Michael tinha filmado e gravado They Don’t Care About Us em dois estados brasileiros: Rio de Janeiro e Salvador. Ele pegou um voo comercial entre os dois estados durante as filmagens, e este artigo é sobre os acontecimentos desse voo. O editor-executivo da Globo, Marcelo Senna, conta como foi ficar com Michael Jackson em um vôo para Salvador em 1996:
¨Ele tem um olhar muito frio. Congelante.“ Esta foi a primeira impressão que eu tive sobre o voo Rio-Salvador, que eu compartilhei com Michael Jackson há 13 anos, quando ele estava gravando com Olodum. Mas essa impressão lentamente desapareceu quando eu testemunhei um lado do cantor que talvez poucos pudessem ver.
Nos poucos minutos em que eu permaneci de pé a cinco metros na frente da estrela, eu tentei todas as formas de entrevistá-lo. Dois seguranças assustadores, que poderiam estar em Thriller, evitavam que eu me aproximasse.
Mas se eu não o entrevistei, apesar de ser o único repórter do mundo ali, eu testemunhei, muito perto dele, uma performance que provocou um barulho dos cintos sendo desatados e fez todo mundo virar o pescoço para a primeira cadeira do Boeing 737 da Varig.
Michael Jackson passou a maior parte do voo brincando com seus companheiros, um menino e uma menina de seis anos na época. Com eles, o seu olhar era diferente. Era doce. E eu acompanhei de perto o que alguns viram e ouviram: um conto de fadas em que ele interpretava um leãozinho perdido na floresta.
As crianças ficaram encantadas com os rugidos e as expressões durante a história. Eu também. Foi melhor do que qualquer dos vídeos do astro na TV. Este foi um vídeo quase exclusivo. Para mim e para as crianças.
Ele usava uma jaqueta vermelha da equipe de futebol Torpedos Soccer Team, calças pretas e chapéu. Ele entrou no avião com sua inseparável máscara cirúrgica, que tirou apenas depois que as portas estavam fechadas.
As crianças ficaram encantadas com os rugidos e as expressões durante a história. Eu também. Foi melhor do que qualquer dos vídeos do astro na TV. Este foi um vídeo quase exclusivo. Para mim e para as crianças.
Ele usava uma jaqueta vermelha da equipe de futebol Torpedos Soccer Team, calças pretas e chapéu. Ele entrou no avião com sua inseparável máscara cirúrgica, que tirou apenas depois que as portas estavam fechadas.
“Aquele foi o voo do frisson. Os 81 passageiros só respeitaram o aviso de apertar os cintos na decolagem e na aterrissagem. Lá no alto, muitos queriam chegar perto do astro. Sem sucesso, claro, já que os enormes cães de guarda proibiam qualquer contato.
O próprio mito tentava esconder o rosto de maiores aproximações. Um ou outro conseguiu uma foto para provar que esteve no avião com o maior ídolo da música pop. Afinal, quem acreditaria na história? Michael Jackson num voo comercial da Varig sem primeira classe? Conta outra.
Eu tive o privilégio, porque eu estava em pé na frente da fila da frente. Eu tinha perguntado aos comissários de bordo para parar lá quando fossem servir a comida. Apesar dos pedidos dos seguranças para voltar a minha cadeira, eu dei uma grande desculpa que o carrinho de comida bloqueava o corredor.
As aeromoças, por sinal, disputaram para ver quem o servia. Michael adorou guaraná e comeu de tudo: canapés de queijo, presunto e salame; ovos de codorna, frango empanado, abacaxi, uvas e quindim (é, há 13 anos o serviço de bordo era bom assim). Só fez cara feia para o croquete de carne.
Mas quem teve o maior privilégio foi o comandante do voo. Michael foi à cabine e cantou, a cappella, Heal the World quando o avião estava sobrevoando a Ilha de Itaparica (próximo a Salvador) e eu que pensava já ter tido os melhores momentos da minha vida antes disso!¨
Marcelo Senna (editor-executivo da Globo)
Fonte: mjmoonwalker.ativoforum.com