Esses diálogos entre Michael e o Rabino Shmuley Boteach
foram gravados entre agosto de 2000 e Abril de 2001.
Parte 28 - Sobre a pressão de manter-se no topo
SB: Você sente que está sempre se pondo à prova, que tem sempre que performar, que nunca há descanso, que nunca tem aquele período onde possa brincar sem se preocupar ou impressionar?
MJ: Eu amo a arte. Eu amo muito. Minha mãe sabe sobre mim. Eu amo pinturas e esculturas e todas essas coisas. Eu tirava nota A em Arte e em Inglês. Eram duas matérias que sempre tirava um A+. Eu fui muito pouco a escola, eu tive minha tutora.
Mas nos anos em que eu fui à escola, a professora sempre me usava como exemplo de bom aluno em Inglês e em contar estórias, pois sempre tínhamos que escrever as mesmas estórias. Mas ela costumava me fazer ir lá na frente - o que eu odiava - e ler minha estória para a classe e eu ganhava bastante aplausos. Não por causa de quem eu era, mas por que eles realmente gostavam das estórias que eu escrevia.
Eu tinha um portifólio de tudo isso, pois eu sou um artista, também, e eu gosto de desenhar e pintar. E alguém o roubou e isso partiu meu coração, pois eu sempre quis guardá-lo. Um dia vai aparecer em algum lugar, pois eu sou realista e não abstrato.
Há pessoas pelas quais eu sou apaixonado, totalmente. Eu morreria por eles. Eu adoro Michelangelo e Charlie Chaplin com todo o meu coração. Eu adoro Walt Disney. Há pessoas pelas quais eu sou doido. São minhas pessoas. Eu amo os mestres.
SB: Há uma pressão fenomenal. Você sempre tem que ser Michael Jackson, 100 milhões de álbuns vendidos?
MJ: E a imprensa, ela espera com facas...
SB: Pelo seu fracasso?
MJ: Absolutamente. Eles tentam me retalhar em pedacinhos, então tem que ser além da expectativa, além do brilhante. Eu dou tudo o que tenho.
SB: Mas isso esgota você?
MJ: Sim. Por que quando você é o artista de maior vendagem de todos os tempos, com quebra de recordes, eles esperam... Você é o alvo.
SB: O que te dá descanso, o que te dá forças? É Prince e Paris?
MJ: Prince, Paris e todas as crianças no mundo. Não só Prince e Paris - todas as crianças.
SB: Você sente que se o próximo álbum não for tão incrível você não será especial?
MJ: Seria um choque para mim (se eu não performar tão bem quanto desejo), pois eu me pressiono muito e exijo o melhor de mim. Eu exijo mesmo. A melhor forma que eu possa trabalhar, e ponho bastante pressão sobre mim. Então para que isso aconteça, se tiver de ser assim, seria psicologicamente destruidor para mim.
SB: Mas você sente que as pessoas ainda te amariam se você não fosse mais tão bem sucedido? Você ainda se sentiria amado? Uma criança precisa se sentir amada mesmo que ela não vá bem na escola.
MJ: Sim, eu me sentiria, por causa do meu trabalho passado. Mas eu não me sentiria à vontade com isso. Eu tento não olhar para o passado.
SB: Você acha que por causa de algumas das coisas que você descreveu para mim... uma infância muito difícil - sem aniversários, sem Natais - que é por isso que sua carreira tenha se tornado tão importante?
MJ: Provavelmente. Eu acho que sim.
SB: Você não acha que se pune um pouco demais, que é por isso que há tanta dor? Você se pune imensamente se as coisas não saírem perfeitas?
MJ: Eu sei, mas eu não consigo. Sou eu. Não fui feito para pensar assim.
Fonte: The Michael Jackson Tapes by Rabbi S. Boteach