tivesse visto antes e depois, aja a parti daí.
E isso não é apenas uma regra da ciência. É uma regra da Arte. E é uma regra da Vida. Muito poucas pessoas sabem disso. Menos ainda, o vivenciam. Mas Michael era assim, ele encarnava em cada folículo do seu ser. Michael foi o mais próximo que eu já cheguei de um anjo secular. Um santo secular. Ele acreditava que a ele foi dado um dom de Deus. Ele acreditava que a ele foi dado talentos, maravilhas e espantos raramente concedidos a nós, muito frágeis seres humanos. Porque Deus lhe tinha dado este dom enorme, ele sentiu que devia a experiência de admiração, espanto, admiração e infinidades afins para os outros seres humanos.
Mas, ao contrário de outros seres humanos generosos, Bill e Melinda Gates, por exemplo, Michael doar aos outros não era apenas uma coisa eventual. A necessidade de doar-se aos outros estava viva em cada fôlego que ele respirava todos os dias.
A vida inteira de Michael Jackson foi dar e receber e todo o propósito de receber era para que ele pudesse dar. Ele trabalhou com cada célula do seu corpo para expressar o dom da maravilha e da surpresa aos seus companheiros seres humanos.
Precisar da adulação das multidões era a conexão de Michael com os outros, a sua conexão mais profunda, muito mais profunda do que a família e os amigos (embora esses sejam indispensáveis), e de cura, muito mais. Esse ato de dar mantém uma pessoa emblemática, uma pessoa que nunca conhece a normalidade.
Eu adoraria contar-lhes as histórias de como Michael fazia estas coisas de forma clara. Mas, novamente, estas histórias terão que esperar para outro dia.
Parece estranho dizer isso, mas Michael sempre será uma parte de mim. Nenhum superstar com o qual eu tenha trabalhado afetaria as linhas em meu âmago do jeito que ele fez. Michael abriu uma janela para uma qualidade de encantamento diferente de tudo que eu já tinha sido exposto na minha vida.
Por este presente, eu senti que lhe devia. Eu senti que todos nós lhe devíamos. E nós ainda devemos. Devemos a ele uma visão honesta de quem ele era. Nós devemos a ele até que, finalmente, se varra toda a porcaria de manchetes sensacionalistas, e vejamos claramente, por aqueles que o amam, saber mais sobre ele do que qualquer perito ou jornalista que afirma ter sondado a sua vida.
Os jornalistas e especialistas não conhecem Michael Jackson. Mas se você o ama, há uma boa chance de você fazê-lo.'
Por Howard Bloom *Que trabalhou como publicitário para a Victory Tour em 1984.
Howard Bloom é um escritor norte-americano. Seu interesse pela ciência, desde os 10 anos de idade, despertou seu fascínio pela cosmologia e microbiologia, e com a idade de 12 anos ganhou o 'Prêmio de Ciência Westinghouse' pelo seu projeto com computadores.
Quando a diretora de arte chegou, ela deu os portfólios de cinco artistas, portfólios espalhados de uma extremidade à outra da mesa de sinuca. Estes não eram apenas os portfólios tipo comercial para os artistas mostrarem o seu trabalho. Cada um deles havia sido artesanalmente produzido à mão, trabalhado em couro ou madeira de cerejeira. E cada um deles era de um artista lendário, um artista ícone na sua área.
Estávamos todos reunidos no lado oposto da mesa de sinuca, em relação à diretora de arte. Michael estava no centro. Eu estava ao lado dele, à sua esquerda. E os irmãos estavam em torno de nós de ambos os lados.
A diretora de arte da CBS deslizou o primeiro portfólio em direção a Michael. Ele abriu a primeira página, lentamente... apenas o suficiente para ver talvez uma polegada da imagem.
Como ele estava com aquela obra de arte sobre os seus joelhos, na altura da fivela, com os cotovelos flexionados, tudo o que podia dizer era 'Oooohhhhh!!' Um suave e orgásmico 'ooooh'. Em uma sílaba e em sua linguagem corporal, você poderia sentir que ele era vendo.
Vocês conhecem o poema de William Blake?
'Ver um mundo em um grão de areia,
e o Paraíso numa flor silvestre,
Ter o infinito na palma da sua mão,
E a Eternidade em uma hora. . .'
A ambição intensa desse poema e o desejo de admiração estavam vivos em Michael. Mais vivos do que qualquer coisa do tipo que eu já vi. Michael via o infinito em uma polegada. Michael abriu a página ainda, centímetro por centímetro, joelhos e cotovelos flexionados ainda mais e seus 'ooohs', seus sons de orgasmo estético, cresciam ainda mais intensos.
