Entrevista com Dieter Wiesner (3/5)


Entrevista concedida por Dieter Wiesner em 2010 para o fórum Jacksonvillage

Logo após [o que seria] o Show do Milênio, Dieter e Michael começaram juntos a materializar uma nova ideia. a MJ Universe. Isso deveria se tornar uma enorme plataforma de entretenimento, que seria composta de muitas pequenas empresas.

"Essas empresas já tinham sido fundadas por nós mesmos", disse Wiesner. ''Em seguida, ele tirou do armário uma espécie de plano de negócios em que as diferentes divisões e empresas fossem figuradas com a MJ Universe no centro de tudo.''

"Nós terminamos tudo. Eu encontrei uma empresa de animação [Cinegroupe] no Canadá, da qual ele gostaria de participar. Os contratos foram assinados em Neverland.''

Dieter fala com animação sobre o quanto inteligente e visionário era Michael. Ele me conta sobre um projeto - o qual Michael planejava chamar de Pinocchio 3000 - e fala precisamente sobre como Michael tinha um olho na indústria.

Eu não tinha planejado o que, então, aconteceu.

"Aqui, eu te mostrar o que eu quero dizer." Dizendo essas palavras, Dieter Wiesner voltou para o seu Mac e clicou em um botão. Eu podia ouvir um som crepitante saindo dos alto-falantes, em torno do escritório e, de repente, a voz de Michael pôde ser ouvida.

Como eu não tive a possibilidade de gravar, eu preciso buscar na minha memória, e foi mais ou menos assim:

''Olá Dieter, aqui é Michael:" Eu podia ouvi-lo dizer alto e claro. "Eu tenho um olhar mais atento sobre as ações da Marvel. Eles estão em baixa e seria o momento certo para comprar. Acabei de ouvir que as gravações de Hulk se encerraram. E também haverá um monte de filmes do Homem-Aranha. Eu urgentemente desejo obter um retorno de lá, antes de todos os outros. Este é o momento certo para isso. Os filmes de super-heróis vão se tornar populares, muito em breve, e serão a próxima sensação!"

Ele parece cheio de ação e animado. Pode-se ouvir o quanto ele queria começar com esta parte de sua vida no passado. Quebra meu coração - mesmo agora, só de pensar nisso. O quanto vivo, inteligente e feliz ele parecia...

É interessante ver como Michael estava certo sobre a sua previsão. Os super-heróis se tornaram mais populares a partir de 2002/2003.

Depois desta conversa, entrei em contato com Michel Lemire - ele é o vice-gerente geral do CineGroup. Ele me confirmou por email que ele e seu gerente geral estiveram em Neverland e negociaram com Michael.

Mesmo a assinatura do contrato foi confirmada.

"Eu passei o meu tempo com Michael em Montreal. Nosso Gerente Geral, Jacques Pettigrew, voou para a Califórnia, onde ele passou um tempo com Michael e sua família. Michael estava interessado principalmente na materialização de projetos 3D. Para ele, Hollywood havia perdido o seu glamour, e ele gostaria de trabalhar com pessoas que se preocupassem mais com qualidade do que dólares."

Ele acrescentou: "Depois surgiram as novas acusações contra Michael. Os projetos eram voltados para a faixa de entretenimento familiar e, assim, o clima mudou compreensivelmente. Michael deixou seu rancho, como todos nós sabemos, e ele foi para o Bahrain, por um certo tempo. E havia também aqueles problemas financeiros.

Nós passamos tempo com Michael e o conhecemos. Nós não podemos ver qualquer verdade em todas essas alegações. Ele era um artista, que tinha sido mal interpretado por muitas pessoas. E como todos podemos ver agora, muitos se aproveitaram dele.''

Uma questão sobre a qual Dieter falou especialmente de forma estendida, foi sobre Martin Bashir. Era fácil ver que isso era algo que deixou marcas para trás. Olhando para trás, este deve ser o momento em que Michael começou a confiar nas pessoas erradas. Enfim, foi o momento em que muito cedo, a morte de Michael foi esculpida em pedra.

Após a nossa conversa, Dieter Wiesner enfatizou várias vezes que Bashir e sua transmissão mataram Michael, no final. Todas as coisas que aconteceram depois disso não teriam acontecido, se Michael não tivesse sofrido tanto.

O fato de que Bashir tinha tal acesso para Michael nunca antes visto, coloca um monte de perguntas. Por que isso poderia acontecer? Como Bashir poderia ter ganho esse avanço incrível de confiança?

A resposta: Uri Geller.

Geller, como a maioria dos fãs provavelmente sabe, sugeriu a Michael para fazer esse documentário com Bashir. Ele falou muito de Bashir. Nem Michael nem Dieter nunca tinha ouvido falar deste homem antes, e eles não o conheciam.

"É simplesmente loucura você imaginar que Geller tenha recomendado tanto esse cara para Michael.''

Wiesner me deixa lembrar a princesa Diana e o fato de que Bashir estava envolvido na revelação do ''capitão calvário".

E uma coisa que eu não entendo é: como essa conexão poderia vir a existir? O que fez Uri Geller recomendar Martin Bashir, quase impor-lhe sobre Michael? Será que eles se conheciam?

De acordo com meu conhecimento, eles não se conheciam antes. Pode-se ter a impressão de que Bashir tomou precisamente Uri Geller como seu coringa para chegar até Michael. Mesmo o dinheiro deveria ter sido pago, de acordo com um artigo de jornal.

Foi ainda revelado que também um outro jornalista britânico, Louis Theroux, teria gostado de fazer um documentário semelhante com Michael. "Houve várias ofertas de jornalistas para isso. Mas Michael se baseou na decisão de Geller completamente'', disse Wiesner.

