“Michael Jackson não morreu”
“Michael Jackson não morreu”. Foi o que durante muito tempo disseram os jornais, as fofocas, os especuladores. Passei a dar razão a eles agora, metaforicamente, pois Michael está vivo através do que lhe era mais essencial.
Um gênio que brilhou entre tantos outros, soube ser luz sem ofuscar quem estava ao seu redor. Escolheu ser holofote e iluminar, estender a mão e elevar. Com fé e perseverança, resistiu aos mais furiosos vendavais. Sua valentia se escondia no segredo de uma flor, que quanto mais é pisada, mais perfume exala. Sua grandeza sempre esteve em ser o homem que recebeu ódio e doou apenas amor. Este era o sentimento que transcendia seu próprio ser. Que não distinguia raças, idades, gêneros e crenças. Sua capacidade de amar ameaçava os covardes e aproximava os humildes, era infinita, maior que o mundo, maior que a vida.
Desnecessário dizer, ainda assim, era um ser humano como qualquer um de nós. Entre erros e acertos, foi quem pôde ser, dadas as condições e circunstâncias nas quais viveu. Alcançou os lugares mais remotos possíveis para alguém como ele, e continuou sendo ele. Um homem negro no topo do mundo, trazendo reflexões sobre olhar para si e não julgar seus irmãos. Gênio e humano, transformando ódio em amor.
Por estas e outras, Michael ainda vive. Sua essência habita os corações dos que o amam e as mentes dos que não o suportam, porque na verdade, o ódio destes não existe por si só. Seu ódio vem do temor... As pessoas frias, calculistas, corrompidas por dinheiro e poder vivem em um mundo de aparências. Demonstrar sentimentos verdadeiros, principalmente de bondade e amor, constitui o maior dos desafios para elas. E Michael, com sua mensagem de paz, desafiou todos a tentarem ser melhores, mais humanos, bondosos e tolerantes. Seus atos até hoje chocam as pessoas e as fazem desacreditar de suas verdadeiras intenções, tamanha era sua generosidade e entrega para com seus semelhantes. É estranho para quem não o conhece profundamente pensar que ele era um homem bom. A desconfiança, mesmo diante dos fatos, os faz titubear, talvez por inconscientemente acharem que ele sempre pareceu bom demais pra ser real.
Refletindo sobre tudo isso, chego a uma conclusão: as pessoas más são ameaçadoras, mas as pessoas boas são muito mais (no bom sentido, é claro). Pessoas como o Michael ameaçam o que já existe há tempos em nosso mundo: o comodismo, o preconceito, a indiferença e falta de empatia pelo outro. Eles revelam o quanto podemos ser mais do que realmente demonstramos. Michael escancarou a todos que a mudança só depende de nós e chamou atenção para esta responsabilidade. Quem é humilde o bastante como ele foi pra enxergar isso, é capaz de amá-lo, compreendê-lo e seguir seus passos. Os que permanecem acomodados e não se atentam ao chamado para a mudança acabam por ignorá-lo e, em casos mais graves, passam a odiá-lo e tentam fazê-lo calar, pois são estes que, por inúmeros motivos, não se moveriam nem um centímetro de onde estão para lutar por um mundo melhor.
No entanto, uma coisa é certa. Essa tentativa de silenciar a voz da justiça é inútil. No fundo, sabemos que a tempestade é passageira. A flor exala seu perfume cada vez mais forte, qualquer um pode sentir. E aqueles que cometem atrocidades se deparam a todo instante com a chance de voltar atrás. Rezo todas as noites para que se arrependam a tempo suficiente do derradeiro momento em que suas vozes se calarão para sempre, pois a despeito de seus esforços, Michael Jackson continuará vivo e seu nome será lembrado através das gerações.
O que prevalecerá, enfim, não será o modo como o julgaram as más línguas, mas sim a forma honesta como ele viveu, defendendo e incorporando ao máximo seus ideais de transformação e responsabilidade social. Michael fez o convite para essa experiência mágica a todos, pois sua voz alcançou inclusive os que não estavam atentos para escutar. Sendo assim, nos resta apenas lamentar por aqueles que se distanciam infinitamente da essência de Michael Jackson ao escolherem valorizar mais as coisas banais e mundanas do que a verdade de um coração.''
*Maria Tereza é a autora do texto e leitora do blog ''Cartas para Michael''.
Obrigada por compartilhar suas reflexões conosco, Maria! ;)