Depoimento de Marie Claude Kamara


''Quando eu conheci Michael Jackson era exatamente 13 de Fevereiro de 1992, por ocasião de sua chegada aqui na Costa do Marfim. O evento foi organizado pelo Gabão, liderado pelo Sr. Ali Bongo [filho de Patience Dabany e o falecido presidente Omar Bongo].

Naquela ocasião, eu preparava massas de bolo para o Hotel Ivoire e eu pedi ao meu chefe para me liberar um pouco mais cedo, para que eu pudesse também encontrar o meu ''ídolo''. Ele pediu-me para fazer o meu trabalho, antes.

Eu brinquei com ele dizendo que era obrigatório que eu fosse, porque Michael Jackson era um amigo. Ele me disse "Michael... você o conhece...?'' e eu lhe respondi ao acaso assim, com confiança, que Michael era um amigo e que deveria me encontrar com ele. Ele nos liberou em seguida e eu desci.

Insistimos e fomos capazes de ter acesso à grande torre onde ele estava hospedado. Nós estávamos lá e uma senhora desceu e pediu a um jovem perto de mim, se ele poderia lhe seguir. Este último disse que ainda não tinha terminado o seu trabalho. 

Então, eu propus imediatamente para realizar essa tarefa, mesmo sem saber o que esperar. Para mim, eu estava procurando uma maneira de ter acesso a Michael Jackson. A senhora concordou e deixou-me saber que era Madame Cissé [a responsável pelas relações-públicas do Hotel Ivoire].

Acompanhei Cissé que me levou a uma outra pessoa que era um membro da equipe de Michael Jackson. Foi nesse momento que me fizeram saber que a ajuda era para segurar o macaco Michael Jackson. Para mim, era uma honra. Eu não podia sequer imaginar o que estava acontecendo.

Foi nesse momento que eu percebi que eu tinha feito bem me oferecendo como voluntária. Tomamos o elevador até o 22 º andar onde ele estava hospedado. 

Chegamos no hall de entrada e vimos um belo cenário constituído pela equipe de Michael. Foi como um filme. Eu percebi as pessoas com câmeras. Perguntaram-me se eu não tinha medo de segurar o macaco de Michael [Note-se que este macaco não era Bubbles].

O gerente levou-me em frente a Michael e disse-lhe que ele tinha alguém para segurar seu macaco, mas era uma garota. Em seguida, ele abriu a porta e eu o vi... os lábios finos, a pele branca. Como era na TV. Fiquei atordoada. 

Como imersa em um sonho, o macaco pulou e agarrou-se a mim. Mas eu não me importava com o macaco, porque era melhor, a minha estrela era quem me interessava. Eu estava vivendo o meu sonho.

Michael Jackson sorriu para mim, eu olhei de volta e segurei o macaco. Ele me informou que ele teria que descer para cumprimentar o nosso primeiro-ministro e eu tive que segurar o macaco apenas por alguns momentos. Fiquei muito feliz em fazer isso. 


Eles saíram e voltaram mais tarde. Ele queria retomar o seu macaco, mas o animal não queria sair. Então, ele me conquistou. Foi a partir deste momento que a minha história começou. Ele pediu para que eu ficasse em um quarto ao lado, para que eu ficasse com o seu macaco, e ele me daria tudo o que eu precisasse. 

Posteriormente, chamaram meus pais para informá-los, e meus pais não acreditaram. Minha mãe ficou tão hesitante, ela acabou chamando a recepcionista do hotel, que lhe disse: ''Ah, senhora, esta é a sua filha? Você está com sorte!"

Assim, eu fiquei com eles durante toda a sua estadia. Eles chegaram no dia 13 e partiram no dia 17 de Fevereiro.



Isto não é para me gabar, mas eu vou dizer que eu passei o dia como se eu passasse com a minha família. Você sabe, falam muito sobre os artistas, mas é melhor saber na realidade.

É verdade que Michael era uma grande estrela internacional, mas não era complicado. Eu fui para o seu quarto e me sentava em sua cama. Havia um espelho no qual ele olhava, durante seu ensaio. Acontecia a qualquer momento e podíamos ouvir os sussurros, o estalar de dedos. 

Quando entrava em seu quarto, ele estava relaxado, de meias. Eu o segui como um verdadeiro amigo. É por esta razão que eu digo que a morte dele realmente me afetou.

Na véspera da sua partida, tiramos fotos e até mesmo me prometeu um presente. No dia, eles me mostraram o seu avião quando eu tirei fotos com as recepcionistas. Mas no último minuto, não poderíamos ver o meu presente. E ele partiu.

[Sobre recusar o convite de Michael para ir para os E.U.A.] 

Na verdade, eu me recusei porque eu era muito jovem, no momento. Eu tinha apenas 17 anos de idade e sabe o que acontece na cabeça de uma menina dessa idade. Nós gostamos de nos divertir com essa idade e nada mais. 

Eu tinha muitos preconceitos em mente sobre o o fato de que eu estaria partindo para um país que era desconhecido para mim. Por isso, o medo me fez recusar o convite. Mas tendo mais idade, eu me arrependi.

Eu mantive os endereços até que eles ficaram desatualizados. Mas um ou dois anos depois de sua partida, eu recebi uma carta dele escrita em Inglês, onde ele me agradecia e me convidava para um concerto na França. Tentei responder-lhe, mas não consegui.

[Sobre as suas melhores memórias] 

Foi o nosso primeiro dia do encontro, quando ele abriu a porta de seu quarto e o macaco saltou sobre mim. São as minhas grandes memórias. Ele chegou com uma coleção de camisas de veludo. Ele me ofereceu uma de cor laranja, a qual eu que guardo cuidadosamente, até hoje.''

Marie Claude André Kamara (Natural da Costa do Marfim.)

Fonte: http://abidjanshow.com