Jackson Five no Brasil (02)


Entrevista publicada na revista HIT POP em 1974

''O lugar dos Beatles agora é nosso.''

Eles mostraram uma tremenda garra, cantando e dançando sem parar com uma vitalidade impressionante. Michael soltou a voz e provou que é mesmo um vocalista da pesada.

Os irmãos Jackson deram shows super quentes em São Paulo, Rio e Brasilia. No palco, eles são uma possante máquina de som. Fora, são garotos simples, tranquilos e bem-humorados.

O Jackson Five esteve no Brasil com força total. Michael [15 anos], Tito [20], Jackie [22], Jermaine [19], Marlon [18] e o caçula Randy [11] provocaram a maior zoeira nos palcos brasileiros.

Eles vieram com uma comitiva de vinte pessoas e trouxeram mais de seis toneladas de aparelhagem Seus shows em São Paulo[dois], no Rio [dois], em Brasilia [um] foram um barato, pois além de cantarem sucessos do grupo, eles mostraram um incrível entrosamento [adquirido em cinco anos de carreira]. dançando e se movimentando com agilidade e perfeição impressionantes.

A imagem que ficou é que o Jackson Five é uma bem regulada máquina de som e entretenimento, no melhor estilo dos espetáculos musicais americanos.

E como o índice de profissionalismo do grupo é bem grande, fora do palco os meninos são submetidos a rígidas regras de comportamento. Sempre acompanhados de seu pai e empresário, Joe e de Miss Rose Fine, uma senhora que cuida deles durante as viagens [além de musculosos guarda-costas], os irmãos Jackson , na medida do possível, mostraram a maior boa vontade e simpatia.

Não se grilaram com a gravação de um video-tape para a TV Tupi de São Paulo, que foi até de madrugada, por causa de problemas técnicos, nem com a correria dos fãs que queriam autógrafos, e muito menos com a desorganização geral que marcou suas apresentações no Brasil.

HIT POP bateu um papo com os meninos, quase às escondidas, procurando fugir das severa vigilância de Joe Jackson, que proibia seus filhos de falarem à vontade e dizerem o que pensavam. Vamos ao papo com J5.

Pop: Como é que vocês conseguem enfrentar a tremenda barra do show business com esse bom humor?

Jackie: Olha, o que nos salvou até agora é sermos muito unidos. Trabalhamos em família, o que evita muitos problemas e, além disso, temos muita consciência profissional e encaramos nosso trabalho com seriedade.

Pop: E os lances que todos os garotos curtem, como brincar, namorar, transar por aí com amigos? Sobra algum tempo para fazer isso?

Michael: Nós não somos um jardim de infância. Somos um conjunto de rock. Mas, mesmo assim, somos iguais a todo mundo. Nossa casa em Los Angeles vive cheia de amigos e o Randy adora tomar banho de piscina com o pessoal da vizinhança. Eu e o Jermaine gostamos de jogar basquetebol e de ficar transando som no estúdio. Em casa, cada um faz o que gosta, e a gente curte muito ficar lá inventando coisas.


Pop: Ena escola, como é que é a barra? Vocês são comportados?

Marlon: Somos iguais a todos os garotos da nossa idade. Estudamos, tiramos boas notas [quase sempre], jogamos aviãozinho na sala de aula e curtimos as broncas das professoras.

Pop: Mas a escola não atrapalha um pouco a carreira do grupo?

Jermaine: Atrapalha, mas é um mal necessário, do qual a gente até gosta. A vontade de todos nós era cursar uma faculdade, mas vai ser dificil conciliar os compromissos do grupo com os estudos. Mas a gente vai fazer o possível para conseguir isso.

Pop: Mas como é que vocês vão à escola se estão viajando quase todo o tempo? E as faltas? Não tem grilo?

Randy: Nós resolvemos o problema, temos uma professora que sempre viaja com a gente e dá todas as aulas que a gente perde durante a viagem.

Pop: Vocês, que já cantaram nas grandes capitais do mundo, como é que sentiram a transa no Brasil?

Tito: Olha, a gente já viajou muito, cantou para públicos bem diferentes e viveu mil experiências. Aqui tudo correu muito bem. A gente estava com vontade de cantar no Brasil e procurou mostrar o melhor do Jackson Five. O público brasileiro é quente demais, dançou e cantou com a gente o tempo todo. A turma conhece todas as nossas músicas! Não sabíamos que éramos tão curtidos assim. Foi uma loucura!

Pop: Vocês se divertiram por aqui? O que vocês fizeram?

Jackie: Não deu tempo para fazer quase nada, mas só o mar e as praias do Rio já valeram a pena. São Paulo também nos surpreendeu: parece Nova York, principalmente quando a gente passeava de carro, à noite, pelo centro da cidade, e via todos aqueles luminosos e todas aquelas pessoas na rua... Quando sobrou um tempinho, a gente visitou o Instituto Butantã e fez algumas compras.

Pop: Por que vocês recusaram os cinco carrões que a KEP Produções colocou à disposição de vocês?

Michael: É que o ônibus é muito mais legal, pois leva todo mundo, e a gente fica mais à vontade. Dá para fazer um som e até ensaiar, o que é muito importante, pois nessas viagens não se pode perder tempo.

Pop: Tem gente que acha as músicas de vocês ''quadradas'', açucaradas e sem conteúdo. Como vocês definem o som do Jackson Five?

Marlon: Quem viu os shows que a gente deu aqui está sabendo das coisas. Se o nosso som fosse quadrado, a moçada não ia dançar o tempo todo e dançar daquele jeito. A gente levantou a poeira do chão e provou que o Jackson Five não é careta. Nosso rock é da pesada!


Pop: Quais são os planos do grupo para o futuro?

Jermaine: Nós queremos ficar cada vez mais unidos, aperfeiçoar o nosso trabalho e talvez aumentar o conjunto. Tudo isso para manter o nosso público que nos colocou no lugar dos Beatles. O lugar deles agora é nosso. A prova está na incrível quantidade de discos que estamos vendendo.

Um autêntico ingresso do show

Mais imagens, video e depoimento sobre esta visita ao Brasil se encontram aqui

*A transcrição da matéria foi feita por este blog.