''Uma das principais marcas de Michael Jackson, dentre vááárias completamente exclusivas e originais, é o que se usa chamar de "human beatbox". É... Aqueles "tum tum tchic tchi ah ah" que ele mistura à percussão das músicas, complementando a sonoridade de uma forma completamente surreal.
Esse tipo de som, na verdade, pode ser considerado como constituinte dos primórdios da musicalidade humana, já que provavelmente já eram, claro que de formas diferentes, executados pelos nossos ancestrais mais antigos. Sim, porque para fazê-los, é necessário somente uma boca e uma ideia...
Hoje em dia, cresce muito o número de artistas que fazem uso do "human beatbox", mas Michael, se não foi o primeiro, foi um dos primeiríssimos, e com certeza, o mais importante e competente músico a executar essa forma de percussão inusitada.
Mesmo em suas obras mais antigas - e até mesmo gravações ao vivo desde a sua infância - Michael já soltava, meio que "sem-querer", suspiros e gemidos, ruídos enfim, só que, curiosamente, dentro da divisão dos compassos da música. Como um kit de percussão ambulante, ele foi anexando mais e mais "peças" a esse kit.
Hoje em dia, ele pode fazer quase que uma bateria completa só com a boca. E olha que eu nem sei se ele fica no "quase", ou se pode mesmo fazer uma bateria completinha, assim como pudemos comprovar no vídeo da sua entrevista com a Oprah na década de 90.
Ali, sentadinho, numa boa, todo tímido, Michael Jackson começa a sacudir a cabeça, batucar nas pernas e com as mãos, fazendo uma bateria e um contra-baixo (pasmem!) com seu aparelho fonador, Michael executa um trechinho de Who Is It.
A entrevistadora fica meio que em choque. Dá pra notar que ela deve estar pensando: " Meu Deus... O cara não é de brinquedo não... Não é mesmo á toa que ele está onde está."
Como eu disse, além da bateria e percussão, o nosso amiguinho ainda faz (não em separado, mas junto, sei lá eu como...) o contra-baixo. É mole? Pois é. Ele fica fazendo os sons percussivos com os lábios e com a língua, aproveita a respiração e se utiliza do efeito da ressonância em sua caixa torácica para fazer os graves sons característicos do contra-baixo da música.
Na mesma entrevista, ele comenta "Ajo como um instrumento, como um solo de baixo". Para quem não entende, "solo de baixo" vem a ser um momento da música onde o baixo fica mais saliente. Como no início de Billie Jean e da própria Who Is It. Ele não canta somente, ele é, ele vive a música, ele se torna um aparelho eletro-químico de reprodução harmônica, melódica e percussiva.
Assim como nossos aparelhos de CD lêem as refrações de um feixe de raio laser, e convertem essas alterações luminosas em som, Michael parece sentir a música, extraí-la de um lugar qualquer em sua alma, e usa o corpo todo como forma de traduzir o sentimento.
Analisando o artista dessa forma, podemos perceber que é esse o motivo principal da música de Michael Jackson ser tão agradável, principalmente aos nossos ouvidos treinados. Eu digo treinados porque creio que, de acordo com essa percepção de tradução de uma "alma musical " que é convertida dentro da mente de Jackson em sons, podemos concluir que as pessoas que irão sempre gostar de Michael Jackson são aquelas que têm, de certa forma, uma semelhança e uma sintonia com as intenções dessa tal "alma musical".
O tal do "human beatbox" nem deve ter sido algo pensado e muito exercitado. Simplesmente foi um jeito que o organismo de Michael foi encontrando para extravasar o que sentia necessidade de colocar para fora. Além das harmonias e melodias, tão brilhantemente colocadas em sua voz, ele arrumou ainda um jeitinho de externar os ritmos.
O melhor disso tudo, é que podemos ter a total certeza de que, ao compreendermos as intenções desse artista tão inigualável, e conseguirmos captar essas magias submersas em suas músicas, temos sim, muito da alma dele dentro de nós. Somos parte de um todo, estamos em sintonia com o "mestre".
Por Dayan Blue
Fonte: MJBeats
Por Dayan Blue
Fonte: MJBeats