Não era segredo que Geller e Michael eram amigos. Geller estava sempre interessado em espalhar isso. Então, todos devem saber que ele era um amigo de Michael Jackson. E Bashir não foi o primeiro que teve acesso a Michael via Geller. Havia "o rabino" também. O rabino Shmuley Boteach.

Há muitas perguntas não respondidas sobre a amizade entre o rabino e Michael.

Michael e o rabino
O início foi quando o rabino lançou um novo livro que ele queria promover. E isso deve ter acontecido em um evento público em que ele queria falar com Michael sobre o conteúdo do livro. O título do livro: Kosher Sex.

"Eu disse para ele: 'Michael, você não pode fazer isso. É impróprio. Você não pode sentar e discutir sobre sexo com esse cara.' Mas ele tinha dado a sua promessa para o rabino e ninguém poderia impedi-lo de fazê-lo."

No final, ainda era possível convencer Michael a soltá-lo. "Mas é assim que Michael era. Ele fazia tudo o que ele poderia fazer para seus amigos. Mas, em seguida, isso o levou a uma escala dramática que se tornou insustentável e foi assim que Michael terminou isso."

Circula uma história sobre o fato de que Michael e o rabino já não eram mais amigos. De acordo com essa história, Shmuley tinha não só a posição de liderança na Heal the Kids, mas também na Heal The World Foundation

Contas não teriam sido pagas e o dinheiro foi desviado, o que foi fatal para a Heal The World, finalmente. Quando Michael se deu conta, ele imediatamente se afastou de Shmuley e cortou todos os contatos com ele.

Dieter Wiesner não estava disposto a confirmar esta história. E devido à gravidade das alegações, é compreensível. O que Wiesner confirmou foi o término da amizade com Michael. "Ele fazia isso, como de costume. Algum dia, ele não poderia mais ser alcançado."

Eu já fui sondado sobre o assunto, porque eu também tinha ouvido falar sobre isso.

"Ele simplesmente não atendia mais as chamadas. Foi da mesma forma com Geller, mais tarde."

Shmuley lançou um livro, que deveria se basear em conversas entre ele e Michael. Ele afirma ser o único que terminou sua amizade, porque Michael era dependente de medicamentos.

Ao perguntar sobre isso a Dieter Wiesner, ele riu e disse: "Isso é uma porcaria total. Partiu somente do lado de Michael."

E sobre a medicação? "Conversa fiada.''

Wiesner também duvida que o rabino tenha registrado todas as suas conversas com Michael, as quais são utilizadas no livro.

De acordo com Wiesner, também é falsa a história de que Uri Geller tenha hipnotizado Michael e lhe perguntado sobre as acusações de abuso sexual infantil.

"Nunca, jamais!" É a resposta de Dieter Wiesner para isso.

Durante as filmagens de Living With Michael Jackson, Wiesner ficou desconfiado.

"Ele era simplesmente desrespeitoso", disse Wiesner. "Uma vez, eu o peguei remexendo nas coisas de Michael. E ele ainda tinha uma chave para o quarto de hotel de Michael. Quero dizer, eu tinha uma também, é claro, mas eu tinha que preparar as coisas para ele, etc. Mas eu nunca entrava sem bater e aguardava o convite de Michael para entrar. Bashir apenas abria a porta e entrava.''

Bashir também foi visto por Wiesner quando filmou os filhos do Michael sem a presença ou autorização de Michael.

Mas também aqui, ninguém poderia impedir Michael de confiar em Bashir.

"Ele acreditou até o final que ele teria a palavra final", disse Wiesner, o que teria significado que Michael deveria dar sua permissão para o documentário e seu conteúdo, antes do lançamento.

"Apenas alguns dias antes da transmissão do documentário, estávamos viajando de avião e eu recebi um telefonema. Fomos avisados ​​sobre como seria realmente o documentário. Michael esperou até o fim que a coisa toda não acabasse assim."

Após a transmissão, Michael ficou devastado.

"Michael era um homem muito orgulhoso. Ver aquele homem sentado na cama e chorando como uma criança... foi incrivelmente difícil."

Compreensivelmente, Dieter Wiesner tem uma aversão contra Martin Bashir até o dia de hoje.

"E agora, depois de sua morte, [o canal] N24 só mostra essa porcaria, de novo!" Ele fica chateado. "Eu não posso acreditar! E, claro, eles não mostram a segunda parte que fizemos para retificar as declarações de Bashir.''

Quando Michael foi algemado e levado, a Nação do Islã apareceu e muitas coisas mudaram completamente, de acordo com Wiesner.

"Uma noite, o líder deles veio para Michael e eles conversaram por horas. E logo após essa conversa, Michael parecia estar diferente, para mim."

Dieter notou mais e mais mudanças em torno de Michael e a situação tornou-se mais complicada.

Por último, mas não menos importante, porque ele e três outros foram citados como ''co-conspiradores não-incriminados'' no julgamento de Michael.

"A promotoria queria colocar pressão em nós e, assim, nos forçar a testemunhar contra Michael. Mas eu disse a ela: 'Eu vou testemunhar, mas será a favor de Michael e não contra ele.' 

Acho que os outros devem ter dito algo semelhante, visto que nenhum deles testemunhou na acusação... e então, ele tinha que trazer aquela Janet [Arvizo]. Portanto, este foi o fim do caso, uma vez que não tinham nada nas mãos contra Michael."

Fontes:
http://mjklub.com
http://mjthekingofpop.wordpress.com