Depoimento de Mike Dean Ellis


''Foi em 1994 e eu vinha trabalhando como assistente, há alguns meses, nos famosos Estúdios de Gravação Oceanway, na Sunset Blvd em Hollywood. As paredes estavam cobertas com discos de ouro e de platina de artistas que todos nós conhecemos e amamos.

No lugar mais proeminente no edifício, em frente, havia um disco de platina de Thriller de Michael Jackson. Muitas vezes, eu o observei, enquanto trabalhava na unidade logo abaixo.

Um dia, meu gerente me pediu que eu começasse a ir no Record One, outro estúdio do mesmo proprietário, localizado na Sherman Oaks, toda segunda à noite, para que o outro assistente pudesse ter uma folga. Eu fui lá e descobri que a MJJ Productions tinha alugado os estúdios A e B, por tempo indeterminado.

Deus sabe quanto tempo eles já deviam trabalhar ali e foi dito que era um disco com "orçamento ilimitado". Parte das minhas funções era indagar ao redor, perguntando se alguém queria algo para comer, fazer as encomendas e depois ir buscá-las em vários restaurantes da área.

Acabei gastando centenas de dólares em lagostas cada vez mais caras, sushi e bifes. Em seguida, limpava quando todos estavam indo embora, eu limpava, lavava os pratos etc.

Havia produtores e engenheiros, mas eu nunca vi o artista estar lá. Finalmente, em uma segunda à noite, me disseram que MJJ estava vindo. Os funcionários e os rapazes do seu grupo sempre se referiam a ele como MJJ, em vez de Michael.

Um tempo depois, ele chegou. Quando ele entrou, parecia que ele já conhecia os outros funcionários, mas ele me olhou e percebeu que eu era novo.

Alguém nos apresentou:

"Este é Michael .. " , quando ele se aproximou para apertar minha mão, disse suavemente: "Meu nome é Michael, também... " ...com um belo sorriso e um aperto de mão firme.

O que mais me lembro é como ele cheirava a talco de bebê. Inacreditável. Isso foi tudo de mais inusitado que eu vi nele.

Nas semanas seguintes, ele vinha para trabalhar nos vocais, para as canções que iriam entrar no seu álbum HIStory.

Minha rotina era preparar alguns doces Ricolla Cherry Cough Drops, água Evian e o nosso melhor Microfone Neimann U-67, usando uma meia como filtro. Nunca me deixaram entrar na sala de controle, onde gravavam, mas estive presente em várias audições altíssimas e combinações de coros.

Minhas impressões a respeito de Michael eram de ele ser um homem quieto e normal, simpático e muito humilde. Claro que eu tinha lido as histórias que circulavam sobre ele nos anos anteriores, como todo o mundo. À minha frente, não era a pessoa retratada nos tabloides.

Um dia, veio uma senhora muito bonita, Lisa Marie Presley. Nos coincidimos lá apenas uma vez, mas ambos estavam muito próximos e apaixonados. Até mesmo, demonstravam carinho com beijos ou de mãos dadas.

Ele era um cara normal, que tinha um talento extremo para criar música na sala de controle. Minhas impressões sobre a música eram perfeitas, mixadas com limpidez e gravadas no melhor cenário possível.

Fiquei impressionado ao ver três máquinas Sony 48 Track Digital Half Inch sincronizadas e gerenciando o maior console SSL do mundo, naquela época. Veja bem, mais de uma centena de faixas diferentes mixadas entre si em dois canais, foi incrível de ver e ouvir. Isto realmente me mostrou que você pode chegar a um nível mais elevado em um estúdio. Eu trabalhei com muitas das melhores bandas na Oceanway, mas ninguém se comparava a ele.

Michael e sua equipe foram excelentes e muito amáveis, com todos, naquelas instalações. Tudo era muito tranquilo, cada um tinha a sua tarefa.

Eu diria que o lema dessas sessões era "faremos o que for preciso, tecnicamente e criativamente, para levarmos as coisas até onde desejamos''. Nem o tempo nem o dinheiro eram considerados nessas gravações. O resultado final: uma gravação perfeita, sem mácula. Nenhuma. Perfeição.

MJJ, boa viagem e descanse em paz. Eu sei que você é o maior.''

Mike Dean Ellis (assistente na Oceanway)

Fonte: http://mjhideout.com