''Muitos xingam, gritam, esbravejam. Os incautos juram que ele não existe. Esse artifício moderno chamado playback é um dos maiores amigos e ao mesmo tempo inimigo dos artistas da atualidade. Vamos analisar o caso de Michael Jackson, onde ele usa e onde não usa, e os porquês de cada situação.
Antes de mais nada, é necessário que o leitor saiba que, além do playback, existem outras saídas técnicas para um cantor. Há, por exemplo, um programa de computador que coloca automaticamente os sons que passam por ele, dentro de parâmetros de notas musicais pré-estabelecidos.
Como funciona? Assim: Um cantor canta em seu microfone, não importa o quão desafinado ele esteja, antes de passar pelas mesas de mixagem de palco e de P.A. (P.A. são os grupos de caixas de som que compõem o aparato que faz o público ouvir o que se toca no palco - aquelas duas torres que geralmente ficam uma em cada lado do palco...), antes dessas coisas, o som passa pelo computador.
O computador sintoniza cada "desafinada" do cantor, trazendo eletronicamente a voz para o tom correto, fazendo com que pareça que a pessoa canta sempre certo, mesmo quando está de cabeça para baixo ou correndo, enfim...
Michael Jackson, ao que se percebe, não utiliza a auto-afinação, ao invés disso, nas músicas que exigem mais da voz (essencialmente aquelas que foram gravadas há muitos anos e exigem mais da voz do cantor, que as gravou com voz de garotinho de 20 anos e tem de cantar com voz de homem de 43) ele faz, sim, uso de playbacks.
Além disso, há a necessidade de playback pela intensa atividade física do cantor, enquanto dança. Seus movimentos conhecidos como "parecendo um robô", necessitam de grande rigidez abdominal, o que dificulta, quando não impede, o canto perfeito e a sustentação correta das notas cantadas.
Para um artista como Michael Jackson, o playback se torna indispensável, já que seria humanamente impossível dançar, cantando, determinados movimentos de sua tão característica dança.
Quem tem o arquivo do Madison Square Garden pode observar que Michael desafina lá no final de You Rock My World, o que prova que autoafinação, ele não usa mesmo.
Ainda há outro recurso. Uma espécie de playback variável, onde só entra a voz gravada quando o cantor já deixa previamente acionado ou uma pessoa pode colocar e retirar o playback de voz com um sinal do intérprete.
Mais uma vez, no show do Madison Sq. Garden, deu para notar muito esse tipo de recurso. Observem Michael olhando para o seu lado direito de quem está de frente para o palco, fazendo sinais de "positivo" e "negativo", "mais" e "menos" para um dos tecladistas que estão acima dele, que deve estar controlando um equipamento ADAT (espécie de video-cassete gigante com gravação digital em várias faixas).
Nesse equipamento, cada faixa, bateria, guitarra, baixo, teclado e também voz, podem ser modificados, ter seus volumes alterados individualmente sem prejudicar os outros componentes da canção).
Em The Way You Make Me Feel ele intercala partes cantadas e playbackadas em toda a música, assim como em Beat It. Em ambas as músicas, no final ele canta mesmo, para poder finalizar a música com mais naturalidade.
Pessoas próximas já chegaram a dizer que Michael é tão tímido e perfeccionista que faz playbacks eventualmente só para evitar o "pânico" de cometer algum pequeno erro.
Quem duvida? Ele vive para sua música, sua dança e seus fãs, sabe que o mundo lhe observa somente esperando um deslize para criticar. Alguém arriscaria?''
PLAYBACK - EM QUAIS TURNÊS?
Michael Jackson começou a usar playbacks em 1988 durante a 2º fase da Bad World Tour, a partir da fase europeia que começou em 23 de Maio de 1988, na cidade de Roma.
Os playbacks eram pequenas exceções nessa época. Michael utilizava em determinadas músicas e momentos, pois muitas músicas já exigiam muita dança para que ele sincronizasse com fôlego, tom e afinação (como foi explicado no outro post sobre playbacks).
Antes disso durante a fase americana de 1988, a Bad Tour foi apresentada inteiramente ao vivo, assim como a primeira parte da turnê em 1987, durante os shows do Japão e Oceania.
Segue a ordem cronológica dos playbacks:
* BAD TOUR 1988 (EUROPA ) e 1989 (USA)
- Smooth Criminal (até a segunda parte da música, após o ultimo refrão é ao vivo).
- Bad (até a terceira parte da música, a partir da frase "you know I'm smooth..." é ao vivo).
- The Way You Make Me Feel (a partir de "give it to me, give me some time..." é ao vivo).
- Man In The Mirror (apenas o final é ao vivo).
* DANGEROUS TOUR 1992/1993
- Jam (inteira).
- Smooth Criminal (inteira).
- Thriller (inteira).
- Will You Be There (inteira com excessão da "oração" no final).
- Bad (inteira).
- The Way You Make Me Feel (inteira).
- Dangerous (inteira).
- Black Or White (inteira).
- Heal The World (inteira).
- Man In The Mirror (com exceção do final).
* HISTORY TOUR 1996/1997
- Com exceção de Wanna Be Startin' Somethin e Jackson 5 Medley, todas as outras músicas foram playback.
PS: No documentário Bad Tour Around The World, Michael revela que Thriller era uma de suas canções mais difíceis para ser cantada, interpretada e dançada ao vivo, tanto que só foi apresentada ao vivo na Bad Tour.
Fonte: MJBeats