Depoimento de Miko Brando (02)

Miko e Michael
''Era janeiro de 1984. Nós estávamos filmando o comercial da Pepsi no Shrine Auditorium em Los Angeles. A Pepsi estava promovendo a turnê que Michael iria fazer, Victory Tour.

Michael estava descendo as escadas. Eu estava do lado esquerdo do palco, a cerca de 10 metros de distância. Eu vi ele pegando fogo. Eu imediatamente pulei nele e sacudi sua cabeça para apagar o fogo. Não houve hesitação. Meu primeiro instinto foi de ajudar o meu amigo.

Eu tenho de admitir, eu não vi o fogo logo quando começou porque o meu ângulo estava bloqueado. Ele estava atrás dos músicos, e não foi até ele estar na minha frente que eu percebi o que havia acontecido.

Quando eu cheguei no Michael, nós fomos empurrados para o chão. Pouco depois disto, uma dupla de paramédicos chegou e nos pediu para dar espaço. Eles o levantaram e o tiraram do palco. 

Eu acho que havia uma ambulância em espera, porque estávamos usando efeitos pirotécnicos. Ele foi levado para a sala de emergência do Cedars-Sinai. Ele ficou no Cedars por um tempo, então foi transferido para o Brotman Medical Center em Culver City. 

Brotman eventualmente abriu o Michael Jackson Burn Center [ala do hospital dedicada a vítimas de queimaduras] após Michael ter doado seus $1.5 milhão do acordo com a Pepsi para o hospital.

Eu fui para o hospital, mas não logo em seguida. As minhas mãos se queimaram um pouco. Alguns paramédicos me examinaram e disseram que eu estava OK. Assim que me liberaram, fui ao Cedars. Eu queria estar com o meu amigo. 

Eu não me lembro quanto tempo ele ficou no hospital após aquele incidente. Eu fui visitá-lo várias vezes, e cada vez ele me agradecia por ter ido, e por salvar sua vida. A nossa amizade realmente cresceu, depois disto.

O acidente não era algo que Michael gostava de conversar a respeito, mas às vezes ele dizia "obrigado por me ajudar, obrigado por me salvar." 

Eu dizia a ele que sempre estaria lá se ele precisasse de mim, e ele sempre me ajudou também. Um dia, ele disse - e eu esqueci em que situação - mas ele disse "graças a você, eu posso fazer isso".

Eu sabia o que ele queria dizer. Eu também sei que se os papéis fossem invertidos, ele teria feito o mesmo por mim.

Na última semana da vida de Michael, durante os ensaios para sua turnê, nós conversamos nos bastidores. Nós conversamos sobre as crianças, meu filho Shane, que está na faculdade, uma conversa comum, até ele perguntar se eu estaria por perto durante a parte pirotécnica do show. 

25 anos após o acidente, Michael me queria lá. Eu não precisei perguntar o porquê. Não foi dito, mas foi compreendido. Pouco após aquela conversa, eu falei com o diretor de palco, Scott Chase, e ele disse que faria acontecer.

Assistindo ao vídeo agora, me trás de volta muitas emoções, e é realmente difícil colocá-las em palavras. Eu já vi antes o incidente em fita, de muitos ângulos, incluindo o que foi lançado ontem. 

Havia cerca de seis ou sete câmeras rodando na hora. Os advogados de Michael me mostraram quando se preparavam para o processo. Enquanto assistíamos, eles me disseram que eu tive sorte de não ter sido baleado. Eu estava com roupas comuns, e havia muitos seguranças ao redor. 

Eles não tinham ideia do porquê eu estava correndo até Michael Jackson durante a gravação de um comercial. Mas eu fui. Eu estive lá em uma parte crucial de sua vida. Eu reagi do modo como qualquer um teria reagido ao ver alguém com quem eles se importam, em perigo.''

Miko Brando (assistente de Michael Jackson)

Fonte: http://arquivo-mj.blogspot.com.br