The King of Style: Dressing Michael Jackson (11)


''Michael levava a sua individualidade muito a sério. "Pegue sua câmera. Você está indo para Londres por mim", disse ele por telefone em um dia de 1990. Michael estava no auge do sucesso após o lançamento de seu álbum Bad. Incapaz de sair em público por um longo tempo sem atrair uma multidão,

Michael queria que nós fôssemos seus olhos e ouvidos sobre o que estava sendo feito e anunciado na mídia. Ele acreditava que se um estilo estivesse em uma revista é porque tinha saído de moda. "Vocês têm que encontrar o seguinte..."

Em sua mente, a Europa estava à frente dos EUA em termos de arte, cultura e moda, por isso ele escolheu Londres como ponto de partida para a nossa visita de reconhecimento.

Enquanto Michael ficou em Los Angeles, Dennis e eu passamos uma semana andando pelas ruas de Londres, conversando com as pessoas em bares cheirando a álcool, clubes, punk-rock e restaurantes cheios de fumo.

Frequentávamos menos os lugares mais conservadores para evitar os turistas e as cadeias de restaurantes, onde as pessoas se vestiam de forma genérica, rumo aos happy hours para tomar dois litros de cerveja. O que estávamos procurando estava no metrô de Londres, subversivo, onde a auto-expressão se impõe causando impacto.

"O que está na moda?" perguntávamos para mulheres e homens de todas as idades, aparência e condição. "Estamos esperando para ver o que vem de Hollywood", foi a resposta mais comum.

A partir de Los Angeles, Michael ligou para o nosso quarto de hotel, ansioso por algum tesouro: "O que vocês encontraram?''

"Melhor seria se tivéssemos ido para uma caminhada no nosso próprio quintal", eu expliquei, derrotado.

"Ah, bem, divirtam-se, de qualquer maneira, e aproveitem o resto da viagem. Quando vocês voltarem, vamos fazer uma visita na Melrose.''

Essa não foi a única vez que Michael se equivocou, mas pelo menos, era um ''bom perdedor''.

Isso me lembra a primeira jaqueta que Michael queria que fizéssemos em 1988, quando ele pediu por placas de metal para serem colocadas ao longo da jaqueta, presas umas às outras em várias direções e, é claro, seriam emblemas de policia.

"Isso não vai funcionar", disse Dennis.

"Por que não?" - Michael não acreditava em "não pode" ou "não".

"Porque todas as partes do corpo são curvas", disse Dennis. "Não existem linhas retas. O corpo humano é feito de curvas e se você colocar uma peça rígida de metal, sem forma, vai sobressair. As placas rígidas não se curvam com o corpo. "

Era uma razão lógica, mas Michael não pensava assim. Dennis fez a jaqueta, de qualquer maneira, e a levou para o estúdio para que fosse provada. Ele se olhou no espelho, enquanto nós dois estávamos atrás dele.

"Tinham razão'', foi tudo o que Michael disse enquanto tirava a jaqueta e nos devolvia.

Depois disso, o nosso relacionamento com Michael nunca foi forçado. Apenas nos ligava e dizia, "Eu quero uma jaqueta''. E nós a fazíamos. Nós ganhamos a sua confiança e provamos a nossa credibilidade.

Michael sabia o que eu queria, mas não sabia como fazer. Essa era a nossa coisa. Algumas pessoas gostavam do resultado e outras, odiavam. Eu acho que Michael estava mais interessado nas pessoas que odiavam o que ele estava usando. Se fixavam. Prestavam atenção.

A partir de 1990, Michael nos manteve tão ocupados que perdemos os demais clientes. Muitos de nossos amigos e colegas nos disseram que deveríamos fazer com que Michael assinasse um contrato para que nos tornássemos seus estilistas exclusivos, mas isso forçaria o relacionamento e se tivéssemos que fazer algo forçado, toda a nossa simbiose artística teria ido para fora pela janela.''

Por Michael Bush
*Estilista de Michael Jackson, em seu livro The King of Style: Dressing Michael Jackson

Fonte: MJHideout