Esses diálogos entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach
foram gravados entre agosto de 2000 e Abril de 2001.
Parte 40 - Sobre o medo de Joseph
SB: Sabe, Michael, eu costumava julgar muito meu pai e um dia eu parei com isso por causa dos próprios desafios dele. Ele teve uma vida muito difícil que começou com uma pobreza digna de pena, no Irã. E não era fácil para judeus crescerem no Irã. Sabe como foi a infância dele? Você ainda julga seu pai?
MJ: Eu costumava fazer isso. Costumava ficar zangado com ele. Eu entrava no quarto e gritava de raiva, porque eu não entendia como uma pessoa poderia ser tão cruel e má. As vezes eu ia para a cama à meia-noite porque tinha gravado o dia inteiro, cantado o dia inteiro, sem divertimento, sem brincar e ele chegava tarde. "Abra a porta!" E a porta estava trancada e ele dizia " Vou te dar 5 segundos antes de eu derrubar essa porta!". E ele começava a chutar e a quebrar a porta. Ele dizia "Porquê você não assinou o contrato?" E eu dizia: "Eu não sei!" E ele dizia: "Bom, assine. Se não assinar, vai estar encrencado!" E era assim: "Oh meu Deus, porquê? Onde está o amor? Onde está a paternidade?" Eu me dizia: "É mesmo assim?" Ele te jogaria e te acertaria o mais forte que podia. Ele era muito 'físico'.
SB: Você começou a sentir que era um tipo de máquina de fazer dinheiro para ele?
MJ: Sim, absolutamente.
SB: Como Macaulay Culkin descreveu? Você se sentiu usado também?
MJ: Sim. E um dia - eu odeio repetir isso - mas um dia ele disse: ¨Deus abençoe meu pai, pois ele fez algumas coisas maravilhosas e era brilhante, era um gênio¨, mas um dia ele disse: "Se vocês pararem de cantar, eu vou esmagá-los como batatas." Isso me magoou. Você pensaria: “Essas crianças têm coração e sentimentos." Será que ele não pensava que isso nos magoava? Se eu dissesse uma coisa dessas para o Prince e a Paris, isso ira magoá-los. Não se diz tal coisa para as crianças e eu nunca me esqueci. Isso afetou minha relação com ele.
SB: Então se você parasse de performar para ele, ele iria deixar de te amar?
MJ: Ele nos esmagaria como batatas. Foi o que ele disse.
SB: E a sua mãe sempre vinha e dizia “Não o ouça. Ele não quis dizer isso”?
MJ: Ela era sempre aquela que ficava atrás quando ele perdia a paciência - acertando e batendo em nós. Posso ouvir agora [fazendo voz feminina] "Joe, não, você vai matá-los. Não! Não, Joe, é demais," e ele quebrava a mobília, era horrível. Eu sempre disse que se eu tivesse filhos eu nunca me comportaria assim. Eu nunca tocaria num fio de cabelo dos meus filhos. Pois as pessoas sempre falam DE ABUSO , abuso, abuso e isso não é verdade. . Não é verdade. Eu sou totalmente o oposto.O pior que faço [com os filhos] é fazê-los ficar num canto de pé por um tempo e só, é esse o castigo que eu aplico neles.
SB: Eu acho que você está certo. Eu odeio quando ouço sobre ABUSOS. Parece que você está condenado a ser uma pessoa má.
MJ: Não é verdade. Eu sempre prometi em meu coração que eu nunca seria assim, nunca. Se - e poderia ser num cinema ou loja - eu ouço alguém discutir com uma criança, eu perco o controle e choro. Porque isso reflete como eu fui tratado quando pequeno. Eu perco controle nesse momento, estremeço e choro. Não agüento. É difícil.
SB: Quando os meus pais se divorciaram, nós nos mudamos para longe e meu pai vivia à 3,500 milhas de nós. E era difícil estar perto dele. Mas eu o amava, e tento nunca julgá-lo, e me esforcei para ficar o mais próximo dele o possível. Tem que levar à sério o Quinto Mandamento da Bíblia, para sempre honrar nossos pais. A Bíblia não diz “Honre-os se eles merecerem". Ela apenas manda honrá-los. Pela virtude deles terem nos dado a vida, eles merecem ser honrados.