Cotovelo a cotovelo e ombro a ombro com ele, você podia senti-lo a descobrir coisas no pincel que sequer o artista teria visto. Enfim, ele abriu a página inteira, seu corpo e sua voz expressavam um êxtase. Uma epifania estética. Eu nunca encontrei nada parecido. Michael sentia a beleza da página com cada célula do seu ser.
(Nota do blog: a imagem que Michael estava olhando era a proposta para a capa do álbum Victory Tour)
Eu tenho trabalhado com Prince, Bob Marley, Peter Gabriel, Billy Joel e Bette Midler, algumas das pessoas mais talentosas da nossa geração, e nenhum deles tinha esta qualidade de admirar que estava viva em Michael. Ele via a maravilha em tudo. Sua qualidade de maravilha estava além de qualquer coisa que a maioria de nós, seres humanos, podem conceber.
Vejam bem... acima de tudo, eu sou um cientista, Michael não era. A ciência é minha religião. Tem sido a minha religião desde que eu tinha dez anos. As duas primeiras leis da ciência são:
1) A verdade a qualquer preço, incluindo o preço de sua vida.
2) Olhe para as coisas bem debaixo do seu nariz, como se você nunca as tivesse visto antes e depois, aja a parti daí.
E isso não é apenas uma regra da ciência. É uma regra da Arte. E é uma regra da Vida. Muito poucas pessoas sabem disso. Menos ainda, o vivenciam. Mas Michael era assim, ele encarnava em cada folículo do seu ser. Michael foi o mais próximo que eu já cheguei de um anjo secular. Um santo secular. Ele acreditava que a ele foi dado um dom de Deus. Ele acreditava que a ele foi dado talentos, maravilhas e espantos raramente concedidos a nós, muito frágeis seres humanos. Porque Deus lhe tinha dado este dom enorme, ele sentiu que devia a experiência de admiração, espanto, admiração e infinidades afins para os outros seres humanos.
Mas, ao contrário de outros seres humanos generosos, Bill e Melinda Gates, por exemplo, Michael doar aos outros não era apenas uma coisa eventual. A necessidade de doar-se aos outros estava viva em cada fôlego que ele respirava todos os dias.
A vida inteira de Michael Jackson foi dar e receber e todo o propósito de receber era para que ele pudesse dar. Ele trabalhou com cada célula do seu corpo para expressar o dom da maravilha e da surpresa aos seus companheiros seres humanos.
Precisar da adulação das multidões era a conexão de Michael com os outros, a sua conexão mais profunda, muito mais profunda do que a família e os amigos (embora esses sejam indispensáveis), e de cura, muito mais. Esse ato de dar mantém uma pessoa emblemática, uma pessoa que nunca conhece a normalidade.
Eu adoraria contar-lhes as histórias de como Michael fazia estas coisas de forma clara. Mas, novamente, estas histórias terão que esperar para outro dia.
Parece estranho dizer isso, mas Michael sempre será uma parte de mim. Nenhum superstar com o qual eu tenha trabalhado afetaria as linhas em meu âmago do jeito que ele fez. Michael abriu uma janela para uma qualidade de encantamento diferente de tudo que eu já tinha sido exposto na minha vida.
Por este presente, eu senti que lhe devia. Eu senti que todos nós lhe devíamos. E nós ainda devemos. Devemos a ele uma visão honesta de quem ele era. Nós devemos a ele até que, finalmente, se varra toda a porcaria de manchetes sensacionalistas, e vejamos claramente, por aqueles que o amam, saber mais sobre ele do que qualquer perito ou jornalista que afirma ter sondado a sua vida.
Os jornalistas e especialistas não conhecem Michael Jackson. Mas se você o ama, há uma boa chance de você fazê-lo.'
Por Howard Bloom *Que trabalhou como publicitário para a Victory Tour em 1984.
Howard Bloom é um escritor norte-americano. Seu interesse pela ciência, desde os 10 anos de idade, despertou seu fascínio pela cosmologia e microbiologia, e com a idade de 12 anos ganhou o 'Prêmio de Ciência Westinghouse' pelo seu projeto com computadores.
Aos 16 anos, Bloom estava trabalhando como assistente de pesquisa do sistema imunológico, no maior centro mundial de pesquisa do câncer, o 'Roswell Park Memorial Research Cancer Institute'.
Formou-se na Universidade de New York com 25 anos, e desviou-se dos seus estudos científicos para trabalhar como editor de uma revista. Bloom fundou a maior empresa de publicidade na indústria da música.