Depoimento de Miguel Gandelman


O saxofonista brasileiro Miguel Gandelman relata
a experiência de trabalhar com Michael em This Is It

"(...) Recebi ligação do diretor musical, Michael Bearden (...) Ele disse que Michael Jackson nunca teve um naipe de metais ao vivo com ele, no palco. Apesar de o som dele ser marcado pelos metais, ele nunca teve ao vivo. 

E como essa seria a última turnê dele, ele gostaria de colocar a gente para tocar. Michael queria que fosse a maior turnê, uma coisa esplêndida. Michael que tinha a palavra final em tudo. Por mais que o diretor musical tenha chamado a gente para o show, a palavra final era dele.

Nós passamos dois dias ensaiando, tocando com o cara, vivendo ali com ele. Vendo-o dançar na nossa frente, super feliz. Foi uma coisa experiência única. Michael era gente boa pra caramba, uma pessoa do Bem. Lindo, maravilhoso.

A banda foi disposta de forma que ele ficasse de frente pra gente. O cara estava a três passos de mim. A gente olhando nos olhos dele. [Vimos de perto] ele dançando, sorrindo, gritando e fazendo as "paradas" dele.

Tocamos Thriller, Jam, The Way You Make me Feel, Wanna Be Starting Something. Eu fui o último saxofonista a tocar com Michael. Tive o privilégio de ter feito ele dançar com a minha música. Isso é uma coisa divina que eu vou guardar para o resto da minha vida.

Realizei aquele sonho de tocar Thriller com Michael. Com ele na minha frente, olhando e rindo. Aquilo ali vai ficar na minha cabeça pra sempre. Montaram a banda em frente a Michael, pra ele poder ficar de frente para todo mundo, dando opiniões. Ele era um cara muito envolvido musicalmente com tudo.

O Michael era o cara que tinha a palavra final em tudo o que acontecia na produção. Ele dirigia a música inteira, do tom da guitarra ao "groove" (suingue) da bateria. 

Ele dizia: "O som não é esse, é mais assim, é mais assado". Ele foi um dos artistas mais completos que eu já vi.

Ele estava com uma camiseta normal, branca, e com um jeans. Este negócio que diziam que ele tinha hematomas no braço... não tinha nada disso. A cara e a voz dele não tinham nada de diferente.

Ele era um ser humano normal, um homem normal. Ele sempre foi uma pessoa magra, mas nada de `Ai, meu Deus, coitado desse cara.`

Ele era uma pessoa muito tímida, só isso. Mas você sentia a pureza, a "vibe", a aura, o quão puro o cara era. Ele era uma pessoa muito abençoada, uma pessoa divina.

Ele estava...  foi inimaginável. Obviamente ele não era aquele Michael de 20 anos de idade, mas estava bem. Não presenciei a vida pessoal dele, só a música. E a vida musical dele estava 100%. 

O que Deus deu pra ele estava ali. Estava presente, bonito, vendo a música dele acontecendo. O cara estava 100% presente, fazendo o trabalho dele.

A gente sabia qual era o projeto. O diretor musical, Michael Bearden, queria fazer desta última turnê do Michael a maior, visual e musicalmente.

Michael Jackson estava com todo um repertório novo de danças, que ninguém nunca tinha visto. A gente é amigo dos bailarinos que faziam parte da turnê. Eles disseram que ficaram chocadíssimos quando viram Michael no ensaio fazendo novos movimentos e novas "sacações" de dança que ele nunca tinha feito.

O cara estava super feliz, super legal. Olhei no olho dele, apertei a mão. Isso que me impressionou mais. Quando cheguei em casa, eu liguei para o meu pai, para a minha mãe, só para dizer que tinha tocado para ''o cara''.

Ele é um ser humano, porque você tem na cabeça: *******, é o Michael Jackson! Você acha que vai ver o cara com uma capa e sair voando. É um homem normal, estava com uma camiseta Hering branca, uma calça jeans e falando com todo mundo. Dando ordem. Aí dançava, cantava e gritava. Muito legal."

Miguel Gandelman *Saxofonista brasileiro residente em Los Angeles.

Créditos: http://michaeljacksonthelightman.blogspot.com.br