MJ: Eu tenho medo do meu pai até hoje. Meu pai entra na sala - e Deus sabe que estou dizendo a verdade - Eu desmaiei na presença dele muitas vezes. Uma vez eu desmaiei, para ser honesto. Eu já vomitei na presença dele, pois quando ele chega e essa aura chega ao meu estômago, isso começa a doer e eu sei que estou encrencado. Ele está tão diferente agora. O tempo e a idade o mudaram e ele vê os netos e quer ser um pai melhor. É como se o navio tivesse mudado o curso e é difícil para mim aceitar esse outro cara que não é o mesmo com o qual eu cresci. Eu gostaria que ele tivesse aprendido isso antes.
SB: Você ainda fica assustado?
MJ: Por que a cicatriz ainda está lá, a ferida.
SB: Então você ainda o vê como aquele homem. É difícil para você ver esse novo homem?
MJ: Não consigo vê-lo como um novo homem. Eu sou como um anjo perto dele, meio assustado. Um dia ele me disse: “Você fica assustado comigo?" Eu não consegui responder. Tive vontade de dizer: “Você sabe o que fez?" [voz falha] "Sabe o que fez comigo?"
SB: É muito importante para mim ouvir isso. Pois como seu amigo e alguém que constantemente pergunta sobre você, é importante para mim entender essas coisas. É muito importante para o mundo entender isso. Veja, Michael, ninguém te julgaria tão rigidamente se soubessem disso. Ele faria mais esforço em ter empatia com o seu sofrimento do que em condená-lo. Você o chama de pai ou Joseph?
MJ: Não, nos foi permitido chamá-lo de pai enquanto crescíamos. Ele dizia: "Não me chame de pai. Eu sou Joseph". Era isso que ele dizia para nós. Mas agora ele quer que o chamemos de pai e é difícil para mim. Eu não consigo chamá-lo de pai. Ele já tinha dado a ordem: " Não me chame de pai. Eu sou Joseph". Eu amo quando meus filhos me chamam de Papai, ou quando eu ouço os italianinhos chamando papa, ou judeusinhos chamando poppy. É doce, como não ficar orgulhoso disso? É sua prole.
SB: A partir de que idade ele disse para não chamá-lo de pai?
MJ: Desde criança até Off The Wall, Thriller.
SB: Ele se sentia mais profissional desse jeito?
MJ: Não. Ele sentia que era um jovem valentão. Ele era legal demais para ser pai. Ele era Joseph. Eu o odiaria por me ouvir dizer isso.
SB: Eu li em algum lugar que sua mãe estava pensando em se divorciar e ela fez o pedido (judicial) por alguma coisa.
MJ: Eu não sei se ela fez isso, talvez. Não, não, ela não pediria. Ela queria, muitas vezes, por causa de outras mulheres e por que ele era uma pessoa difícil. Mas por causa da religião ela só poderia se divorciar por motivo de fornicação. E ele já fazia isso antes mesmo dela saber. Mas ela é tão santa que não o deixaria. Ela sabia que ele saía, que vivia enganando, e ela é tão boa que ele voltaria para casa e se deitaria ao lado dela, na cama.
MJ: Não é verdade. Eu sempre prometi em meu coração que eu nunca seria assim, nunca. Se - e poderia ser num cinema ou loja - eu ouço alguém discutir com uma criança, eu perco o controle e choro. Porque isso reflete como eu fui tratado quando pequeno. Eu perco controle nesse momento, estremeço e choro. Não agüento. É difícil.
SB: Quando os meus pais se divorciaram, nós nos mudamos para longe e meu pai vivia à 3,500 milhas de nós. E era difícil estar perto dele. Mas eu o amava, e tento nunca julgá-lo, e me esforcei para ficar o mais próximo dele o possível. Tem que levar à sério o Quinto Mandamento da Bíblia, para sempre honrar nossos pais. A Bíblia não diz “Honre-os se eles merecerem". Ela apenas manda honrá-los. Pela virtude deles terem nos dado a vida, eles merecem ser honrados.
