''Leaving Neverland: Uma resposta acadêmica e um chamado''


''Leaving Neverland: Uma resposta acadêmica e um chamado''
Artigo escrito pelo pesquisador acadêmico David Estornell 

''Vergonha alheia'' é o que sentimos por toda esta narrativa de mentiras que se concentram em contradizer o FBI, os veneráveis tribunais de justiça e o acompanhamento detalhado e constante das autoridades policiais entre 1979 até 2009, e pretender com isso, extorquir os representantes do legado artístico de Jackson.

Se conseguiu arrasar completamente com a decência e a idoneidade de uma pessoa, a valiosa obra de um artista, a bondade familiar comprovada e a prescrição de alguns ataques evidenciados em coação econômica; que brotou a partir de frívolas manobras de difamação e através de projeções narcisistas, truques de 'métodos de posição determinante' onde a parte injustiçada não pode se defender.

É mais, a opinião social foi articulada e reagiu como se esperava, como uma ferramenta sentimental, que faz as vezes de 'sistema de apoio' a uma narrativa no mínimo doentia, e cujas personalidades narcisistas procuram a constante validação dentro de um sistema de apoio abstrato, a fim de levar a cabo os seus delírios de vingança.

Os fatos, a versão dos mesmos fatos e a distorção da verdade de todos os eventos sobre o artista Michael Jackson, mostram que a sua pessoa tem sido fruto do maior ato de demolição, extorsão e motim para obter frutos econômicos, jamais ocorrido sobre um personagem na história contemporânea recente.

Dan Reed, o diretor deste material audiovisual de horror, está apoiado por uma grande corporação, HBO e AT&T, sedenta de mais parceiros. O realizador mostra uma fixação e uma vontade deliberada por Jackson.

Dan Reed tem bastante perspicácia psicológica para saber que está na frente e a escuta de personalidades com hercúleas tendências narcisistas. Robson e Safechuck são previsíveis em seus distorcidos testemunhos, e o espectador é testemunha da projeção de várias histórias que estes dois indivíduos contam a si mesmos em frente a uma câmera. Ambas as pessoas não procuram resolver nada e mostram na exposição as suas próprias biografias feito ficção pós moderna.

Se trata da hipérbole deformada de suas próprias histórias, em favor de várias demandas civis e penais truncadas por toda falta de credibilidade e sustentação jurídica. Estes mascaram a sua culpa com detalhes hediondos que denigrem a memória de um ser humano incapaz de defesa alguma. Omitem que há antes dos fatos, e depois, mascaram o porquê e como e para onde moverão as suas vidas e o seu próprio futuro dentro da mesma narração, evidenciando em seus delírios fabricados que Jackson seria um intimidador e sedutor insaciável com pretensões sempre sexuais.

É interessante verificar a linguagem não verbal, apesar da insistente edição do material, sobretudo com Safechuck, o contributo de reforço de informações para a sua voz falada e o mesmo descrédito que reflete. com convicção, por meio das suas projeções mentais na mesma informação falsa.

Ambos os 'atores' apresentam na divulgação de suas terríveis calúnias, um mecanismo típico de toda personalidade sedenta de reconhecimento, o chamado 'assassinato da pessoa / personagem'. É fácil reconhecer que por trás destas narrativas tóxicas, há um forte impulso econômico silenciado.

O 'Affair' Jackson demonstra a explosão intencional de todo o código deontológico do jornalismo, entre outros, e não só nesta aventura empresarial audiovisual, mas sim ao evidenciar marcadamente a falta de negligência moral, escrúpulos e indolência, por parte de toda a comunidade cultural planetária, que exibem, em grande parte, um sinal total do mundo atual onde vivemos.

Leaving Neverland é um subproduto audiovisual desprovido de objetividade, mostrando disparidade nos fatos comprovados, e carece de toda análise. Sem enfrentar em nenhum momento a informação, a imparcialidade, o respeito pela presunção de inocência e, acima de tudo, é um claro sinal do estado de saúde das nossas sociedades.

É, portanto, uma afronta gravíssima contra os fundamentos dos direitos à informação verdadeira, uma pulsão voluntária para o escárnio, o morbo, o sensacionalismo e ulteriormente, constitui por si mesmo o magma retorcido e alienador de uma contextualidade bem conhecida por todas as pessoas, as chamadas 'Fake News'.

Um dos sintomas do nosso tempo é a falta de ceticismo, o repúdio ao escrutínio e a repulsa ao exame objetivo, orquestrada pelos grandes grupos de poder jornalístico que deformam, conscientemente, aos seus leitores e público, transformando-os em lego, em meros seres emocionais.

A banalidade na acusação gratuita, a caça de bruxas detalhadas, a falta de credenciais nos sistemas jurídicos nacionais e internacionais, a profana verificação e confronto dos fatos mostra que a descrição de perturbadoras dramaturgias sexuais não transfiguram estes inventários em acontecimentos explícitos verazes. A imagem e pessoa de Jackson foram manchadas, caluniadas, destruídas e convertidas em um 'ativo tóxico' familiar.

Nós, os acadêmicos do mundo, temos a obrigação de colocar, sanear, rejeitar a sujeira derramada sobre o túmulo de uma pessoa histórica que ajudou a quebrar as barreiras raciais, as vedações xenófobas do século XX, confirmado inocente de hediondos acusações que repercutiram em toda a memória global sobre a sua pessoa, a sua obra e o seu iconicidade.''


*David Estornell é pesquisador acadêmico espanhol e próximo de se formar Doutor em estudos de gênero e cultura audiovisual, se especializando em comunicação de massas.

Fonte: O facebook de David Estornell