MJ: Eu tenho medo do meu pai até hoje. Meu pai entra na sala - e Deus sabe que estou dizendo a verdade - Eu desmaiei na presença dele muitas vezes. Uma vez eu desmaiei, para ser honesto. Eu já vomitei na presença dele, pois quando ele chega e essa aura chega ao meu estômago, isso começa a doer e eu sei que estou encrencado. Ele está tão diferente agora. O tempo e a idade o mudaram e ele vê os netos e quer ser um pai melhor. É como se o navio tivesse mudado o curso e é difícil para mim aceitar esse outro cara que não é o mesmo com o qual eu cresci. Eu gostaria que ele tivesse aprendido isso antes.
SB: Você ainda fica assustado?
MJ: Por que a cicatriz ainda está lá, a ferida.
SB: Então você ainda o vê como aquele homem. É difícil para você ver esse novo homem?
MJ: Não consigo vê-lo como um novo homem. Eu sou como um anjo perto dele, meio assustado. Um dia ele me disse: “Você fica assustado comigo?" Eu não consegui responder. Tive vontade de dizer: “Você sabe o que fez?" [voz falha] "Sabe o que fez comigo?"
SB: É muito importante para mim ouvir isso. Pois como seu amigo e alguém que constantemente pergunta sobre você, é importante para mim entender essas coisas. É muito importante para o mundo entender isso. Veja, Michael, ninguém te julgaria tão rigidamente se soubessem disso. Ele faria mais esforço em ter empatia com o seu sofrimento do que em condená-lo. Você o chama de pai ou Joseph?
MJ: Não, nos foi permitido chamá-lo de pai enquanto crescíamos. Ele dizia: "Não me chame de pai. Eu sou Joseph". Era isso que ele dizia para nós. Mas agora ele quer que o chamemos de pai e é difícil para mim. Eu não consigo chamá-lo de pai. Ele já tinha dado a ordem: " Não me chame de pai. Eu sou Joseph". Eu amo quando meus filhos me chamam de Papai, ou quando eu ouço os italianinhos chamando papa, ou judeusinhos chamando poppy. É doce, como não ficar orgulhoso disso? É sua prole.
SB: A partir de que idade ele disse para não chamá-lo de pai?
MJ: Desde criança até Off The Wall, Thriller.
SB: Ele se sentia mais profissional desse jeito?
MJ: Não. Ele sentia que era um jovem valentão. Ele era legal demais para ser pai. Ele era Joseph. Eu o odiaria por me ouvir dizer isso.
SB: Eu li em algum lugar que sua mãe estava pensando em se divorciar e ela fez o pedido (judicial) por alguma coisa.
MJ: Eu não sei se ela fez isso, talvez. Não, não, ela não pediria. Ela queria, muitas vezes, por causa de outras mulheres e por que ele era uma pessoa difícil. Mas por causa da religião ela só poderia se divorciar por motivo de fornicação. E ele já fazia isso antes mesmo dela saber. Mas ela é tão santa que não o deixaria. Ela sabia que ele saía, que vivia enganando, e ela é tão boa que ele voltaria para casa e se deitaria ao lado dela, na cama.
Não conheço ninguém como ela. Ela é como a Madre Teresa. Há poucas pessoas assim. Costumávamos implorar para que ela pedisse divórcio. Costumávamos dizer: "Mãe, se divorcie dele" E ela respondia: "Me deixem em paz. Não!" E dizíamos: "Se livre dele!" Costumávamos gritar com ela: "Divorcie-se dele!" quando éramos pequenos. Mas, por muitos anos ouvimos o carro dele chegando. Ele sempre dirigiu um grande Mercedes e dirigia devagar. "Joseph chegou! Joseph chegou! Rápido!" E todo mundo corria para os quartos. As portas batiam.
SB: Vocês tinham tanto medo dele assim?
MJ: Sim. Eu sempre disse: “Quando eu chegar em casa e atravessar a porta, quero que as crianças venham gritando "Papai", e pulando para cima de mim como as minhas fazem. Eu quero ser o oposto. Não quero que meus filhos fujam.
SB: Vocês tinham tanto medo dele assim?
Fonte: The Michael Jackson Tapes by Rabbi S. Boteach